terça-feira, julho 17

Reduzindo a ocupação do solo - Menos uso de área cultivada e mais produção


Antônio Roberto Mendes Pereira 

Cada vez mais percebo que a maioria dos agricultores associa o aumento da produção ao aumento do uso da área. A mídia e os dados governamentais sempre fazem esta associação. E quando o governo do Brasil no final do ano apresenta o Recorde alcançado em produção de grãos ou em qualquer outro produto, poucos procuram saber com qual aumento da área plantada. Não se divulga que para aumentar a produção foi necessário mais avanço agrícola em outras áreas, isto significa mais desmatamento, mais uso agrícola, mais fronteiras são devastadas, mais uso de insumos (adubos, sementes híbridas, herbicidas, agrotóxicos). 


E esta cultura gerencial e produtiva, vem sendo empregada por muitos agricultores nas mais diversas áreas. Na maioria das propriedades não se encontra mais área de reserva, de mata intocada, todas as áreas já foram e estão sendo utilizadas. O solo não tem mais tempo para descansar, para se refazer, para que a natureza possa agir com toda sua intensidade de recuperar, de rejuvenescer os solos decaídos ou quase mortos. 


O que fazer para que esta cultura do ter área em descanso volte a ser utilizada. Esta é a questão central deste texto. A preocupação é apontar formas de reduzir a área, conservando ou até aumentando a produção. E a Permacultura pode ajudar com estratégias de design para a projeção destas áreas. 

ESTRATÉGIAS PARA REDUZIR A OCUPAÇÃO SEM PERDER PRODUÇÃO 

Várias estratégias podem ser utilizadas para minimizar o uso do solo, deixando que ele passe mais tempo descansando, ou melhor, se refazendo. É no detalhe que está o segredo do sucesso. A permacultura nos oferece um raciocínio ecológico onde todas as forças da natureza irão contribuir para que a otimização do solo seja realizada ao máximo, desde que se siga a lógica natural. 

ZONEAMENTO DA PROPRIEDADE OU DO ESPAÇO QUE SE TEM 

A Permacultura trabalha com um princípio de uso do espaço que é conhecido como Zoneamento. Este princípio é a aplicação prática da economia de energia na operacionalização da manutenção de todos os elementos vivos da propriedade, logo a intensidade de uso e de manutenção destes elementos é o viés para o planejamento da distribuição destes elementos no tempo e no espaço que se tem. Quanto mais um elemento é visitado para poder tornar-se cuidado e produtivo mais próximo da casa ele deve estar. 

Várias zonas são utilizadas seguindo a seguinte distribuição: 

ZONA 0 – A casa é a habitação. É a área onde a maioria da produção e da lucratividade é aplicada para manter este espaço. Manter esta comodidade se gasta muita energia e energia custa caro quando não se produz. Logo, este espaço precisa ser melhor planejado, desde a localização, materiais, modelo, distribuição dos elementos que vão compor este espaço. 


ZONA 1 – É o entorno da casa, zona de segurança alimentar da família. Supermercado vivo e dinâmico. Área onde não se precisa andar muito para colher e comer. O solo nesta zona tem a função maior de saciar a fome do estômago da família. Parafraseando a frase de Lavoisier “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma” recriei a seguinte frase “Na zona 01, tudo se planta, nada se vende, tudo se consome” (Roberto Mendes). 


ZONA 2 – A segurança alimentar em frutas, carne e ovos, é conhecido também como floresta de alimento. A matemática do consumo deve ser aplicada, pois a presença em excesso de um elemento toma espaço, tempo e fertilidade de outro. Tudo tem que existir na quantidade certa levando em consideração o número de componentes da família e a qualidade do solo e dos elementos de clima (pluviosidade, vento e radiação solar). 



