sexta-feira, novembro 25

Os materiais de construção na propriedade rural - Insumos encontrados no local

Antônio Roberto Mendes Pereira 

A ideia de construir uma casa na propriedade rural bonita, segura, confortável e aconchegante, onde tenha um bom fogão à lenha, quartos ventilados, alpendre com bastante espaço para várias redes, fazem parte do projeto de muitas famílias. Ter um projeto onde o todo, o entorno e o local são as bases de inspiração para a construção do projeto de uma casa saudável, deve ser o norte para a um habitar mais próximo dos princípios ambientais. Mas entre o desejável e o operacionalizável existem muitos problemas. 

A execução de projetos nas propriedades rurais que estão relacionados à construção de estruturas físicas como instalações, muitas vezes enfrentam problemas na hora de colocar em prática a execução da construção das edificações, pois a aquisição dos materiais necessários representa uma grande inversão de recursos econômicos, além dos custos elevados com o translado destes materiais até a propriedade. 


Os projetos propostos na sua maioria indicam sempre uso de materiais convencionais que o mercado divulga e comercializa. Estes materiais já fazem parte da cultura de muitas regiões. Neste contexto é bom ressaltar que o convencional está ligado ao uso de materiais, ao uso de ligantes (cimento), ferro entre outros. Existe um padrão onde quase todos os construtores e pedreiros indicam e utilizam. 


Esta forma cultural de construir “imposta pelo mercado” até parece que é a única maneira. E que os materiais de construção têm que ser sempre os mesmos, e que qualquer material que fuja desta cultura mercadológica pressupõe-se que a construção não terá segurança, conforto e beleza. Em muitos casos cria-se um preconceito de que outras formas alternativas de construção e uso de outros materiais é coisa de pobre. 

Construções feitas de barro e terra, por exemplo, são vistas em muitos casos como uma alternativa para quem não tem recurso econômico, e nunca como uma alternativa ambiental correta, de diminuição do uso de energia e de uso dos insumos que se tem, e mais adequada ao local. 


Na maioria das vezes sempre o alternativo é visto como desprovido de segurança, beleza e conforto como frisado anteriormente. Como repensar a aquisição e o uso destes insumos para a construção a partir dos recursos locais é a intenção deste texto. 

Identificar os materiais que podem ser utilizados na substituição total ou parcial dos convencionais é o que se quer descobrir nas propriedades rurais. Além de mostrar vários exemplos onde esta substituição fez a diferença em todos os níveis de economia. 

Conscientizar famílias sobre o uso da bioconstrução é o propósito: Provar que não é preciso ser ativista de algum grupo ambientalista para agir em favor da natureza e que é possível erguer uma casa confortável, prática, saudável e ecologicamente correta, utilizando para isto o que se tem ofertado gratuitamente na propriedade é a ideia que se quer, identificando para isto os recursos disponíveis no local. 

Como diz os arquitetos Marcelo Todescan e Frank Siciliano, diretores da Todescan Siciliano arquitetura “Onde qualquer pessoa pode construir ou reformar adotando técnicas alicerçadas na bioconstrução. O mais complicado talvez seja convencer o futuro morador a colocar a mão na massa. Amassar o barro para erguer as paredes da casa dá a verdadeira importância de fazer parte, de interagir com o meio ambiente e dar referência ao que é nosso, ressalta Andréia Palma, proprietária de uma casa ecológica. Segundo os arquitetos, a técnica da bioconstrução é uma forma conceitual que vai além da manifestação arquitetônica, que possibilita a elevação da auto-estima do morador e o torna ativo, já que este participa de todo o processo construtivo. O fato de criarmos alternativas viáveis para a construção e manutenção de comunidades sustentáveis garante qualidade de vida às futuras gerações, conta Frank Siciliano. Segundo a dupla, as pessoas podem optar por construções inteiras ou reformas parciais. Construir um prédio de pau-a-pique e barro é complicado, porém nada impede usar esse material natural nas paredes internas das casas e apartamentos. Além disso, há outros materiais que podem substituir os convencionais, como móveis feitos de madeira reciclados, lâmpadas mais eficientes para consumir menos, aquecedor no lugar do chuveiro elétrico, entre outros. Em nossos projetos tudo gira em torno do consumo consciente”. 

