sábado, março 31

Boas práticas Permaculturais de criação de suínos - Fuçando, revirando e produzindo


Antônio Roberto Mendes Pereira 

Os animais são essenciais em todos os agroecossistemas, estes desempenham um papel fundamental no equilíbrio sustentável. São responsáveis por uma infinidade de serviços ambientais, sem eles os sistemas teriam dificuldades de se manterem produtivos e equilibrados. 


Quanto mais diversidade animal possui o sistema mais sustentável é o espaço. Para que os ecossistemas possam se manter, equilibrados e dinâmicos permanentemente, muitas funções precisam acontecer, ou melhor, serem executadas. Estas funções são assumidas por todos os elementos vivos que fazem parte deste ecossistema. 

As tarefas são assumidas naturalmente a partir da característica de cada ser, não importando o tamanho e a quantidade, todos são encarregados, de manter o dinamismo do ecossistema em que vive. A formiga exerce várias funções, da mesma forma que os microorganismos, a responsabilidade se assim podemos dizer é do coletivo, do todo que habita a área. Existe uma variedade grande de lagartixas, algumas vivem na relva verde, outras vivem nas pedras, outras em madeiras, e tem até as que vivem nas paredes da casa, cada uma desempenha quase sempre o mesmo serviço, porém em extratos e locais diferentes. 

Os suínos exercem uma importância fundamental na manutenção dos ecossistemas e dos agroecossistemas. E para entender as funções que eles podem realizar nos agroecossistemas (propriedades rurais) é interessante primeiro entender as funções que estes exercem nos ecossistemas naturais ainda em estado selvagem. 




Este texto tem a pretensão não unicamente de mostrar como criar espaços para que eles se criem, mas também elucidar algumas das funções que este deve participar na ação do viver fazendo e mantendo o sistema onde vive. Toda ação dos animais ajudam o sistema, não tem ação sem função. 

CRIANDO OS PORCOS DE FORMA FELIZ 

O que quero com este texto é trazer formas de criar os suínos de forma onde o sofrimento, os maus tratos são quase zero, como se diz na criação de eqüinos “doma gentil”. Imagino que podemos também fazer o mesmo com a maioria dos animais. Criar animais onde eles se sintam bem acolhidos, tendo suas necessidades atendidas. Um manejo de criação onde a Habitação, alimentação e reprodução são guiadas pelas formas mais naturais possíveis. 

Os suínos em estado selvagem exercem muitas funções para que o ecossistema possa sempre alcançar o estado de clímax. Vejamos algumas funções que eles exercem durante as mais variadas fases de seu desenvolvimento: 

· Função de revirar o solo – Esta função é muito importante, pois a partir dela acontece o enterrio de várias sementes, a incorporação de matéria orgânica, além de servir de trator natural. O seu focinho tem uma anatomia apropriada para revirar o solo. Logo, o fuçar fofando faz parte do comportamento destes animais, se privarmos estes de realizar este atributo natural, poderemos estressar os animais contribuindo para a diminuição do rendimento produtivo. 

Com todas estas características em criações racionais se faz necessário permitir que esta função possa ser executada através da criação de espaços de liberdade para que os animais que estão sendo criados possam prestar este serviço ao agroecossistema, além de ter um hábito natural da espécie sendo atendido. 


· Reciclador de matéria orgânica – Quando executa esta função, contribui na limpeza do meio ambiente. Aumenta o tempo de uso dos resíduos orgânicos, aumentando os ciclos de reuso da matéria. Esta mesma função também contribui para a distribuição de matéria orgânica na forma de adubo em outras áreas. Os animais são os elementos móveis nos ecossistemas, eles aceleram a ciclagem dos minerais e as transferências de fertilidade. 

· Dispersor de sementes – Ao se alimentar de frutas e outras plantas e ao estercarem contribui para a dispersão de sementes. Esta função contribui também para aumentar a diversidade em outras áreas quando estercam mais distante do que sua área de atuação. O esterco associado às sementes aumenta a possibilidade de germinação e de enraizamento, pois a pequena planta encontrará a sua disposição matéria orgânica em decomposição e já decomposta aumentando suas chances de crescer forte e sadia. 



· Controle de algumas ervas – No seu cardápio alimentar diário consomem ervas as mais variadas impedindo algumas de aumentarem em quantidade, monopolizando ou monoculturando a área de vivência. Os animais selvagens só mudam de lugar de alimentação quando os alimentos preferidos tornam-se escassos. 


