sábado, maio 28

Energias disponíveis na propriedade rural - Usinas naturais



Antônio Roberto Mendes Pereira

Para iniciar este texto se faz necessário introduzir o conceito prático de termodinâmica e entropia, pois todo o desenvolvimento deste trabalho vai estar centrado no ganho e nas perdas de energia nas propriedades rurais.
Termodinâmica é o ramo da física e da química que estuda o calor e suas transformações. Há duas leis básicas. A primeira afirma que o calor é energia e que esta é no universo sempre constante. A segunda afirma que o calor (energia) sempre tem um desgaste não mais recuperável (entropia). Um sistema fechado tende a gastar toda sua energia e a estabilizar-se na morte térmica.

Entropia é o desgaste natural e irreversível da energia de um sistema fechado, tendendo a zero = morte térmica. Entropia mede a ordem das coisas ou a desordem. Quanto maior a ordem, menor a entropia. Quanto maior a desordem, maior a entropia. Então a Entropia cresce no sentido do aumento da desordem.


Em acordo com a segunda lei da termodinâmica, trabalho pode ser completamente convertido em calor, mas calor não pode ser completamente convertido em trabalho. Com a entropia procura-se mensurar a parcela de energia que não pode mais ser transformada em trabalho em transformações termodinâmicas.

Aumentar a desordem significa desperdiçar energia que poderia ser aproveitada como trabalho e, não o sendo, foi simplesmente entregue na forma de calor à fonte fria do sistema, sendo, portanto "desperdiçada" uma vez que, entregue a esta fonte, não pode mais  ser convertida em trabalho.

Sem o entendimento destes dois conceitos e sua ação prática fica difícil entender as relações necessárias para encontrar, captar, transformar e melhor manejar as energias internas de uma propriedade.

Nos meus textos insisto no tema energia. Não é a toa que faço este alerta para os meus leitores. É imperiosa a descoberta de fontes limpas de energia em todos os espaços que frequentamos. Nas propriedades rurais a base da energia que é utilizada é provinda do petróleo, fonte não renovável, que de uma forma indireta podemos dizer que esta sofrendo crises, e o seu esgotamento já é percebido. Muitos países buscam outras fontes de energia para que o desenvolvimento não pare. E o que vemos no dia a dia é o aumento exponencial do uso de mais e mais energia que na sua maioria provinda de fontes não renováveis.

Outra grande fonte de uso de energia é a elétrica provinda das hidroelétricas, que causa grandes impactos ambientais na sua construção e uso. A maioria dos utensílios de uma casa é movida a energia elétrica, energia esta que se paga pelo seu uso. É uma energia cara e que sustenta empresas que não apostam em outras fontes e formas de energia limpa e renovável.



Existe uma infinidade de fontes de energia dentro de uma propriedade rural que poderia ser captada, armazenada e utilizada nas mais diversas tarefas. Mas em muitos casos preferimos pagar pelo uso de uma fonte externa. Pagamos energia elétrica para tirar nossos equipamentos da inércia, pagamos por óleo diesel para mover nossas máquinas, pagamos por gás para termos fogo para cozinhar, enfim pagamos por tudo isso.

Por incrível que pareça em todos os espaços que freqüentamos existe energia em potencial que poderia ser utilizada, ou até transformada em outras formas. Para nos movimentarmos gastamos energia, e em muitos casos gastamos esta energia de forma aleatória, poderíamos gastar nossa energia de maneira muito mais útil. Pode-se atrelar muitas das nossas ações com outras. E com a mesma energia produzir muito mais, ou fazer muito mais.  Um exemplo para entender melhor que digo é quando você utiliza aquele dito popular “matei dois coelhos com uma única cajadada”, quer dizer com um único trabalho realizei duas ações gastando a mesma energia.

Movimentos repetitivos poderiam ser utilizados para gerar outras ações além das que já produzem. Se passamos em um determinado lugar todos os dias dentro da  propriedade poderíamos conectar este passar a um mecanismos que aciona uma máquina que pode executar ações com a energia deste passar e acionar. Racionalize suas ações diárias, faça muito com pouco, trabalhe menos e gere mais ações.


ENERGIA DO ALIMENTO


Uma das primeiras energias a ser mais bem utilizada é a nossa. Os agricultores têm uma cultura de tipos de alimentos a serem ingeridos a depender do tipo de trabalho que vão executar. Os agricultores classificam os alimentos em forte e fraco. O feijão é considerado um alimento forte e pão de feira é considerado fraco, a carne é forte principalmente se for de charque ou (carne seca) como é conhecida em outras regiões do país.

O consumo alimentar expressa as concepções do grupo quanto à relação comida-corpo-trabalho. O alimento considerado forte (feijão com farinha) deve ser consumido pelo homem, que realiza trabalhos pesados com mais dispêndio de energia. A comida deve repor a força para que o homem siga trabalhando.

O alimento considerado mais fraco (leite com tubérculos) deve ser consumido pelo homem quando realiza trabalhos mais leves, com menos dispêndio de força, assim como pelas mulheres e crianças. O alimento forte deve ser consumido pela manhã, pois é neste período que as tarefas mais pesadas são realizadas no campo. Veja no quadro abaixo. O jantar, que será seguido pelo sono, é mais fraco, pois o sono, além de ser não-trabalho, é pensado como restaurador de energias.

ETAPA
MANHÃ
ALMOÇO
JANTAR
Broca
F
F
F
Derruba
F
F
f
Coivara
F
F
f
Plantio
F
F/f
f
Limpa
F
f
f
Colheita
F
F
f

F: alimento forte
f: alimento fraco
F/f: alimento nem forte nem fraco

O problema da alimentação não deveria ser queimar energia simplesmente por queimar e sim como demorar mais tempo utilizando a mesma energia consumida e acumulada. Se demorarmos muito mais para ter que ingerir novamente energia é uma forma de cuidar também da saúde. Logo, como fazer com que o uso da energia corporal renda muito mais? Transforme muito mais? Produza muito mais? Se diz que mais vive, quem menos come.