A BIOCONSTRUÇÃO AGREGADA A NATUREZA 

Pedra, barro, cipó, madeira, terra são alguns dos insumos que quase toda propriedade tem, algumas até podem ter todos esses insumos apresentados, outras apenas algumas, mas é impossível que as propriedades de forma geral não tenham pelo menos um destes materiais. 

Segundo o dicionário da Wikipédia Bioconstrução é o termo utilizado para se referir a construções onde a preocupação ecológica está presente desde sua concepção até sua ocupação. O morar de forma ambientalmente correta é a intenção de causar menos impacto nas pessoas e no ambiente. 

As bioconstruções vale-se de materiais que não agridam o ambiente de entorno, pelo contrário: se possível, reciclam materiais locais, aproveitando resíduos e minimizando o uso de matéria-prima do ambiente. Todo projeto foca no máximo o aproveitamento dos recursos disponíveis com o mínimo de impacto no ambiente. 

O tratamento e reaproveitamento de resíduos, coleta de águas pluviais uso de fontes de energia renováveis e não-poluentes, aproveitamento máximo da iluminação natural em detrimento da artificial, são exemplos de preocupações na concepção desses projetos. A residência nas bioconstruções também segue a filosofia de responsabilidade ambiental dos seus ocupantes. 




O fazer com menos materiais é o propósito da Bioconstrução. Logo, nos remete a identificar materiais locais que possam servir para serem utilizados na edificação das instalações e residências. O não trazer de fora é a preocupação permanente durante a escolha e a decisão para se efetuar a construção das estruturas. 

O tamanho e a arquitetura também estão diretamente ligados ao tamanho da família e ao grau de ecologização que a mesma possui. Não se pode esquecer que quanto maior, mais gastos de manutenção vai se ter. Todas as energias vindas de fora como, por exemplo: raios solares (temperatura e claridade), ventos, brisas, matéria orgânica (alimentos), água e lenha, precisam minuciosamente ser estudadas e analisadas para a sua utilização. Não pode se dá ao luxo do não uso destas energias e recursos em uma construção ecológica. 

Como primeira medida que precisa ser tomada independentemente de ir construir ou não é a identificação dos materiais que se pode ter disponível na propriedade. Esta identificação é de fundamental importância. Procure, caminhe dentro da propriedade com esta intenção a de identificar estes insumos locais que você pode utilizar em qualquer construção. Identifique a quantidade disponível, mensurando esta disponibilidade, local de acesso, distância, facilidade de coleta e transporte como também a qualidade deste material. 

O QUE POSSO UTILIZAR COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO? 

1. TERRA CRUA – O uso da terra como material para construção é milenar e o mais abundante no planeta. É um ótimo material de construção além de não ter custos para aquisição. A humanidade sempre construiu belíssimas obras tendo a terra crua como matéria prima básica. Atualmente, nossa sociedade passa por um momento de esquecimento provocado pela a industrialização dos materiais de construção. O uso do cimento e outros materiais colaboraram para este esquecimento e para o não uso. 

Hoje se chega a achar um absurdo o uso de terra local para construção de edifícios. O uso da terra não deve ser visto como absurdo, mas sim, como uma grande dádiva natural, que permite a construção de casas resistentes, confortáveis, econômicas e acima de tudo ecológicas. 

A facilidade e a versatilidade de seu uso ajudam na construção de estruturas complexas como também as simples, podendo atender aos mais diversos tipos de necessidades e arquitetura. 

