sexta-feira, agosto 31

Criando ambientes espontâneos para os animais se criarem - Não os crie, monte espaços para que eles se criem

Antônio Roberto Mendes Pereira 

A natureza tem sua forma particular de atender todas as necessidades dos componentes vivos que a compõe. Ela não os cria, eles se criam por si só. A natureza apenas lhes permite e oferece as condições para que eles encontrem e tenham suas necessidades atendidas da melhor forma possível, não tendo que perambular muito, economizando energia a do elemento vivo e do espaço onde se encontra. 


Mas, infelizmente o ser humano prefere criar espaços onde a maioria das necessidades dos animais é atendida de forma artificial e por ele, onde os animais não procuram, não caçam, não perambulam para ter suas necessidades atendidas. Os animais são PRESOS, mas muda-se o nome para CONFINADO para não usar uma palavra tão agressiva, mas a intenção real é prender, restringir o espaço, para caber mais e ter total controle sobre a prisão e dos presos (confinados). Nestes espaços os animais recebem doses diárias de ração ou recebe algumas horas de liberdade presa nas pastagens cultivadas. Os animais deixam de se alimentar escolhendo o quer comer para comer uma ração preparada, chamada balanceada e que em muitos casos pode até suprir as necessidades de nutrientes dos animais, mas não sacia a vontade de se deliciar, fazendo as misturas que lhes dá mais sabor. 

O poder escolher o que se quer comer faz uma grande diferença na vida de todo ser vivo, durante a escolha também escolhe-se o sabor que se quer e deseja e não o que os outros querem. O livre arbítrio de poder escolher é uma questão fundamental não para o arraçoamento, mas para o se ALIMENTAR. 

Este texto pretende trazer idéias para a montagem de espaços onde os animais possam se criar, com o mínimo de interferência humana, tendo conforto e tranquilidade. Preparar um ambiente onde os animais ou qualquer ser vivo possam ter todas estas necessidades atendidas de forma espontânea, livre, é a forma Permacultural que se quer ensinar. E entender como a natureza faz esta proeza é uma condição essencial e primária para quem pretende ter animais para o consumo em uma propriedade que utiliza princípios agroecológicos. 

Ração é o resultado técnico da ação humana na tentativa de alimentar os animais. Precisamos entender que para a fabricação desta ração de forma adequada são exigidos viagens de muitos insumos que vão compor uma ração, encarecendo o produto final, além de criar uma dependência de todos os insumos. 

PROPOSTAS PARA A MONTAGEM DE AMBIENTES PARA CRIAÇÃO ESPONTÂNEA DOS ANIMAIS 

1. Liberdade assistida dos animais - A primeira idéia que precisa ser internalizada é a de que todos os animais adoram e precisa PERAMBULAR, isto é andar livremente a procura de sua alimentação e conforto. Este é um fator primordial na montagem de qualquer espaço para qualquer espécie animal. O poder escolher entre comer isto ou aquilo é a situação otimizada que se busca na montagem de uma ambiente para a criação espontânea dos animais. 

2. Analisando a capacidade de suporte do ambiente - Outra informação necessária para ajudar no planejamento desta área é descobrir a capacidade de suporte do espaço natural onde se quer montar este ambiente. No cálculo da capacidade de suporte, cada espécie terá um indicativo matemático, isto é cada espécie tem exigências alimentares diferentes em quantidade e qualidade. Este indicativo já existe para os pastos cultivados é conhecido como UA (unidade animal), precisamos ter mais ou menos indicativos dos pastos nativos. Olhando e observando atentamente a área que se tem e a espécie que se quer ter e faz-se a seguinte pergunta: Quantos animais desta espécie este ambiente é capaz de suportar sem perder a diversidade e a qualidade? Ou de outra forma soltam-se um número reduzido de animal nesta área e vai se observando o comportamento, a aparência corporal destes animais, se estão perdendo qualidade na massa corporal e na produção, aumentando ou se mantendo, com esta pesquisa in locu, consegue-se ter um indicativo numérico da capacidade de suporte desta área para aquela espécie que foi testada. Para que esta área possa ser utilizada é necessário que ela esteja devidamente cercada, ter limites para a perambulança animal. 

3. A escolha dos animais para o ambiente - Na escolha dos animais que vão fazer parte desta criação espontânea, é bom identificar animais adequados e adaptados a região, ao clima, a vegetação natural que se tem. Um erro nesta escolha pode acarretar frustrações pessoais nos poucos resultados produtivos da espécie escolhida, para o ambiente. As espécies naturais surgem moldadas pelo ambiente que existe disponível. Espécies grandes surgem e se adéquam em espaços ambientais que estão maduros, isto é tem uma boa flora encorpada e diversificada, já os animais menores são os primeiros a se adequarem aos ambientes ainda em formação. Logo, a inclusão das espécies e a quantidade destes representantes no espaço vão depender do nível de maturação que se encontra o ambiente que esta sendo escolhido e montado. Que animal vai entrar primeiro no sistema deve fazer parte do planejamento, mas sempre a decisão deve ser respondida primeiro pelo nível de maturação do ambiente, isto é pela natureza. 

4. O comportamento social das espécies - Outro detalhe bastante relevante na escolha da espécie para o ambiente que se tem e ou que se está montando é em relação ao comportamento social da espécie escolhida. Deve-se observar e levar em conta se este animal prefere conviver em família, coletivamente, ou prefere viver isolado. Este detalhe também precisa ser considerado, pois deste comportamento depende também o número de abrigos e instalações. 