UM POUCO DE BIOLOGIA E COMPORTAMENTO SUÍNO 
ETOLOGIA 

O porco carrega a fama de ser sujo e fedorento. Não é bem assim. "Eles usam a lama para reduzir a temperatura corporal", diz a engenheira agrônoma Jacinta Ferrugem Gomes, da USP, especialista em suínos. Descendente do javali eurásico, o porco doméstico se sente à vontade em temperaturas entre 16 e 20 graus Celsius. Acima dos 25 graus, o calor fica insuportável para o animal, que, para piorar, não tem glândulas de suor. Nessa situação, qualquer um mergulharia de trampolim numa piscina de lama - embora os suínos deem preferência a tocas cavadas no solo quando estão em condições selvagens. 

Até para usar o banheiro o porco tem suas inibições. "Eles defecam somente em alguns lugares, estabelecem 'latrinas' em pontos consensuais, mesmo em ambientes severamente limitados", diz Lyall. Isso pode ser verificado em criações comerciais. "Construímos as baias respeitando o comportamento do animal: o comedouro fica sempre do lado oposto ao do local de defecar e urinar", afirma Jacinta. Se alguns chiqueiros são imundos, é porque os homens os mantêm assim. 


E os cheiros? Eles são essenciais na comunicação entre os suínos, que os produzem aos montes. Cada animal possui espalhadas pelo corpo, nove glândulas que secretam substâncias odoríferas fundamentais para a coesão do grupo. "Membros do mesmo bando, que compartilham muitos dos mesmos genes, acabam por ter um tipo de 'odor de colméia', algo que permite a membros de uma vara reconhecer uns aos outros em um nível inconsciente", afirma Watson. São códigos que nós não temos a capacidade de decifrar - talvez porcos achem repulsivo o aroma do Chanel n° 5. 

O porco leva uma enorme desvantagem em relação aos animais mais comumente associados à noção de inteligência: não possui patas capazes de manipular objetos ou criar instrumentos. Para explorar o mundo, ele se vale de seu focinho, que está longe de ter o tamanho e a diversidade de movimentos da tromba do elefante. Suínos também carecem da agilidade e da rica expressão corporal do golfinho. Porcos são animais presos a um corpo muito pouco especializado. 



OS SUÍNOS PREPARANDO SUA DIETA 


Os porcos precisam se adaptar para aproveitar ao máximo do ambiente quando estão em liberdade. A chave da inteligência suína, segundo Watson, é o hábito de comer de tudo. "Onívoros nunca param de investigar e estão sempre à procura de qualquer coisa que possa lhes trazer alguma vantagem." Essa curiosidade requer uma memória espacial desenvolvida: porcos são aparelhados não só para localizar fontes de alimentos, mas também para achá-las novamente depois de longos intervalos. 

Mesmo que os porcos sejam onívoros (come de tudo) eles também têm preferências alimentares. Na escolha sempre irão optar pelos preferidos. Os grãos, e os alimentos farelados fazem parte das suas preferências. Um verde sempre vai ser bem recebido na sua dieta, embora que estes animais não podem ser comparados como os ruminantes na preferência pelas gramíneas. Mas com certeza a diversidade na alimentação dos suínos deve ser considerada com cautela, pois estes animais não gostam de repetição permanente dos mesmos alimentos. 


Os suínos comem tudo que o homem come, logo, os restos de comida sem estar fermentados é bem aceito por eles. É preciso cuidado, pois os restos de alimentos têm uma facilidade muito grande para entrar em fermentação, prejudicando os animais através de diarreias, que poderiam ser evitadas. Evite colocar alimentos no chão. 

A melhor forma de alimentar os suínos é permitindo que ele busque e encontre seus alimentos. Que eles possam montar sua ração balanceada perambulando em áreas que foram projetadas para atender a esta necessidade, a de procurar e encontrar. Observe em que momento os animais podem entrar no sistema, evite introduzi-los antes da maturação do ambiente. Não esqueçam que eles são exigentes, vão procurar o tempo todo. Pode-se fazer complementos com muitas sobras, mas a melhor forma de alimentá-los, é deixar que eles se alimentem. 