Uma das tecnologias que usa a terra como matéria prima foi desenvolvida nos anos 80 pelo iraniano, radicado nos Estados Unidos, Nader Khalili. As paredes são erguidas simplesmente com sacos preenchidos com subsolo. As construções feitas com esta técnica são sólidas como uma rocha, podendo resistir até aos terremotos. São, também, construções com grande isolamento térmico. O superadobe é, talvez, a maneira mais simples de construir com terra, pois não é necessário fazer qualquer teste com o material, não é preciso peneirar a terra, nem moldá-la e nem acrescentar palha. As paredes são erguidas muito rapidamente. 




Este material com certeza não irá faltar na sua propriedade. Se você não tiver os sacos tubos de polipropileno, poderá utilizar sacos de ráfia ou de adubo. Para mais informações consulte: 


2. O BARRO OU ARGILA – Entre nós é muito conhecida a casa feita de taipa, tecnologia construtiva que utiliza o barro como matéria prima para sua edificação. O uso do barro como matéria prima para a construção é conhecida desde a antiguidade, datam o uso desta técnica a mais de 9.000 anos. 

Muito utilizada na construção devido a sua resistência após sua secagem, porém trazem também alguns inconvenientes, o da rachadura, fissuras, trincas ou retrações durante sua secagem. 

Por ser de fácil moldagem sua aplicabilidade é variada, podendo ser utilizada desde a construção de utensílios domésticos como panelas de barro, potes, objetos de decoração, fogões, móveis, como também produtos para o tratamento de pele conhecido como argiloterapia, além da grande capacidade de uso na construção de casa, através de várias técnicas, como: 

Taipa de pilão – a terra é comprimida em formas de madeira, que funcionam como um tipo de molde; 

Pau-a-pique: é feita uma trama com sarrafos de madeira os mais variados, cujos espaços vazios são preenchidos com barro umedecido. Depois todo o conjunto é revestido com a mesma matéria prima; 

Adobe: a terra é umedecida e colocada numa fôrma, onde secará por algumas horas depois da desforma. Dependendo da composição do solo, podem ser adicionados aglutinante como capim, palha ou cal. 

O adobe e a taipa de pilão são mais utilizados em paredes estruturais e externas, enquanto o pau-a-pique se presta mais para paredes internas. 


Por esta versatilidade de uso e aplicação é um material muito importante em uma propriedade. Logo, se faz necessário identificar os locais dentro da propriedade que tenham minas de argila. Com certeza este material pode trazer uma grande independência em relação a uma infinidade de insumos. 

A VERSATILIDADE DO USO DO BARRO 




3. PEDRA - Desde o começo da história do homem vemos sua relação com as pedras, são os materiais de construção mais antigos, tanto as pedras como a madeira pôde ser empregada praticamente sem alteração do seu estado natural. Como a madeira foi destruída e a pedra conservada, a ciência denominou aquela época quaternária de “Idade da Pedra”. 

A pedra mesmo sendo de grande dureza para sua manipulação vem sendo utilizada em variadas aplicações, tanto em alguns utensílios e equipamentos quanto na construção de casas. Sua durabilidade e segurança atraem muitas pessoas para optar pelo seu uso. 

Em uma propriedade rural a pedra é um ótimo recurso para uma infinidade de uso. Desde seu pó que pode ser utilizado como adubo, pedras decorativas e até equipamentos como: moinhos, pedra de amolar, pilão para pilar grãos e ervas. São grandes alternativas para o uso desse recurso natural, muitas vezes visto como problemas dentro das propriedades rurais. 

Na construção não se tem dúvidas, pode ser utilizado em mil utilidades desde o pó, britas de todas as granulometrias, até pedras para as construções em geral. 








4. MADEIRA – A madeira já foi um recurso abundante em muitas propriedades, mas devido ao desmatamento e as queimadas, este recurso está ficando escasso. É um ótimo recurso para a confecção de inúmeros equipamentos como também para a edificação de construções como casa, estábulos, cercas entre outros. 
Na construção serve desde a montagem das armações, portas, janelas, estruturas para as cobertas. 

Dentro de uma propriedade rural é imprescindível o plantio de árvores que sirvam para ser utilizadas nestes diversos usos. 