5. A alimentação livre e de escolha espontânea – Tem um ditado popular que diz a seguinte frase “nem só de pão vive o homem” e eu complemento dizendo da mesma forma nem só de capim vive o gado, nem só de milho vive a galinha, nem só de cenoura vive o coelho e nem só de lavagem vive o porco, logo precisamos entender que quanto mais a alimentação for variada, diversificada, mas capacidade os animais terão para compor um cardápio equilibrado atendendo as suas necessidades preferenciais de paladar e nutricionais. Este ambiente deve ser pensado para atender esta necessidade alimentar dos animais que irão fazer parte do sistema que esta sendo montado. 

6. A inclusão de culturas cultivadas – Algumas espécies de pastos cultivadas podem e devem fazer parte do sistema, na expectativa de aumentar a capacidade de suporte do ambiente. Pode-se montar reboleiras (pequenos espaços) aleatória deste tipo de pastagem dentro do sistema, facilitando o manejo dos animais. As espécies a serem escolhidas também precisam ser bem pensadas, pois a pastagem vai se aberta, isto é, os animais é que vão se servirem deste alimento de forma espontânea. A inclusão de algumas leguminosas é uma boa estratégia para melhorar a qualidade da alimentação dos animais no sistema. Na escolha destas leguminosas deve-se levar em consideração a resistência desta aos períodos de estiagem com baixo nível hídrico no solo, além de poderem rebrotar com facilidade (leucena, guandu, etc.). 

7. Manejo de verão e inverno – Se faz necessário ter manejos diferenciados nas estações do ano, pois a natureza muda completamente a capacidade de suporte do ambiente, e precisamos acompanhar estas mudanças. O número de animais precisa ser repensado. Vão existir momentos que o ambiente permite o aumento dos animais no sistema, como também vai ter momentos que se precisam diminuir os animais ou através de venda ou consumo. A insistência em querer manter a mesma quantidade de animais nos momentos em que a natureza está nos dizendo diminua é prejuízo na certa. Tente adequar o manejo as estações do ano. 

8. Manejo de rebrote de algumas espécies – No sistema com certeza vão existir plantas que permite corte e nos concede um rebrote. Logo, algumas destas plantas poderiam vez por outra a depender da estação do ano, podem ser cortadas a uma determinada altura também dependendo da espécie em questão, para que aconteça seu rebrotamento, oferecendo biomassa nova e vigorosa e principalmente numa altura que permita seu pastejo pelos animais do sistema. Neste manejo o tamanho, a longevidade da espécie, e a rapidez na rebrota devem ser consideradas no planejamento. 

9. As aguadas no sistema – A água não pode faltar neste ambiente, o oferecimento deveria também ser aberto, farto e de consumo espontâneo. A montagem de aguadas em vários locais no ambiente é a estratégia que se quer alcançar. Na escolha dos locais evite que os animais para encontrar água tenham que andar grandes distâncias. Em todo caso, se não houver formas de se montar aguadas naturais, deve-se montar bebedouros em locais estratégicos de fácil abastecimento e limpeza e como dito anteriormente em locais bastante estratégicos. 

10. Zonas de conforto térmico e de segurança – Os animais criados de formas espontâneas, tendo acesso a áreas abertas têm uma facilidade incrível de identificar zonas de conforto térmico e de segurança, onde temperatura, vento, umidade e sombra estão resolvidas em uma equação equilibrada, onde todos estes fatores estão de uma forma distribuída que agradam aos animais, além de lhes proporcionar segurança durante seu cochilo/descanso. Estes animais passam várias horas em descanso, descontraídos, cochilando. Estes ambientes são locais de recompor as energias gastas a procura de alimentos. São espaços estes que precisam ser imitados, copiados, multiplicados em mais locais. 

11. Proteção de intempéries – Os animais ao perceberem mudanças de clima para ventanias, tempestades ou até temporais, buscam sempre espaços que possam servir de abrigo, logo nestes ambientes que estão sendo montados é bom pensar em ter áreas que atendam esta demanda repentina e inesperada. Estes espaços vão Além da instalação da habitação ou abrigo. Locas, buracos, grandes árvores, grutas, cavernas podem ser locais que podem resolver esta necessidade nos ambientes projetados. 

12. Áreas de ajuntamento coletivo – Este ambiente projetado também vai exigir locais onde se pode juntar a(s) espécies que estão se criando, para determinados manejos coletivos, como por exemplo, vacinações obrigatórias, contagem e recontagem do plantel, tratamento coletivos, ou qualquer outra operação de manejo que se faça necessário. Um bom local para a implantação destas áreas é na proximidade de comedouros ou aguadas onde os animais se juntam espontaneamente. 

13. Conhecimento da reprodução - Estou usando o nome conhecimento e não controle da reprodução, pois a intenção aqui é montar espaços espontâneos onde também os animais possam escolher com quem quer reproduzir. O número de machos reprodutores é colocado no ambiente, levando em consideração a quantidade de fêmeas e o comportamento natural da espécie, numero este que permite a formação de famílias. Depois que se percebe que as famílias foram montadas, vai se conhecer quem será o pai das crias que irão nascer desta família. Os reprodutores ao serem escolhidos devem conter apresentar as características que se quer para a atividade comercial ou de consumo familiar, levando em consideração a aptidão da espécie. 