VONTADES, NECESSIDADES, FUNÇÕES E PRODUÇÕES DOS SUÍNOS 

Na permacultura quando nos relacionamos com os animais, três questões vem à tona, na busca de se conhecer para melhor criar. Descobrir as necessidades dos suínos para poder criá-los é de fundamental importância. O atendimento a estas demandas fazem parte das boas práticas no manejo destes animais e de qualquer outro que se quer criá-los. 

AS FUNÇÕES DOS SUÍNOS NOS SISTEMAS PERMACULTURAIS E NATURAIS 

Os suínos demonstram ter vários hábitos diários e alguns de forma permanente durante toda sua existência. Estes animais quando presos sua existência fica limitada apenas ao comer, engordar e excretar resíduos, mas quando em liberdade como vimos anteriormente, exerce várias funções na natureza aumentando exponencialmente seus préstimos ao agro ou ecossistema. Assim, todas as funções frisadas anteriormente é que compõem nesta parte do texto as funções desta espécie. Só que agora em outra dimensão. A primeira os animais estavam em situação selvagem, agora vão estar em um estado de manejo de criação, e todas aquelas funções também precisam ser atendidas, como forma de aumentar as conexões e as parcerias nos sistemas Permaculturais de criação de animais. 

AS NECESSIDADES PARA UM BOM MANEJO ANIMAL 

Como todos os animais os suínos também tem preferências, comportamentos e hábitos que precisam ser atendidos. Estas necessidades eles precisam encontrar no ambiente onde este vai ser criado, e quanto mais natural for projetado este ambiente melhor desempenho terão estes animais. Vejamos algumas destas necessidades: 

· Fuçar – A anatomia do focinho destes animais foi projetada pela natureza para realizar este trabalho. O seu focinho tem uma força enorme para executar esta tarefa. Fuçam, reviram e torna a virar, este hábito natural que é da espécie precisa ser atendido. Em muitas criações este hábito é impedido colocando-se argolas no focinho dos animais. 

· Tomar banho - O nome porco foi muito mal pensado para batizar estes animais, pois são animais muito limpos, gostam de se refrescar. E alguns momentos para se proteger de parasitas e das altas temperaturas gostam de cobrir o corpo com uma camada de argila e água, e não com lama suja e poluída de matéria orgânica em decomposição como normalmente se vê. Este fato é circunstancial, pois não lhe foi oferecido uma mistura de lama higiênica. 


· Roer – Não são roedores, mas gostam de roer cascas. Faz parte de sua dieta natural o consumo de cascas, logo como não tem patas adequadas para executar este serviço termina por usar a sua maior ferramenta de vasculhar, de mexer, de virar que é o focinho. 

· Companhia e de Brincar – São animais muito sociáveis na sua espécie, e quando pequeno adoram brincar com os demais animais. Gostam muito de correr, pular, se sentir livre em grandes espaços de natureza. São de fácil convivência com outras espécies. Não gosta de estar só, precisa de outros animais. 




A PRODUÇÃO E O SABOR EM TORNO DO SACRIFÍCIO 

O sacrifício destes animais gera uma variedade de produções para os seres humanos, daí o grande interesse da sua criação. A carne, principal produto oferecido por estes animais, é uma carne muito saborosa. 


É uma das carnes mais consumidas no mundo. É uma carne de fácil produção e baixo investimento quando os animais são criados em liberdade. 

Geralmente é conhecida como uma carne gorda e que faz mal à saúde, mas é preciso mudar este conceito, pois ela é fonte de proteína, contém várias vitaminas e minerais como ferro, potássio, cálcio, fósforo, vitaminas do complexo B, etc. 

Com relação ao teor de gordura vai depender do corte, por exemplo: lombo, pernil e paleta sem a gordura externa, apresentam baixo teor de gordura. Por isso podem e devem fazer parte do seu cardápio, alternando com os outros tipos de carnes. Quase nada do corpo dos suínos é perdido, existem uma infinidade de subprodutos que tem como base as mais variadas partes do porco. Desde o bacon até ao chouriço são produtos muito apreciados. 

No Brasil um dos pratos mais famoso onde quase todas as partes dos porcos são utilizadas juntas é a feijoada. Prato muito consumido em todas as regiões do Brasil. A nossa feijoada é conhecida internacionalmente, é a pedida nacional para a maioria dos turistas estrangeiros. 