A escolha das árvores adequadas para a construção é um importante decisão, pois nas construções necessita-se de durabilidade, e principalmente quando este material é a base de todo projeto construtivo. 

O bom é que sejam plantadas árvores que sejam renováveis como é o caso do bambu, onde se dá um corte e ele torna rebrotar. O bambu é um ótimo recurso para construção desde que seja aplicado um tratamento para evitar o ataque de cupins. 


5. PALHA – É um recurso que é utilizado em muitos países na construção de habitações. É muito utilizada nas coberturas e em alguns casos em estruturas da casa como paredes, e ou fazendo parte na mistura dos componentes que vão estruturar a habitação, compondo as misturas em adobes, taipas, cob entre outros. 

É um grande isolante térmico quando usado nas construções. Nos países quentes é bom pensar antes da tomada de decisão de usar a palha como o principal insumo na construção. Dos materiais utilizados na bioarquitetura o que traz melhor conforto térmico e acústico é a palha. Os fardos que são utilizados são os mesmos que servem de ração para os animais (feno). 

A palha é um material que possui sílica, que com o passar do tempo fossiliza contribuindo com a longa durabilidade do material e consequentemente também da construção. É um material de fácil manejo, simples e de rápida construção. 

Para manipular a palha numa mistura com barro é preciso acionar a força dos pés, numa dança com movimentos circulares, onde o grau perfeito é a uniformização da mistura. Em outras misturas os pés dão lugar as mãos através da moldagem dando as formas que se quer. 







Como podemos ver em uma propriedade existem vários recursos que podem ser utilizados nas mais variadas tipos de construções. Dificilmente uma propriedade não tem material para construir, o grande problema é identificar os possíveis materiais existentes e aprender as tecnologias que podem ser desenvolvidas a partir do uso destes materiais ou insumos locais. 

Resistência, versatilidade vão depender da criatividade, das preferências e da necessidade do se fazer para se ter. Logo, podemos sim diminuir a importação de materiais provindos de fora da propriedade. Dê uma volta na sua propriedade que com toda certeza irá identificar inúmeros recursos locais que vão poder te ajudar a minimizar a importação de insumos comprados. Assim você além de economizar recursos contribuirá significativamente para um ambiente melhor e sustentável. 

24 de novembro de 2011

sexta-feira, novembro 18

Planejando a sustentabilidade da pequena propriedade rural

Antônio Roberto Mendes Pereira 

A necessidade pelo estado de sustentabilidade vem aumentando muito nas últimas décadas, com certeza todos os dias, vários produtores buscam se adequar a novas formas de produzir que sejam menos agressivas ao meio ambiente. E para o encontro com este estado uma condição é necessária, o cuidado com o meio ambiente. Sem este cuidar é impossível encontrar este caminho, esta rota que nos guia para a sustentabilidade. 


Embora que precisamos saber que a sustentabilidade nunca é alcançada, pois ela é um caminho, uma lógica, um conjunto de atitudes e comportamento onde se pode usufruir do presente sem privar as gerações futuras de ter as mesmas condições das gerações atuais. É preciso não confundir sustentabilidade com autosuficiência, o primeiro como dito anteriormente é um caminho, é atitude e a segunda está mais ligada a ter todas as necessidades atendidas sem ter que comprar, é a intenção pragmática de buscar produzir todas ou quase todas as necessidades atuais, embora que para se alcançar este equilíbrio produtivo nem sempre se precisa trilhar pela lógica da sustentabilidade, posso me tornar autosuficiente utilizando tecnologias e processos que vão de encontro aos cuidados com o meio ambiente. 

Para se tornar sustentável precisa-se modificar muitas atitudes e comportamentos culturais de produção e de consumo. 

Um dos primeiros passos a ser modificado profundamente é o do CONSUMO, que induz a produção, precisa-se buscar adequar o consumo da família para que ela esteja também direcionada para um consumo consciente e guiada pela lógica da sustentabilidade. Será que você hoje vive de acordo com suas necessidades reais ou com as necessidades criadas pelo mercado? O que fazer para descobrir verdadeiramente quais são as necessidades reais? Como fazer para diminuir o consumo de forma que se tenham as necessidades reais atendidas? 