14. Rotacionando a área espontânea – Os animais de forma indireta sempre buscam nunca visitar o mesmo espaço todo dia. Sempre estão se deslocando para outras áreas, deixando a anterior se recuperar. É claro que esta área não vai ficar abandonada ela continua sendo visitada, porém por outras espécies, pois na natureza a lógica utilizada é a seguinte, o desperdício ou resto de um, deve servir de insumo para outra espécie. 

15. Ter animais rústicos e adequados ao invés de raças especializadas – Na adequação do animal a área tem-se que levar em consideração este fator. Sempre que se dá preferência por animais de alto padrão produtivo em áreas de que não estão adequadas para este padrão animal, a produção se torna ineficiente. Já os animais do local, adequados e rústicos têm demonstrado nas condições ambientais naturais que seus resultados quando comparados são muito mais eficientes e eficazes. À melhora na higiene, no manejo e na alimentação do rebanho antes de propor a aquisição de animais de alto potencial genético e à construção de instalações sofisticadas deve ser a lógica utilizada 

16. Evitar preparar rações autoproduzidas – A lógica que se propõe e se pretende é alcançar o balanceamento da alimentação dos animais realizada por eles mesmos. Nada de ração autoproduzidas, fazer com que os animais possam e tenham condições de preparar a partir do que se tem de forma natural, complementada com as idéias humanas agroecologicas. Balancear com o que se tem a partir do se pode, na quantidade ideal para os animais que se possui. 

17. Ser mais generalista que especialista – Todas as vezes que se busca a especialização se perde a noção de conjunto, do todo, do holísmo do que se quer fazer. Devemos saber que não se consegue fazer ciência boa com apenas dados apenas coletados, se faz praticando, testando, fazendo, errando. Logo a generalização deve ser a pretensão de quem quer entender e praticar a Permacultura no dia a dia. A propósito, solicita-se não confundir generalista com superficialista ou "todólogo"; porque, agora muito mais que antes, a agricultura de base ecológica requer profissionais do mais alto nível que tenham a flexibilidade e o engenho que lhes permita desempenhar-se dentro da incerteza, da adversidade, da escassez que se encontra o meio ambiente de muitas propriedades rurais. 

Como vemos a permacultura pode nos subsidiar com boas estratégias para que os animais possam fazer parte dos agroecossistemas sem provocar grandes gastos com energias, tempo, entre outros recursos. Quanto mais imitamos ou copiamos as estratégias que a natureza utiliza temos melhores resultados de forma sustentável, ou melhor, permanente. 

29 de agosto de 2012

sexta-feira, agosto 17

Agricultor Supremo - O saber utilizar as forças da natureza de forma permanente

Antônio Roberto Mendes Pereira 

Para ser considerado um agricultor supremo, é necessário entender muito de natureza. É necessário ter sensibilidade no observar, tem que saber apreciar, contemplar, deve olhar com os olhos de ver, buscar no detalhe o detalhe que faz a diferença. 

A intuição faz parte da formação deste tipo de agricultor. Ele percebe coisas que normalmente muitos não conseguem ver e sentir, ele procura entender como a natureza organiza seus espaços, transformando e colocando tudo e todos em locais apropriados, formando um sistema, onde tudo depende de tudo, onde o bom resultado de um componente do sistema gera de forma espontânea a produção de todos os demais que compõe este mesmo sistema. Ele tem que entender até onde os limites do que ele pretende fazer são permissíveis pela condição de solo, água, vento e radiação solar através da luz. 


Este texto pretende abordar qual seria o perfil de um agricultor que teria estas características para ser considerado um “AGRICULTOR SUPREMO”. Esta tentativa de elucidar tem a pretensão de ajudar na formação de outros agricultores, aumentando o número de quadros de pessoas que possam ter estas características. 

Na busca de se encontrar as características que possam fazer parte do perfil e postura desse agricultor se faz necessário elencar quais seriam estas características que fazem a diferença entre um agricultor comum e um considerado de excelência. Em quase todos os sistemas de produção encontra-se boas práticas que podem ser consideradas ambientalmente corretas, mas também encontramos práticas que deixam a desejar. Práticas que não devem e nem podem ser copiadas em outros agroecossistemas. 

Um maior número de boas práticas e posturas diante dos problemas produtivos que se apresentam no dia a dia é que fazem deste agricultor um ser diferente, sensível aos fenômenos da natureza. A busca pela sobrevivência muitas vezes colocam estes agricultores diante de desencontro com a mãe natureza, mas a resistência e a criatividade fazem destes agricultores pessoas que não aceitam desobedecer as normas e os padrões da mãe, logo é este perfil e comportamentos que estou tentando elucidar e que fazem desta pessoa um ser diferenciado, supremo que sabe enfrentar os problemas produtivos causando menos impactos ambientais reprováveis. 

POSTURAS SUPREMAS DIANTE DA NATUREZA 

1. Um ser sensível a vida e a diversidade desta vida – Ver função em cada ser vivo que se locomove é ter um olhar que enxerga profundo. Entende que tudo faz bem ao ambiente, e que é necessária esta existência de forma integral e completa, e que tudo isto é fascinante. Percebe e entende que uma praga é um inseto que está fora de lugar, e busca encontrar onde errou para que este ser esteja fora do seu local. É sensível e muito observador. Sabe que quanto menos vida junta se tem é mais difícil sobreviver. Entende a grandeza das normas da natureza que sempre quer colocar mais vida por menor que seja o espaço que se tem. 