AS INSTALAÇÕES E A LOCALIZAÇÃO ADEQUADA 

O onde localizar as instalações na propriedade é uma questão muito importante para a Permacultura. Instalações mal localizadas aumentam o trabalho além, de se gastar muita energia para atender as demandas dos animais. 

A permacultura não tolera o confinamento. Colocar uma grande quantidade de animais confinados em pequenos espaços é ir de encontro a natureza dos animais. A liberdade de perambular deve ser garantida nas criações domésticas e comerciais. 

O único momento que ainda se concebe alguns animais presos é na fase de limpeza da carne, como os produtores conhecem este momento, onde a animal estava em completa liberdade, alimentando-se de tudo que ele decide comer. Neste momento confina-se este animal para que o organismo do animal expulse qualquer toxina ou qualquer outra substância que possa trazer males para os seres humanos. A expressão utilizada pelos produtores para este procedimento é “limpar a carne”. 

A partir do momento que se confina o animal todas as suas necessidades como beber, comer, limpeza entre outros precisam ser executadas por alguém, aumentando todos os custos. 




As imagens acima mostram formas erradas de manejar os animais. Estes espaços estão mais para uma prisão de animais. 

Na localização da habitação dos animais, evitar colocar muito próximo a casa, evitando possíveis odores que sejam desagradáveis para os seres humanos. De preferência a construção entre a zona 1 e 2, que são espaços que facilitam o manejo dos alimentos e do acesso a piquetes de perambulança. Facilitam também o aproveitamento dos restos e dos desperdícios de ambas as zonas. 

As construções devem ser o mais parecido das habitações naturais. Se possível habitações itinerantes, para facilitar a transferência destas para outros locais nos piquetes de perambulança. 



ÍNDICES ZOOTÉCNICOS DOS SUÍNOS 

Os índices como natalidade, conversão alimentar, taxa de mortalidade, necessidade de espaço, consumo de ração, tempo de abate, entre outros números precisam ser conhecidos para poder se ter um planejamento adequado as necessidades da criação e do manejo que se vai oferecer aos animais. Os números são determinados por índices, taxas, metragens. 


Os suínos fazem parte da história do homem há muito tempo, logo, existe muita informação construída durante este tempo que precisa ser repassada para as próximas gerações que desejam manipular e manejar estes animais. O conhecimento científico é por demais importantes, mas não é o único e o mais certo. Existem resultados de muito sucesso nos casos onde o modelo científico é aplicado, e não se pode negar que existe também uma infinidade de casos onde o saber e a experiência popular, fazem a diferença dos bons resultados. Resultados estes alcançados não pela sorte, mas pela experiência de vida vivida e aplicada adquirida durante centenas de anos. 

A permacultura quer aproximar estes conhecimentos e as sabedorias adquiridas com o tempo, juntando, conectando e criando um híbrido entre ambos. Todas as logias e sabedorias podem conviver juntas, de forma que ambas se ajudem, se complementem, aumentando os resultados econômicos e sem criar tantos impactos no ambiente. Legitimando a experiência de vida do agricultor com o conhecimento cientifico do pesquisador. 

Existe na internet uma infinidade de tabelas, de A ou B pesquisador, ou de um centro ou de outro, orientando as criações comerciais tecnicamente. O que queremos divulgar e conectar são as informações e os conhecimentos, onde com os poucos recursos que se tem , possa fazer o possível e o necessário sem causar tantos danos ao meio ambiente. A referência para trazer os conhecimentos que já se produziu levando em consideração o que se quer praticar deve ser a lógica do criar estes animais ou outros de forma onde os princípios da natureza e o ecossistema local sejam o norte das tomadas de decisões. 

ALGUNS NÚMEROS NECESSÁRIOS PARA PLANEJAR 

· A área necessária por animal nas criações dependerá das condições climáticas da região, das características físicas do solo (drenagem, capacidade de absorção da água e da matéria orgânica disponível e do seu retorno, e do tipo de cobertura do solo em forragem natural ou cultivada, podendo esta área variar de 600 a 900 m² matriz instalada. 

· Um animal adulto consome em média por dia 2 a 2,5 kg de alimentos. 
· O Período médio de gestação é de 114 dias. 
· Período de lactação 35 dias por leitegada. 
· Número de leitegadas por ano deve girar em torno de 1.9 por porca. 
· Quantidade média de esterco produzida por animal adulto dia é de 3,6 kg. 
· Água necessária para a produção de suínos, em função do estado fisiológico, nas diferentes fases produtivas. 