Um indicador de consumo em uma propriedade rural é possível perceber pela quantidade de lixo que é produzido diariamente. Um consumo baseado na obsolescência artificial, em que os bens de consumo são criados para serem descartados o mais rápido possível, e irem para o lixo e assim gerar mais consumo vão de encontro à busca do estado de sustentabilidade. E esta forma de consumo vem sendo copiada pela maioria das pessoas, o que começou a pressionar imensamente os recursos ambientais. É bom lembrar que este tipo de consumo é insustentável. 

Quanto mais compramos, mais demonstramos o quanto estamos e somos insustentáveis. Em uma propriedade rural onde para se produzir necessita-se comprar sementes, adubos, venenos, entre outros insumos, percebe-se sua deficiência produtiva e de planejamento. Esta atitude nos mostra o quanto esta dependência está acima da capacidade da propriedade. Numa situação onde até para comer precisa-se comprar, imagine em que estado se encontra a propriedade. O principal meio de produção é a terra, e se ela não consegue mais atender a demanda de alimento para a família, significa que seu limite produtivo foi ultrapassado, mal manejado, forçou-se demais o meio e o bem de produção. 

A propriedade deve conseguir produzir necessidades básicas de alimentos para toda família. Programar uma dieta diversificada onde as condições do solo e clima possam atender, é imprescindível como primeira medida de busca de sustentabilidade. Buscar a autosuficiência de forma sustentável é um ótimo norte para o planejamento. 

Toda produção EXAGERADA empobrece o solo, logo forçar o solo para produzir mais do que sua capacidade de produção é ir de encontro à lógica que se deseja alcançar. Aliás, tudo em exagero vai de encontro a qualquer estágio de equilíbrio. Toda idéia de produção exagerada e de consumo desenfreado, inclusive as vendas, são causas para a degradação ambiental das propriedades rurais e de outros ambientes. E não podemos esquecer que a degradação ambiental está estritamente relacionada com pobreza. Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de pressão ambiental, as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente são os padrões insustentáveis de consumo e produção. 

Logo, especial atenção deve ser dedicada à demanda de uso dos recursos naturais gerada pelo consumo insustentável, bem como ao uso eficiente desses recursos, coerentemente com o objetivo de reduzir ao mínimo o esgotamento desses recursos e de reduzir a poluição nas propriedades rurais. 

Portanto, conceituando consumo sustentável podemos afirmar que “É um tipo de consumo que leva em conta os limites do meio ambiente, tanto para as atuais gerações quanto para as futuras, observando a equidade entre os que consomem mais e os que consomem menos, ou seja, reduzir de quem consome muito, de modo a garantir a quem consome pouco uma vida também equilibrada e permanente”. 

Imagine que para manter nossa subsistência, ou melhor, para manter nosso corpo funcionando como se fossemos uma máquina térmica, consumiríamos energia equivalente a uma lâmpada de 150 watts diariamente (energia para existir como ser humano). Isto apenas para manter o funcionamento interno, agora para manter nossas necessidades EXTRA-SOMÁTICAS, ou seja, em tudo aquilo que chamamos de metabolismo cultural (necessidades modernas, de mídia), isso nos leva a um consumo, da ordem de 8.000 watts, aproximadamente em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, este consumo é equivalente a 25.000 watts. Diante desta lógica posso me perguntar: Se preciso de 150 watts para suprir minhas necessidades básicas, como e quando eu consumo o restante, tomando como referência os 8.000 watts? Verdadeiramente preciso de toda esta energia? Para tornar uma família mais sustentável precisa-se urgentemente mudar o estilo de vida. Em todas as áreas da propriedade, tem-se que repensar as atitudes de consumo e de produção. E vale lembrar que muitos dos bens de consumo que adquirimos para manter o consumo de 8.000 watts, em menos de 06 meses a maioria destes bens irão parar no lixo, por estar fora de moda ou por já ter se danificado, necessitando comprar outro de um novo modelo e da moda (obsolescência programada). 