2. Ver uma nova vida em algo considerado morto – O solo e sua fertilidade é o segredo para se ter uma produção frequente. Colocar vida nos minerais que compõe o solo é uma tarefa que se aprende com a natureza. Saber que o mineral só se locomove se existir vida para assimilá-lo, e transportá-lo pelos condutos e vasos de uma planta através da seiva, é entender que tudo faz parte e compõe a vida. Saber cuidar deste ser vivo que alguns os chamam de GAIA, Pacha mama, mãe terra é uma responsabilidade muito grande. É ser um agricultor na essência da palavra “pessoa que faz culto a terra”. 


3. Sabe que tudo que morre gera uma nova vida – É ver vida após a morte. Este é o mistério da vida acontecendo também na agricultura. É saber que posso iniciar um novo ciclo após a morte com os elementos do anterior. É reconhecer também que quanto mais vida se produz e sustenta, mais potencialidade se tem para gerar um novo, e consequentemente mais probabilidade de poder dar continuidade a vida do sistema, percebendo tudo isto como um verdadeiro presente divino. Não vê resto de cultura ou mato capinado, nem bicho morto, mas sim matéria para compor um outro ser vivo, quem sabe diferente, de outra espécie, com outro formato e tamanho, simplesmente entende que posso contribuir para gerar mais vida. É evitar matar, mas saber que a morte é necessária e faz parte do processo de produzir o novo para ter continuidade. 


4. Venera a máquina folha – É uma forma de vida fantástica com uma capacidade de transformar luz em biomassa. Ela durante esta alquimia consegue nos presentear com o oxigênio recebendo como moeda de troca o gás carbono. Pode também em alguns casos servir de alimento para muitos outros seres. É uma máquina que nenhum engenheiro ou cientista vai ter a competência de criar tal versatilidade, sutileza e simplicidade que tem o formato de uma folha. É a mais completa indústria de produção de matéria viva para alimentar outras vidas. 


5. Ver a água como o sangue da terra – Sabe que sem este líquido nada vive, tudo que tem vida necessita de água. Então este agricultor incorpora uma responsabilidade de aumentar a capacidade de captar e armazená-la em todos os espaços que se possa imaginar. Guarda água no solo, no tambor, na cisterna, nas plantas, no barreiro. Ajuda o ciclo da água e não deixa que ele se parta. Não permite que ela seja alterada nem no percurso, nem na quantidade e muito menos na qualidade. Sabe utilizar com parcimônia, com critério e sabe que a parte que ele pode utilizar é aquela que ele consegue captar da chuva. É saber lidar e cultivar água. 


6. Sabe projetar comunidades de plantas e animais – Ser, ter e fazer parte de uma comunidade é ter tudo em comum, pelo menos na essência da palavra. Uma das grandes tarefas do agricultor supremo é saber projetar verdadeiras comunidades de plantas e animais e insetos de forma onde tudo faça parte do todo. Onde todos se ajudam, e onde o resultado bom de um é o sucesso de vida dos demais. É saber que quando semeio, devo cultivar parte para mim, parte para os insetos e animais e uma outra parte para o solo, isto é ser sábio e um grande aprendiz de natureza. 


7. Sabe arrumar os elementos da natureza no agroecossistema – A natureza sabe ordenar, arrumar, organizar todas as formas de vida das espécies de uma maneira onde todos ficam bem localizados. O local onde cada um foi permitido se desenvolver, é um local privilegiado, pois este elemento irá encontrar tudo que precisa sem ter que se deslocar muito longe para suprir suas reais necessidades. Um agricultor supremo consegue ter esta sensibilidade, ele consegue arrumar não tão bem como a natureza, mas com certeza diferente de muitos outros produtores e não agricultores. 


8. Não exigi e nem tira mais do que o agroecossistema pode lhe oferecer – O conhecer limite é uma das características de um agricultor supremo. Todos os recursos naturais têm seus limites, que precisam ser reconhecidos e respeitados. Qualquer uso de insumo externo é um dos sinais que se ultrapassou ou quer se ultrapassar os limites do sistema. 

9. Entende as ervas como as guardiãs do solo – Não vê as ervas como plantas daninhas e sim como indicadoras do que está acontecendo com aquele agroecossistema. Sabe ler os acontecimentos e ocorrências e os períodos de presença destas plantas. E por saber e ter toda esta informação sabe manejar e tirar as devidas vantagens da presença das mesmas, inclusive nas áreas cultivadas. Elas são grandes colonizadoras e protetoras do solo, além de servirem de cobertura viva e adubação verde. Apreciar estas ervas pela sua função no sistema e não removê-las até que se tenha algo melhor para substituí-las é a postura de agricultor supremo. 