ZONA 3 – Área destinada ao cultivo ou criação, ambas para o mercado. Área de plantio ou criação em escala. Área que se planeja para se ter sobra de dinheiro. O solo nesta zona tem a função secundaria de fornecer matéria prima para o mercado e para as indústrias. Nesta zona precisa-se muita atenção, pois acontece uma grande drenagem extra na fertilidade do solo, pela saída de produtos levando consigo minerais e água desta zona de produção. 

A prosperidade de continuidade da produção desta zona vai depender de um manejo adequado que consiga a manutenção permanente dessa fertilidade. 






ZONA 4 – Mata estrutural, aquela que pode ser programada para ter o que necessitamos a médio e longo prazo. É a área da poupança da família. Planta-se para o futuro. Os resultados produtivos são em longo prazo. 


ZONA 5 – Área de observação, área de aprendizagem, área didática, área de Xerox para as demais zonas, pode ser considerada como o sistema educacional da propriedade. Os ensinamentos para ser aplicados nas demais Zonas devem ser aprendidos nesta Zona. 


Nesta perspectiva de usar menos e produzir mais, precisa-se utilizar a lógica de todas as zonas com bastante intensidade. Ela reduz tempo e área, além de proporcionar uma melhor distribuição da energia que irá se precisar, para que se consiga a produção esperada. O foco maior da atenção irá depender da necessidade maior da família, mas sempre é bom pensar que primeiro precisamos produzir para o consumo e depois se produz para o mercado. Primeiro vem às necessidades da família em segurança alimentar. Toda esta estratégia favorece ao uso racional do solo de forma racional e sem excessos de uso. O tempo é regido pelo tempo com a intervenção sábia do homem, que busca entender como se dá os processos naturais de se alcançar a produção sem causar tantos impactos negativos ao ambiente. 

EMPILHAMENTO DO TEMO E ESPAÇO – Este termo pode ser estranho, mas é a pura verdade, podemos empilhar tempo e espaço. A mistura de plantas de forma planejada, projetada com longevidades diferentes, é a estratégia para se empilhar tempo. Todas as plantas são plantadas ao mesmo tempo, porém irão ser colhidas em tempos diferentes, logo quando se colhe a primeira da safra que foi projetada, ela abre mais espaço para que as demais possam se desenvolver com mais intensidade atingindo seu tamanho e estado de maturação. Colhida, a próxima também ganha este espaço para se expandir, permitindo também que seu estado de colheita aconteça. Desta forma todas as plantas que foram projetadas para este espaço, não permitem que o solo fique descoberto, desprotegido, sem um uso racional e natural. 


NÃO EXIJA DO SOLO ALÉM DO QUE ELE PODE OFERECER – Cada solo tem sua capacidade de produção, que quando administrado pela natureza vai a cada ciclo melhorando sua fertilidade, sua capacidade de absorção de água, vai aumentando a biodiversidade, enfim ele sai do simples para o complexo tornando-se completo. Quando o ser humano pretende utilizar este espaço o primeiro questionamento que ele deve buscar responder através da observação é o que aquele solo, naquele momento pode lhe oferecer, ou melhor, o que aquele solo é capaz de produzir naquelas circunstâncias. É a partir desta resposta, que ele pode utilizar de estratégia para que este solo não perca fertilidade sem que esta seja devolvida ou mantida. Logo, não exija do solo o que ele não pode te oferecer, prepare-o para que ele possa produzir o que você deseja de forma natural e com os recursos que existe no local. 

MANEJO DE ESPAÇAMENTO – Ao se observar a quantidade e disposição das raízes de um solo de mata irão perceber que acontece um emaranhado onde pouco se distingue qual raiz pertence a qual planta. Esta arrumação traz uma série de vantagens para o sistema, inclusive a de proteger o solo quanto às intempéries. Já nas áreas cultivadas divulgou-se que entre as plantas da mesma espécie deve haver espaçamento, mas quando se trata de plantas de diferentes espécies todas juntas e misturadas à necessidade deste espaçamento praticamente não existe. Logo, a estratégia dos consórcios deve cada vez mais ser utilizadas, como medida de otimizar o uso do solo. Deve-se estar alerta na escolha das espécies de plantas que vão fazer parte do consórcio, para evitar que plantas da mesma família, sejam plantadas muito próximas ou repetidas de forma permanente. Escolha a diversidade diversa. 