AGORA TENTE RESPONDER! 

· Será que você é capaz de avaliar se é ou não um consumidor sustentável? 

· Você seria capaz de cortar o supérfluo, o desnecessário de sua vida para viver mais de acordo com a capacidade de suporte da sua propriedade? Por quanto tempo? 


OS 4 “Rs” PARA ENTRAR NO CAMINHO DA SUSTENTABILIDADE 

Racionalizar, Reciclar, Reusar, Reduzir 

Estes são os Rs que nos remete a redirecionar nossas ações, não importando o ambiente que se viva. Faça da sua atitude diária uma atitude consciente e coerente em tempos de consumismo. Observe que o racionalizar está vindo antes dos demais Rs pois, a racionalidade humana deve fazer a diferença nas tomadas de decisões. 

O primeiro “R” da história foi o de reciclar, pois se achava que poderia manter o mesmo padrão de consumo apenas reciclando o que consumiam. E que apenas com essa atitude tudo estaria resolvido, mas viram que não é suficiente, é preciso mudar muitos outros comportamentos. Os nossos impactos no meio ambiente deveriam ser mudados. 


O segundo “R” de reusar ou reutilizar, foi uma conseqüência da constatação de que apenas reciclar não seria o bastante para reduzir os impactos e a pressão sobre o meio ambiente. Pensava-se que apenas reaproveitando algumas coisas poderíamos continuar consumindo da mesma forma, e perceberam que era um engano, pois o ambiente não suportaria tal consumo, nem para manter e muito menos para aumentar. 


O terceiro “R” já foi uma atitude para reduzir o consumo como uma maneira mais consciente e coerente de sobrar para as próximas gerações. 


E diante de todos estes 3 “Rs” que são insuficientes para restaurar a saúde do meio ambiente foi necessário matutar, refletir, repensar, meditar sobre as nossas atitudes diante deste meio ambiente, principalmente o ambiente que está mais próximo de nós, onde nós atuamos, vivemos e tiramos dele parte da nossa sobrevivência (propriedade). 

Agora percebemos que o primeiro “R” deve ser o racionalizar diante de qualquer decisão de consumir ou não. Ter cuidado para não agirmos por impulso, e comprar ou pagar produto ou serviços que não temos necessidade, mantendo atitude única de ostentação do ter, tornando-nos meros acumuladores de produtos de pouca ou nenhuma serventia verdadeiramente necessária.


Estes três erres são pouco para as mudanças necessárias, precisamos alcançar outros níveis de tomada de consciência. 

Primeiro: Recusar o consumo desnecessário (fútil); 
Segundo: Repensar quais as verdadeiras necessidades de consumo (evitar supérfluos); 
Terceiro: Reutilizar os produtos; 
Quarto: Reciclar; 
Quinto: Re-educar para a sustentabilidade, que parte de um princípio de uma Cultura de Economizar em todos os sentidos. 

O antídoto para reverter o eficaz processo de destruição do meio ambiente será a busca pelo CONSUMO DO SER! Para acordar e fazer valer esse tal consumo do ser, teremos que fazer valer os mesmos critérios existentes na evolução do ser humano. Ou seja, aquele que mais apresentar transformações rumo ao comportamento de um habitante verde, terá que ser premiado por Governo e Empresas através de redução de impostos e pontuação na compra de produtos, por exemplo. Por outro lado (o lado cinza), aquele que se mantiver como um simples terráqueo, terá que ser premiado com multas, taxações enfim, incentivos econômicos para provocar intensa reflexão interna e fazer entender a si próprio que sua mudança vale muito para si e para os outros. 