10. Tem uma intenção permanente de transformar sua propriedade em um verdadeiro banco genético – Ter um cardápio variado de plantas mesmo que não sejam comestíveis. Este jeito é encarado como um privilégio para um agricultor supremo, pois ele vê isto como um grande sucesso do manejo que ele vem dando ao agroecossistema. As plantas são uma grande fonte de tratamento para todos os problemas que possam ocorrer com os solos e com todos os seres vivos. Nos problemas de saúde nos seres humanos e nos animais, muitas plantas são utilizadas no tratamento e na cura. Problemas de solo, como solo compactado, infértil, com pragas, com carências podem ser tratados com o uso de plantas. Como podemos perceber as plantas é a solução para muitos problemas inclusive quando você está intoxicado, com dor de barriga, ressacado um bom chá de boldo é uma cura imediata. Cada biorregião tem suas plantas nativas, adaptadas aos fenômenos daquela região, logo precisamos preservar toda esta riqueza em todos os espaços da ação humana, e estes agricultores supremos tem expertises neste manejo. 


11. Todo agricultor supremo sabe transformar o seu jardim, seu pomar e roçado num verdadeiro zoológico de insetos, diferente da maioria dos produtores que ao ver um inseto já o vê como algo que precisa ser caçado, aniquilado, envenenado, enfim MORTO. O agricultor supremo estimula a presença de muitos insetos, adora ver e ouvir o zumbido, o barulho da presença dos insetos os mais variados. Isto lhe assegura que o trabalho que os insetos estão realizando provoca o equilíbrio natural, não permitindo o excesso de um em detrimento dos outros. Logo, os insetos não irão se tornar PRAGAS vai continuar sendo insetos que ajudam em todo o processo de proteção e produção. Logo, flores sendo visitadas por insetos variados é um bom sinal, entenda isto, como todos os agricultores supremos entendem e estimulam. 


12. Um agricultor supremo sabe SEDUZIR os animais criados e os selvagens a trabalhar para ele e para todo o sistema – Isto é ser inteligente e conhecedor de natureza. Todos os seres vivos exercem funções nos sistemas, eles facilitam, promovem, ajudam, executam tarefas onde todo o sistema se beneficia. Todo sistema leva vantagens com a presença equilibrada destes seres. Saber manejar estimulando a presença é o que se deve fazer. Observar o que cada ser exerce ou faz, deve ser uma postura para o entendimento do agroecossistema que se está querendo instalar. Não mate antes de entender o que este ser quer lhe dizer ou alertar, ou porque ele esta presente. Devemos saber que uma praga é um inseto fora de lugar, logo precisamos saber onde ela deveria estar para executar uma função que não só ajude ao sistema, mas a você também. Enquanto você não descobrir e entender a função de cada ser naquele ambiente e porque ele surgiu naquela condição, não deveria matar o mesmo. 


13. Sabe evitar desperdício em tudo – Este agricultor aprendeu esta lição com a natureza, onde ela sabe economizar e otimizar todos os recursos naturais. Ela sabe utilizar com eficiência e eficácia todos os recursos vivos e os que já cumpriram suas funções enquanto vivo. Desperdício tem que ser encarado como gasto sem utilidade, sem serventia para todo o sistema. Todo recurso da natureza deve cumprir função não só para a sua existência, mas para todo o sistema no qual ele faz parte. Diminuir o gasto de energia é uma forma de evitar desperdício, pois tudo para ser produzido, para ser manejado, para ser colhido e para ser processado exige energia, logo para saber tornar o uso desta energia eficiente e eficaz precisa-se aprender com a mestra NATUREZA. 

14. A implantação de uma floresta de alimentos é a intenção – A natureza o tempo todo tenta aumentar a diversidade em todos os espaços, por menor que seja este espaço. E transformar estes espaços em verdadeiras florestas é o clímax do sistema. O agricultor supremo tenta transformar todos os espaços da ação humana em floresta de alimentos, não só para sua espécie, mas para todas as espécies que fazem parte deste agroecossistema, é claro que com um percentual a mais para sua família. 


15. Sabe se alimentar bem – Evita processamento e super processamento dos alimentos, dá preferência a comer o mais in natura possível. O tempo todo tenta trabalhar com processos de baixo uso de energia. O in natura é a forma mais correta de se alimentar, o processamento deve ser descascar, cortar e comer. Todas as vezes que para comer precisamos, além do processo anterior ainda somar o temperar, o ferver, o cozinhar, muitas substâncias biológicas naturais se perdem, se volatilizam e com isto se perde muitos princípios ativos preciosos para a saúde de todos que desta comida se alimenta. 

16. Sabe ler o terreno e constrói senso de lugar – Um dos grandes méritos de um agricultor supremo é saber ler seu terreno. Saber ler a paisagem é ser ecoalfabetizado, é ter aprendido com a natureza como fazer para produzir com o mínimo de impacto ambiental. Para tomar consciência do seu redor é preciso mais do que morar, é preciso tocar, cheirar, degustar, olhar no detalhe, é preciso fazer e ter memória muscular, isto é fazer, construir, produzir. E para se conhecer no detalhe conhecendo as especificidades leva-se uma vida inteira, pois a paisagem está sempre mudando. Entender o que pode fazer e o quando tempo se leva, precisa amadurecer o olhar durante o processo de observação. Diante destas observações detalhadas um agricultor supremo é moldado pelo terreno (agroecossistema), torna-se sensível diante do conhecer o detalhe. Estas observações facilitam e ensinam o agricultor supremo a tomar as decisões necessárias com o mínimo de impactos a este ambiente. Um agricultor supremo passa muito tempo observando e buscando entender para não errar na execução de sua intervenção. Logo observar, analisar e deduzir são ações muito utilizadas por um agricultor deste nível. O senso de lugar é construído a partir destes detalhes e da sua incorporação cultural. 