ROTAÇÃO PLANEJADA COM CONSÓRCIOS INTENSOS – É uma das formas mais estratégicas para melhor utilizar o solo sem ter que aumentar uso de novas áreas. Uma rotação planejada no tempo e no espaço que se tem é o objetivo desta estratégia. Uma combinação ideal de plantas cultivadas deve ser a intenção. 



SÓ PLANTE E SÓ CRIE O QUE DÁ PARA CUIDAR – O tamanho da área sem levar em consideração a quantidade de mão de obra que se tem é um dos grandes empecilhos de muitas propriedades. Às vezes se dimensionam os plantios sem levar em consideração esta mão de obra disponível e por conta dessa atitude surgem os resultados negativos na produção por falta de uma condução adequada e necessária. Planeje levando em consideração o que se tem disponível e atuante para lidar com o manejo do plantio. 

Da mesma forma acontece também com a criação dos animais, muitos casos a quantidade de animais esta superdimensionada para a área que se tem como também para a quantidade de mão de obra. Muitas vezes também temos uma grande quantidade de animais, porém de baixa produção individual, onde seria melhor ter menos animais, porém com uma produção individual maior. Não super dimensione o que tem de área, de mão de obra e de tempo. 

CONSTRUA DESIGN DE ARRUMAÇÃO – Sempre que se planeja a arrumação, sobra espaço, ou melhor, surge mais espaço, cabendo mais plantas ou mais espécies, e consequentemente mais produção. Olhar o espaço que se tem e poder aproveitar da melhor forma possível é uma grande estratégia operacional para se economizar o espaço e ter mais produção. 

O grande e o pequeno, o exigente e pouco exigente, o rasteiro e o trepador, o volumoso e o quase sem volume, o que gosta de mais luz, e o que precisa de menos, todas estas características tem que ser levado em conta durante o planejamento e a escolha e a disposição no espaço que se tem. 

PLANTE DE FORMA ARREDONDADA – O arredondado é um padrão das formas vivas na natureza, é uma das maneiras que a natureza utiliza para caber mais, utilizar mais, aproveitar mais tudo que se tem no ecossistema. Tudo que tem vida tem forma arredondada. O plantio feito de forma arredondada permite um melhor aproveitamento de área em termo de espaço, logo, cabem muita mais plantas por unidade de área plantada. Além de facilitar a distribuição de todas as forças naturais, como vento e radiação solar. 


PLANTIO VERTICAL – O aproveitamento do espaço vertical deve ser considerado no planejamento dos plantios. Paredes, treliças são ótimas estratégias para o aproveitamento dos espaços, além de aumentar sensivelmente a produção, minimizando o uso de área. 


PLANTIO EM ESPIRAL – Outra grande estratégia para pequenos espaços é o plantio em espiral. É um elemento muito importante para o design de jardins Permaculturais. Ela acomoda todas as ervas culinárias básicas levando em consideração alguns detalhes de algumas espécies. Plantas de sistema radicular mais profundo devem ser plantadas no alto do espiral, e as de sistema radicular menor devem ser plantadas nas partes mais baixas, não esquecendo também que as plantas semeadas no alto irão ter menos água disponível enquanto as plantadas nas partes mais baixas terão mais água disponível. 


ESPALHE PLANTAS CULTIVADAS NA CAATINGA – Aumente a capacidade de utilização e de produção da zona 04 ou 05, incluindo plantas algumas plantas cultivadas de forma aleatória. Busque sempre plantas que tenham as características das plantas da caatinga. Levando-se em conta estas características podem-se consorciar determinadas espécies no bioma caatinga. Este aproveitamento aumenta a produção sem ter que se desmatar grandes áreas, pois o uso do espaço utilizado deve ser o mínimo. 