Com a experiência que tenho trabalhando em pequenas propriedades rurais, percebo que a simples operacionalização dos primeiros 3 Rs, ainda não se consegue grandes mudanças, é uma boa base para o inicio, mas falta ainda outros Rs para aumentar e consolidar as mudanças necessárias. A aplicação real no dia a dia, através de um planejamento buscando criar as devidas conexões entre os elementos que compõe ou que vão compor o sistema é um dos maiores segredos para a consolidação dos resultados. Criar uma relação escrita das necessidades de cada elemento tentando descobrir se o meu sistema é capaz de atender estas demandas, é de fundamental importância, pois uma necessidade quando não atendida compromete o resultado final do desempenho do todo deste elemento, principalmente por ele ser um elemento vivo. Para melhor compreensão observe este exemplo: muitas pessoas têm um hábito de após o almoço tirar um cochilo, às vezes de 10 minutinhos, é uma necessidade do seu corpo, quando esta necessidade não é atendida, em muitos casos compromete o restante do dia daquela pessoa, ela fica mal humorada, algumas tem dor de cabeça e não consegue render nas atividades do trabalho, da mesma forma acontece também com outros seres vivos, independentemente se este elemento vivo é um animal ou um vegetal. Busque sempre identificar as necessidades vitais destes elementos e tente ao máximo atender, que perceberá rapidamente os resultados positivos transformados em resultados produtivos. 

Outro detalhe que precisamos elencar são as funções que este elemento deve executar no agroecossistema. A cada função exercida menos necessidades externas preciso, o grande segredo para operacionalizar esta indicação é escolher uma posição para colocar este elemento onde ele consiga criar o máximo de conexões podendo desempenhar também o máximo de funções devido a sua ótima localização. Com estas duas atitudes planejadas aumentasse os resultados produtivos de qualquer espaço. Faça um teste! 

A incorporação e operacionalização de outros Rs precisam também acontecer, abaixo tem uma listagem com uma lógica temporal para a operacionalização. 

EVOLUÇÃO DOS Rs PARA UMA NOVA TOMADA DE CONSCIÊNCIA 

1º Momento (ontem)
2º Momento
(hoje)
3º Momento (amanhã)
4º Momento (desejado)
3 Rs
5 Rs
10 Rs

1 - Reduzir
1 - Reduzir
1 – Reduzir
Reinventar uma nova maneira de:
2 - Reutilizar
2 - Reutilizar
2 –  Reutilizar
Viver
3 - Reciclar
3 - Reaproveitar
3 –  Reaproveitar
Consumir

4 - Reciclar
4 –  Reciclar
Produzir

5 - Repensar
5 –  Repensar
Transformar


6 –  Recusar
Armazenar


7 –  Recuperar
Transportar


8 -  Reorganizar
Distribuir


9 -  Reorientar



10-  Reinventar


Muitos símbolos ou ícones são utilizados hoje no mundo inteiro querendo sempre nos alertar, relembrando para estas novas atitudes diante de qualquer espaço onde se vive, onde se trabalha, onde se estuda, onde se diverte. É uma necessidade imperiosa que cada vez mais, tenhamos adeptos seguidores que não fique apenas no conhecer e no entender, tem que passar do saber para operacionalizá-lo. 

Somos capazes de todos os dias fazer pequenas mudanças em nosso dia a dia que somados a de outros surtem resultados magníficos. Nós que estamos mexendo com a natureza em seu estado ainda mais natural precisamos imediatamente assumir atitudes urgentes para que os impactos possam ser minimizados e podermos ter os resultados aumentados com o mínimo de impacto ambiental. Espalhe estes ícones em sua propriedade como alertar para você e para toda a sua família. 




Adéque seu sistema de produção para uma produção mais limpa e orgânica. Assuma de uma vez praticar uma agricultura de base ecológica, e espalhe para o mercado consumidor a procedência do seu produto. Crie uma informação onde o consumidor conheça a RASTREABILIDADE dos seus produtos e a forma como eles são produzidos. Estes ícones precisam ser conhecidos, lidos e entendidos, divulgue-os! 



Lembre-se nada pode ter inicio sem ninguém começar, comece, assuma o ícone abaixo.


18 de novembro de 2011

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