17. Apreciam e estimulam o uso de bens PROCRIATIVOS, GENERATIVOS E DE INFORMAÇÃO – Um agricultor que utiliza os ensinamentos da natureza para inspirar o manejo da sua propriedade sabe da importância de bem conduzir os recursos que existem na sua propriedade. Os bens existentes na propriedade precisam ser utilizados de forma eficiente e eficaz. Utilizam de forma eficiente e eficaz os bens procriativos que são aqueles que se multiplicam com o tempo a partir do seu uso e manipulação, podemos incluir como bens procriativos as árvores frutíferas, e os animais domésticos desde que se permita a sua reprodução. Existem também os bens Generativos que são aqueles que ajudam a processar ou manufaturar materiais brutos em produtos úteis. Alguns exemplos são os moedores, trituradores, liquidificadores entre outros. Já os bens de informação são aqueles que se adquire de forma ética, conseguindo ter liderança e domínio de habilidades para autoconfiança. 

18. É simples e vive de forma simples – Não é viciado em consumo, e nem tem apetite por gastar energia, água e materiais. É econômico em tudo que faz, sempre se pergunta se é mesmo necessário ter isso ou aquilo. Sabe diferenciar um desejo de uma necessidade real e necessária. 


15 de agosto de 2012

sexta-feira, agosto 3

Saúde do solo e sua relação com as doenças no campo - A nossa saúde inicia-se no solo

Antônio Roberto Mendes Pereira 

As doenças estão sendo uma constante cada vez mais percebida em muitos espaços, inclusive no meio rural. O campo que antes era visto como um espaço que levava as pessoas a ter saúde, hoje esta deixando a desejar. No campo antes do uso da parafernália de insumos químicos na agricultura, tinha-se uma alimentação das mais saudáveis, o espaço era livre de poluição, o ar puro, leite fresco ordenhado e bebido na hora, a qualidade da água nem se fala, era como aprendemos na escola, insípida e inodora, todos estes sinais eram entendidos como formas de se ter uma vida saudável. Em alguns casos até os profissionais da saúde recomendavam como prescrição médica, passar uma temporada no campo para o tratamento de vários problemas adquiridos na agitada vida urbana. 


A alimentação simples, natural e diversificada era a base da saúde das pessoas que moravam neste espaço. Comida beneficiada muito pouco, o beneficiamento acontecia simplesmente de formas naturais sem a colocação de insumos químicos artificiais, o fogão, os temperos e a forma de fazer era o segredo. 

O iogurte deste espaço era a coalhada, fermentado em panela de barro, não existia margarina, só se comia manteiga pura, nata de leite, manteiga de garrafa, queijo os mais variados, requeijão era de dar água na boca só de pensar, o doce era doce feito no fogão a lenha, suco era da fruta colhida alguns minutos antes de se beber. Carne era das criações que se tinha no terreiro do sítio. 


Mas, toda esta riqueza gastronômica tinha mais sabor não só pela forma de se preparar, mas de onde foi plantado ou criado, o tipo e a qualidade do solo era a base de toda esta fartura. A qualidade biológica, o sabor, o cheiro, a aparência, tudo isto estava ligado diretamente à qualidade do solo, onde tudo se processava. O manejo que o sistema de produção dava ao solo era o responsável por todas estas qualidades natas do produto. A preservação da fertilidade deste solo era o segredo do valor biológico e do paladar. 

Este texto tenta fazer uma comparação entre a saúde das pessoas e a preservação da qualidade do solo e principalmente da sua fertilidade. 

Muitos dos problemas de saúde estão ligados diretamente a fertilidade do solo e a presença de húmus. A decadência da bioestrutura e da fertilidade do solo com o desaparecimento ou consumo total do húmus, estão aumentando as doenças, tanto nos vegetais como nos animais inclusive nos seres humanos. 


Não só se adoece com os produtos provindos do campo pelo uso dos agrotóxicos que eles receberam, pode-se também adoecer pela infertilidade do solo, alimentando-se com os produtos por ele produzidos. Produtos de baixo valor biológico e nutricionalmente incompletos podem criar problemas carências nas pessoas pelo consumo constante. As carências nutricionais iram ocorrer proveniente da falta dos minerais e nutrientes nos alimentos. 


Muitas civilizações desapareceram pelo mau uso dos seus solos. A infertilidade destes solos levou populações inteiras ao extermínio. A dinâmica da ascensão e queda das civilizações depende, dentre outras condições, de sua capacidade de relacionar-se de forma sustentável com o meio ambiente. 

Crescimento, apogeu e declínio é parte da evolução das civilizações: a egípcia, que se iniciou há mais de 3 mil anos a.C., atingiu seu apogeu no primeiro milênio a.C. e declinou até o início de nossa era: a grega, importante matriz da civilização ocidental, teve seu apogeu no século V a.C. 

Porém algumas civilizações orientais tiveram a capacidade de perdurar desde a antiguidade mais remota, muitos milênios a.C., e de suportar sucessivas ondas de influências e de invasões externas. Nutriram-se e fortaleceram-se com energia e dinâmica. 

Os impactos ambientais causados pelo ser humano quando não avaliados antes de serem executados podem trazer consequências terríveis. Antigas tribos americanas, antes de realizarem uma ação, avaliavam seus efeitos sobre sete gerações: a atual, as de seus filhos, netos e bisnetos, e as de seus pais, avós e bisavós. Depois dessa reflexão consciente sobre suas consequências, decidiam se a ação deveria ser praticada ou não. 