Muitas são as formas de trabalhar menos, manipular menos o solo e produzir igual ou até mais um pouco. O segredo de todo processo esta em aprender como a natureza faz tanto usando tão pouco. Em um metro quadrado de solo de floresta ou de qualquer outro ecossistema natural, iremos perceber que a natureza tenta ser abundante, ela caminha no sentido do sempre ter mais com menos. O economizar para poder ter mais é um padrão da natureza que precisamos entender e imitá-lo. Vá até a uma floresta, pare e observe a diversidade em um metro quadrado, sinta o cheiro da terra, veja a quantidade de raízes, observe a cor e o cheiro do solo, não se esquecendo da fofice deste solo e da umidade em que ele se apresenta neste espaço, são estas características que precisamos aprender e copiar. Não sei se em um curso poderemos aprender tanto com tão pouco espaço, tempo e demonstração real de como acontece, acontecendo. 

17 de julho de 2012

domingo, julho 8

O abuso do uso dos recursos nos jardins - A cultura do ter, do mostrar, do exibir, do gastar para manter o belo e não produtivo

Antônio Roberto Mendes Pereira 

O planeta está enfrentando uma crise possivelmente existencial, que recebe uma grande contribuição do comportamento cultural que a maioria da população aceita, e operacionaliza no dia a dia. O uso abusivo dos recursos naturais é perceptível, não precisa ser um biólogo ou um ambientalista atuante para perceber tal atitude, está nos sintomas que se sente no nosso cotidiano, ou melhor, no cotidiário. 

É inadmissíveis determinadas posturas em relação ao uso da água, do descarte e dos desperdícios das nossas necessidades (lixo), das opções de escolha de moda, de músicas, de supérfluos, de gasto de energia com a compra de eletroeletrônicos, de comportamentos, de posturas diante de. 


Alguns hábitos urbanos de necessidade de contanto com a natureza, levam os urbanoides a querer ter vegetais, plantas nos seus espaços de habitação, mas terminam por escolher por falta de mais informações plantas que esteticamente são fantásticas, lindas, harmoniosas com as decorações dos espaços projetados, mas que estão longe de servir para que a espécie humana possa atender as suas primeiras necessidades básicas de sobrevivência, que é o ALIMENTO. 

Embelezamento sem saciar a principal necessidade humana, a fome. Em muitos casos existe a capacidade instalada todos os insumos necessários para diminuir o hábito/vício do comprar produzindo nos seus espaços parte da sua alimentação, mas termina-se optando por utilizar estes insumos apenas no embelezamento destes espaços. 


Muitos dos hábitos urbanos já estão chegando às comunidades distantes dos centros, as comunidades rurais. As propriedades estão se apropriando de hábitos que vão de encontro às formas tradicionais e naturais. O querer ter verde para embelezar termina por gastar tudo mais. As plantas ornamentais bebem, consomem, dão despesas e terminam por usufruir tempo e de mão de obra e muito defensivos químicos são utilizados para se manter protegidos e vigorosos. Gastasse água para manter o bonito sem atender a demanda do comer, do saciar a fome. O costume rural de se ter jardins em biomas frágeis é postura adversa, costume urbano vindo de fora, que vai de encontro ao que se tem ao que se pode, e ao que é permitido ecologicamente falando. 


Este hábito urbano/rural termina por ser e fazer parte da cultura rural. Manter gramados verdes, bonitos no entorno da casa traz consequências de gastos inconsequentes. Deixar de produzir alimento para simplesmente produzir beleza é processo incondicional, inaceitável em algumas condições. 