Categoria de suíno                        Aporte médio de água (L/d) 

Leitões (15 kg)                             1,5 – 2 
Suíno (50 kg)                                  5 – 8 
Suíno (90 kg)                                  6 – 9 
Suíno (150 kg)                                7 – 10 
Porca em gestação                        15 – 20 
Porca em lactação                         30 – 40 

Fonte: Bonazzi et al. (2001). 

Este texto não tem a pretensão de esgotar o assunto, foram expostas algumas boas práticas iluminadas pela Permacultura. Pesquise mais, seja mais curioso e permita que os seus animais possam também ter a liberdade de escolher. 

30 de março de 2012


sexta-feira, março 23

Paredes e cercas produtivas - Pequenos sistemas agroalimentares urbanos - Sempre cabendo mais


Antônio Roberto Mendes Pereira 

A natureza precisa fazer parte verdadeiramente da vida das pessoas, especialmente das que vivem nos grandes centros urbanos. A conexão entre homem e natureza precisa ser aumentada. E uma das formas para essa reconexão é por meio do contato direto com a natureza através do plantio de cultivos nos mais variados espaços da casa. Tenha certeza, que, com criatividade, sempre irá caber mais uma planta. 

Otimizar os espaços deveria ser uma palavra de ordem, pois a cada dia a população vem preferindo morar nas cidades, e o preço do m² de chão vem alcançando preços absurdos. Os valores econômicos alcançados destes espaços urbanos levam muitos a se desfazerem de locais onde a natureza era dona absoluta para dar lugar a construções. Fazendo com que desapareçam cada vez mais os espaços naturais, e o cimento vai ocupando o restante dos espaços de natureza que ainda restam. Sabemos que é difícil controlar este “desaparecimento” destes locais de natureza, então como medida paliativa venho propor neste texto a otimização dos espaços que ainda resistem em não se tornar cimentado, como também propor idéias de aproveitamento de espaços, mesmo que já transformados em locais de não natureza. 


Existindo luz natural, é possível preparar espaços para a produção de alimentos. Os demais componentes podem ser oriundos de fora. O solo pode ser trazido, preparado e estimulado a produzir, através do plantio de uma infinidade de cultivos, quer sejam comestíveis, ornamentais ou até de uso medicinal. Temos que entender que quanto mais verde tenha a casa mais estamos ajudando a aumentar a relação estremecida entre homem e natureza e ainda agregando valor aquele m² tão desejado pelo mercado. 


Ocupar espaços sem vida colocando vida é a principal estratégia que se quer com este texto. O brinde que se vai ganhar com esta atitude são as belezas produzidas pelas plantas cultivadas. Uma hortaliça, uma flor, um fruto, todos são presentes que se ganha, além da estética criada pela presença destes seres verdes e coloridos. Faça como a menina do DEDO VERDE. Plante sempre mais. Ocupe mais espaço com o verde vivo. 


Muitas pessoas buscam criar cães, gatos e poucos optam por adotar, ou criar uma planta. Estas, são sempre “escanteadas”, não sei se porque não emitem sons, não latem, não miam. Ambas são obras da natureza. E cada uma tem sua forma própria de manifestar sua presença e de encantar quem dela se aproxima, basta mais um pouco de sensibilidade. 

Com as plantas temos a facilidade de não precisar colocar diariamente comida, apenas um pouco de água, não precisamos dar banho, são pouco exigentes, e com um pouco posso produzir muito. Como exemplo: com um grão de milho veja quantos grãos pode ser produzidos pelo resultado do semeio deste grão. 


Sabemos que não são todos os espaços em que se consegue criar um animal, mas as plantas até em um cantinho, em uma parede ela mostra competência produtiva. 

BORDAS COMO ESPAÇO DE USO 

Na permacultura o principio de borda deve ser bem utilizado. Borda como limite entre dois ambientes diferentes, o limiar deste é a borda, por exemplo, entre o alto e o baixo tem o médio, entre o quente e o frio, tem o morno, entre o grande e o pequeno, tem o mediano. Normalmente nas bordas a riqueza de diversidade é maior, pois além de ter representantes únicos daquele espaço, ainda contém elementos dos dois ambientes que formaram a borda, logo a diversidade tende a ser maior. Com este entendimento precisamos criar o máximo de bordas, aproveitando o limiar entre os espaços que possa existir, quer seja no campo ou na cidade. O muro é uma grande borda que precisa ser aproveitado da melhor forma. 