DOENÇAS ASSOCIADAS ÀS CARÊNCIAS MINERAIS DO SOLO 

Os elementos químicos minerais desempenham funções de grande importância no organismo humano, sendo indispensáveis para o desenvolvimento e a saúde dos indivíduos. 

Ainda não existe uma avaliação global do estado nutricional dos indivíduos em relação a esses micronutrientes no Brasil, mas os estudos existentes apontam para a necessidade do acompanhamento das tendências alimentares que poderiam levar às suas deficiências com consequências adversas para a saúde da população e o desenvolvimento do nosso país. 

Em um trabalho cientifico realizado pela Universidade de Viçosa/MG, em conjunto com a organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO); A Organização Mundial de Saúde (OMS); a Fundação Getúlio Vargas (FGV); e dados coletados pelo IBGE, foi demonstrada a gravíssima deficiência mineral encontrada na dieta alimentar brasileira. 

Constatou-se que essa carência atinge até a parcela da população com alto poder aquisitivo, configurando, portanto, que o déficit nutricional independe da realidade sócio-ecônomica e que a dieta do povo brasileiro, como um todo, é insatisfatório, incapaz de repor os nutrientes minerais essenciais aos níveis mínimos necessários para a manutenção de uma vida saudável e produtiva. 

O SOLO BRASILEIRO É POBRE DE MINERAIS 

O prosseguimento dos estudos revelou a origem do problema: contrariando a crença popular, o solo brasileiro, assim como a totalidade dos solos tropicais é pobre de nutrientes essenciais, tais com selênio, zinco, cálcio, ferro e magnésio, indispensáveis à boa formação física e mental. 

A carência mineral do solo afeta diretamente toda a cadeia alimentar, inclusive os produtos de origem animal e seus derivados, que chegam até nós também são carentes. Mesmo quem se alimenta bem, não consegue suprir sequer 30% do mínimo necessário. 

A fragilidade do solo brasileiro afeta a nossa dieta. No caso de alguns minerais vitais, como selênio, por exemplo, quem melhor se alimenta no Brasil, consome no máximo 24,7 mcg/dia, quando o mínimo necessário é de 70mcg/dia. 

PRINCIPAIS DEFICIÊNCIAS 

Selênio – causa degeneração pancreática, mialgias, músculos flácidos, fragilidade das células vermelhas, miopatias cardíacas, inclusive fatais. 

Zinco – mal funcionamento de enzimas vitais, atrasos de crescimento, depressão da função imunológica, dermatites, alterações da capacidade reprodutiva, anomalias esqueléticas, diarreias e alopecia. 

Ferro – anemia e suas conseqüências, como diminuição da atividade intelectual, do desenvolvimento psicomotor, menor resistência a infecções. 

Magnésio – suspeita-se que a longo prazo seja fator etiológico de doenças Crônicas cardiovasculares, renais e neuromusculares. 

CAPACIDADE PRODUTIVA REDUZIDA 

Foram traçados paralelos entre a baixa mineralização das regiões brasileiras e seus índices de produtividade e, não por coincidência, os números mostraram-se totalmente consonantes. Muitas vezes atribui-se a diferença entre os níveis de produtividade das regiões Norte e Sul a questões climáticas, ou mesmo étnicas quando na realidade parte da origem deste problema está na mineralização do solo. 

A Região sul é temperada e, portanto, tem o solo mais mineralizado que o da região Norte – Tropical. Não é por menos que o Sul tem a maior expectativa de vida do Brasil. 

Para citar um único exemplo: a baixíssima quantidade de selênio no solo brasileiro causa inúmeras doenças com sintomas crônicos de fraqueza e indisposição. Portanto, não se deveria falar de um “povo apático”, mas de um povo com debilidade física e incapacidade por doenças, ainda que doenças latentes, que dia após dia afetam a vitalidade e o vigor, até se manifestarem definitivamente. 

FALTOU NA TERRA VAI FALTAR NO ALIMENTO 

Este é o principal alerta para quem tem terra e não vem dando um manejo adequado. Muitas pessoas imaginam que em só esta se alimentando com produtos naturais provindos diretamente da roça, estaria se alimentando com produtos de alta qualidade nutricional, e isto não é uma constante verdadeira, a dependência do valor nutricional esta diretamente ligada a fertilidade dos solos em que estes alimentos são produzidos. Vez por outra nos encontramos com produtos com as seguintes características: 

· Frutas belíssimas, mas sem aroma nenhum; 
· Frutas que eram para ser muito adocicadas e são azedas; 
· Hortaliças com cores apáticas, amarelas onde deveriam ter um verde intenso; 
· Galinhas que não conseguem durante a fase jovem empenar direito, levando muito tempo para completar seu empenamento total; 
· Ovos que são de pele e não de casca; 
· Carnes sem os sabores devidos para a espécie; 
· Frutas secas sem caldos; 

Todas as características podem estar ligadas diretamente as carências minerais do solo. É como se o solo produzisse estes produtos, porém de forma incompleta nutricionalmente, faltando alguma coisa, ou melhor, algum elemento. 