Na crise ambiental que estamos enfrentando, os jardins por mais que sejam bonitos, e encantadores, são ecologicamente incorretos do ponto de vista de intenção do uso. Este texto traz a necessidade de se repensar o uso dos espaços de forma que estes possam cumprir além da estética, outras funções que possam trazer economias de todas as energias necessárias e economias possíveis. 

Este tipo de hobby pode já ser considerado um tipo de agricultura a dos gramados domésticos, e que vem aumentando consideravelmente. Muitos veem o contato com a natureza praticando este tipo de agricultura. Algumas pessoas ao praticarem este tipo de agricultura acham que estão ajudando a natureza, mas esquecem dos insumos que são utilizados para a manutenção destes espaços. Consomem muito químicos, água e energia. São uns monstros com um apetite insaciável. Na Califórnia para se ter uma ideia, 14% da água de primeira classe, potável é usada na manutenção dos gramados. 

Quem foi que disse que jardins comestíveis são feios? Podem ser até mais bonitos que os tradicionais, pois foge do comum, da cor única das flores e se ganha às cores dos frutos. A cor violeta da berinjela, do vermelho do tomate, do roxo do repolho, do amarelo do pimentão, do verde da alface, quanta cor acompanhada de alimento, de saúde que se pode ingerir em uma salada. 






Os contrastes se fazem com a distribuição destas espécies no espaço que se tem de forma planejada, o tom sobre tom é você quem dá na arrumação destas. A natureza não separa plantas ornamentais das plantas de frutos e frutas, todas estão juntas e misturadas tornando o espaço completo, funcional e belo. 

O consorcio de plantas ornamentais com plantas comestíveis são bem aceitas por ambas as espécies. É uma combinação que ajuda uma a outra. Estes espaços saem da lógica do simplesmente embelezar, o bonito entra diminuindo os custos de manutenção, pois o belo sai do jardim e vai à mesa não só para enfeitar, mas também para alimentar. 




CAPTURE AS ÁGUAS CINZA DA CASA 

Toda casa ao utilizar boa parte da água transforma-a em água cinza ou até negra. E todo este capital hídrico que poderia ser reutilizado é destinado às fossas sépticas, sendo desperdiçadas e transformadas em poluição. Já imaginou na sua casa quanto é produzida de água cinza e negra por dia? E o que você faz com ela? Qual o destino dado a ela? 

Toda esta água poderia ser capturada, processada e reutilizada para você irrigar seu jardim, obtendo com isto beleza e alimento. Sem ter utilizar uma determinada quantidade de água pura, potável. Em muitas casas da zona rural este desperdício contamina o entorno da casa além de tornar o espaço feio e mal apresentável. 


REDUZINDO O CONSUMO DE ÁGUA E MANTENDO A QUALIDADE E A BELEZA DO ESPAÇO 

Utilize os dois princípios mais importantes para a água: reduzir e aumentar a quantidade e a diversidade de vida. 

· Reduzir o consumo de água e reutilizá-la o maior número de vezes possível antes de sair do seu sistema. 
· Assegure-se que a água seja biologicamente limpa e filtrada pelo seu sistema antes de sair do seu terreno ou quintal. 
· Use filtros nas saídas das mangueiras e limpe-os regularmente. 
· A melhor maneira de reutilizar água doméstica é armazenando-a em biomassa, que são as plantas e animais do jardim. 
· Troque os insumos de limpeza por produtos biologicamente corretos. 








Faça o possível e o impossível para transformar os espaços dos jardins de forma que eles possam transmitir beleza, consorciado com alimentos. Transforme o gasto de água já existente em algo que possa aumentar a segurança alimentar da família. Alimentos que você come e tem certeza que está comendo saúde, comendo alimentos biologicamente completos, e que lhe proporcione o atendimento de várias necessidades nutritivas e funcionais. E sempre esteja atento para uma frase celebre de M. Ghandi. 

“A natureza pode satisfazer todas as necessidades do homem, mas não a sua ambição” 

06 de julho de 2012

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