Em cima do muro ou mesmo na parede deste muro, desde que bem planejado pode servir de um ótimo espaço para produzir uma infinidade de plantas comestíveis ou não. 

A criatividade precisa ser aguçada, para se criar elementos que possam receber as plantas. As paredes já são muito utilizadas para uma infinidade de utilidades desde o criar passarinhos em gaiolas penduras até o uso de adornos domésticos como quadros, pranchas, etc. 


O uso deste espaço, muro e ou parede recebe uma nomenclatura no meio agronômico de agricultura de lugar. É preciso muita criatividade para saber equacionar: 

O Espaço que se tem; 
A Luz oferecida pelo sol; 
O Solo que se tem ou que se importou; 
E a água. 

A resolução desta equação é a produção. Como diz o técnico em agroecologia Geraldo Barbosa “A agricultura é a pergunta, e a colheita é a resposta”. Logo, nestes pequenos espaços a agricultura só pode responder quando esta equação é resolvida satisfatoriamente bem. 


Transformar as paredes ou muros em canteiros de produção exige o uso de tecnologias adequadas. Vejamos algumas idéias que podem ser copiadas ou até servirem de inspiração para novas criatividades e adequações. 


A permacultura tem esta preocupação de ocupar os espaços de forma sustentável, ocupando sem gerar mais gastos com energia e sim aproveitando a que já existe, direcionando e redimensionando a energia do local de forma eficiente e eficaz, onde a energia aplicada seja menor ou igual aos produtos e serviços por ela gerados. E o uso da borda é uma excelente estratégia, de uso eficiente da energia. 

O USO DA TRELIÇA COMO SUPORTE PRODUTIVO 

A treliça é uma tecnologia que se pode consorciar com o princípio de borda. Ela cria componentes produtivos de forma que as plantas podem subir com facilidade, utilizando o espaço vertical. São muito utilizadas como suporte de decoração em festas e até em ambientes domésticos, unindo estética e aproveitamento de espaços. Servindo também como espaço de limite e divisão, gerando em alguns casos privacidade. 


TODA BRECHA PODE SER APROVEITADA, APROVEITE 

Esta é a ideia, não perder espaço para o cimento, e sim ocupar até os espaços por ele ocupados. A vida tem que se sobressair diante do inativo, do imóvel. 


OS VASILHAMES COM CAPACIDADES PRODUTIVAS 

Muitas embalagens podem ser utilizadas para a produção de cultivos na prática da agricultura urbana e de lugar. Várias vantagens podem ser alcançadas com o uso destes invólucros, vejamos alguns: 

· Pode-se ter uma versatilidade na prática do princípio de borda, pois facilmente consegue-se mudar o vasilhame de lugar, criando novas bordas. A praticidade de trocar de lugar ajuda na criação de novas bordas, ajudando criar micro climas que aumentam a diversidade do espaço. 




· Com o uso destes vasilhames consegue-se ocupar uma variedade de espaços muito grande sem ter grandes dificuldades na montagem, é só arrumar distribuindo os vasilhames de forma que todos tenham acesso à luz natural, se possível em 80% desta luz. 


· Encurta a distância entre o vaso e a mesa. A produção de alimentos complementares perde distância, pois se pode até levar o vaso à mesa, tendo seus frutos sendo colhido o mais perto do prato. Embeleza e alimenta sem ter que ir para a geladeira. 

Beleza verde, viva, aprecie! 



Não se esqueça de adequar o recipiente ao que se quer cultivar, pois os sistemas radiculares mudam de planta para planta. Umas exigem recipientes maiores, enquanto outras com pouco volume de solo, já são capazes de produzir. 

Na montagem de um jardim comestível utilizam-se muitas estratégias como: a diversidade, a mistura, a identificação onde localizar, a mistura ideal dos tamanhos, das cores, das necessidades. Sem estas estratégias torna-se complicado os resultados produtivos. O bom senso, a intuição e a lógica biológica da cultura são detalhes que fazem a diferença. 

Tente se comunicar com as plantas, elas expressão o que sentem, passam, e querem. Nós utilizamos a fala, elas utilizam outros meios, observe. 

22 de março de 2012

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