TRATAMENTO QUE NÃO RESOLVE 

Acontece vez por outra que pessoas recebem indicações de utilizar determinadas plantas medicinais para o tratamento ou até cura de determinados problemas de saúde, e não conseguem bons resultados. E terminam dizendo que esta planta não cura nada, pois utilizou durante várias semanas e não percebeu nenhuma melhora. Com certeza este tipo de ocorrência pode está acontecendo sendo resultado muitas vezes, não da planta, mas do solo onde esta planta se desenvolveu. Talvez todos os princípios ativos não puderam ser elaborados pela planta, porque no solo não existia ou estava em baixa quantidade determinados minerais, que quando consorciados com outras substâncias, são os responsáveis pela formação destes princípios ativos que promovem a cura. Como vemos a fertilidade do solo pode ser uma limitante para muitas coisas ligadas a alimentação e consequetemente a saúde das pessoas, das plantas e dos animais. 


INDICADORES DE SOLO SAUDÁVEL 

Existem vários indicadores que podem nos orientar sobre a fertilidade ou não do solo. Alguns destes indicadores podem ser observados sem muita necessidade de conhecimentos profundos sobre pedologia (estudo do solo). Já outros precisam ser analisados em laboratórios para a comprovação ou não da presença de determinados minerais. 


1. Diversidade de plantas e animais no local - É sinal de solo fértil e de saúde desse solo. A diversidade de minerais que promove a fertilidade do solo, é um dos facilitadores para o surgimento da biodiversidade. 

2. Presença de matéria orgânica diversificada e abundante – É um bom indicador de solo vivo, ativo e fértil. Se tivermos grande quantidade de matéria orgânica é porque temos muitas plantas e ou animais, e se esta matéria orgânica for proveniente de plantas e animais diversificados a riqueza é potencialmente rica, propiciando um alto nível de fertilidade. 

3. A cor do solo – também é um grande indicador de solo potencialmente rico, pois a cor escura normalmente é proveniente da decomposição de matéria orgânica. Embora que alguns tipos de solo podem ter também uma cor mais escura devido ao tipo da rocha de origem, mas na sua maioria é a matéria orgânica a grande base para esta cor escura dos solos férteis. 

4. O volume de biomassa por metro quadrado – Esta quantidade de vida clorofiliana é um grande indicador da riqueza e diversidade deste solo. Porém, esta quantidade de biomassa verde está também relacionada a presença do sol e da capacidade das plantas de fotossintetizar. 


5. O vigor e o crescimento dos seres vivos pertencentes a este agroecossistema, estão totalmente relacionado a riqueza e disponibilidade dos minerais e nutrientes para as plantas. É provável que possa acontecer de existir um solo fértil, porém sem ter seus minerais disponibilizados para as plantas. A carência, por exemplo, de cálcio pode ser o limitante para impedir a assimilação dos demais minerais do solo. Logo, este solo necessitará de uma calagem para suprir esta deficiência. 

6. A presença de minhocas – Em alguns países a fertilidade é medida através da presença de minhocas. Estes seres são responsáveis em grande parte pelo revolvimento e mistura dos minerais do solo. Executam um papel fundamental na manutenção desta fertilidade, pois chegam ainda a aumentar alguns níveis de alguns minerais do solo. Logo quanto mais minhocas você encontrar no seu solo, mais fertilidade este solo estará alcançando. 

AS CONEXÕES QUE LEVAM AS COMBINAÇÕES ADEQUADAS 

A BOA FERTILIDADE de um solo esta agregada, ou melhor, conectada com uma grande quantidade de variáveis que promovem a saúde e a produção de todo o sistema. Podemos tentar elencar algumas destas variáveis interligadas: 

Solo com grande quantidade de matéria orgânica ajuda para que este solo possa se tornar fofo, grumoso, esta grumosidade permite a entrada de ar e água, este ar e esta água ajuda na absorção das plantas, que por sua vez contribui de forma direta no aumento da fotossíntese, que termina por aumentar a produção de biomassa, que estimula a floração e que esta se transforma em flores que serão futuros frutos. 

A ESCOLHA A SER PENSADA 

Sempre o ser humano busca a comodidade. O tempo inteiro é a pretensão da maioria das pessoas. Já se associou o pensamento de qualidade de vida, com o não fazer nada, em ter tudo mais fácil, de forma que não dê muito trabalho. Mas, as vezes esta postura concorre para as tomadas de decisões erradas, que leva a ter mais rápido, sem lembrar do dito popular que diz “o apressado come cru”, complemento meu “e ruim”. O solo tem seu tempo para preparar e disponibilizar os minerais da melhor forma que a planta possa assimilá-lo sem problema, no tempo certo, na quantidade certa. Saiba escolher pelo sadio, pelo preparado com calma, amadurecido pelo tempo da natureza. É claro que em algumas situações necessita-se de pressa, mas se você dispõe de tempo, dê tempo ao tempo. 



Não podemos esquecer que: 

· A base de um solo fértil e de uma agricultura próspera é o húmus; 
· O retorno de resíduos deve ser equilibrado com a perda de húmus envolvido na produção; 
· É um atraso ainda hoje, se vê agricultores que para substituir as terras já degradadas pelo manejo errado, vão em busca de explorar novas áreas; 
· Evite ser tentado em transformar fertilidade em dinheiro sem controle; 

Como vemos a mãe terra quando privada de sua fertilização natural, termina por afetar diretamente de quem dessa terra se alimenta. Repense o manejo que está sendo dado ao solo. A natureza e sua saúde agradecem. 

03 de agosto de 2012

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