ENERGIA ESPIRITUAL

A energia espiritual está presente no nosso dia a dia e no nosso entorno. Poucos são os que conseguem acessar estas energias em seu favor e dos outros. Esta energia quando captada e bem canalizada é uma grande fonte de cura, que precisa ser mais utilizada. Os bons fluidos, ou melhor, as boas energias estimulam as pessoas a viver melhor. Não podemos esquecer que a fé remove montanhas (no sentido figurado) imagine o poder desta energia. Esta energia pode ser limpa quando é utilizada para o bem e suja quando é utilizada para fazer o mal.


Existe até formas de descarregar toda esta energia maligna das pessoas. Existem pessoas especialistas neste descarrego ou limpeza como é conhecido. Pense sempre positivo esta atitude atraí energias positivas para tudo que você faz.

ENERGIA DO VENTO (EÓLICA)

O vento movimentando uma árvore é uma energia que poderia ser utilizada, mas normalmente se perde. O balançar de uma árvore pode acionar vários equipamentos, desde que estudado seu uso de forma criativa, poderíamos ter a nosso favor uma grande fonte de energia com uma força fantástica.

Observe a imagem ao lado e perceba a inclinação das copas das árvores, esta energia do vento poderia ser utilizada além do uso nos grandes cata-ventos. Se ela é capaz de mover um cata-vento nesta dimensão para gerar energia elétrica, imagine que outras utilidades poderiam ter? Ele poderia ventilar, moer, puxar, balançar, e acionar vários outros equipamentos só precisam de criatividade. O vento pode mais do que você imagina.

ENERGIA DO MATO OU DA BIOMASSA

Uma grande fonte de energia dentro das propriedades rurais é a biomassa gerada pelo mato que nela cresce. Na visão de muitos produtores mato ou erva daninha como é conhecido é um problema, não se consegue ver o valor energético e tantos outros que esta biomassa pode representar de fonte de energia grátis e econômica. Simplesmente se arranca e se queima. E é só nesse momento é que se sente a quantidade de energia que aquele mato possui concentrado nas suas entranhas através do calor gerado durante sua queimada. É a energia do sol que foi acumulada através da fotossíntese e agora esta sendo devolvida para o ambiente novamente. A perda desta temperatura é um desperdício inconsequente e de grande falta de conhecimento com os elementos da natureza.

O bagaço de vários vegetais é uma importante e barata fonte de energia renovável nas propriedades rurais quando bem planejada a sua produção. Pois de outra forma se ganha por um lado e se perde por outro. Não podemos esquecer que todo produto que sai da terra a empobrece, necessitando se criar uma estratégia de retorno de matéria orgânica para compensar as saídas e as perdas. Este equilíbrio é que precisa ser planejado. As trocas de energia são necessárias internamente na propriedade, mas de forma que gere menos entropia possível.

ENERGIA DO FOGO

O fogo é sim uma grande fonte de energia barata e ao alcance de todos. O viés da preocupação é como utilizar esta energia de forma sustentável e que não aumente a poluição do ambiente.

Muitos utilizam o tronco das arvores para transformar em carvão outra fonte de energia que se tem nas propriedades quando bem manejado. Mas sua retirada de forma aleatória como moeda de troca para se conseguir dinheiro é um dos grandes problemas ambientais. Já existem técnicas de manejo onde se consegue produzir a matéria prima do carvão vegetal de forma menos agressiva e impactante com a natureza. No Sertão Pernambucano, muitas entidades inclusive o Serta vem fazendo formações de produtores neste tipo de manejo da caatinga.

A transformação de madeira em carvão é uma estratégia de potencializar esta energia, pois depois de transformada em carvão a queima do mesmo é mais lenta do que se fosse a madeira em seu estado natural. Este beneficiamento é bem vindo desde que se tenha um planejamento de manejo para as árvores que vão ser derrubadas para a transformação em carvão.

ENERGIA DO ESTERCO

Energia do esterco (gás) normalmente em todas as propriedades rurais a presença de animais sendo criados é frequente. A intenção da exploração comercial da maioria destas criações é direcionada unicamente para a produção de (carne, leite, ovos, etc.), porém pouca intenção tem como foco principal o uso das feses destes animais, não só como fertilizante natural, mas como uma grande fonte de energia que gera energia.

Com as feses dos animais pode-se produzir: energia para clarear, cozinhar, aquecer, desidratar, amadurecer, fertilizar, entre outras. Esta energia gerada a partir destas feses pode e deve ser uma das formas para aumentar a segurança energética dentro da propriedade além de gerar uma economia financeira para a família.

Tecnologias para fazer estas transformações produtivas a partir desta feses existem muitas, bastando unicamente pesquisar. Precisa-se estar atento para adequações destas tecnologias a diversidade de áreas climáticas, pois algumas são mais adequadas para determinado tipo de climas específicos.

As imagens abaixo mostram algumas destas tecnologias que utilizam o esterco como fonte primária para a produção de energias variadas.


                       Biofertilizante integrado a horta (Serta)   Compostagem antes e depois
                           Biodigestor de plástico (Serta)      Reserva de gás do biodigestor (Serta)
                               Biodigestor de tambor (Serta)                      Composto

ENERGIA GRAVITACIONAL

Estar localizado no alto normalmente gera vantagens, vantagem de ver melhor, de ver parte do todo, de perceber quando vem um ataque, além de gerar uma grande quantidade de energia potencial, acumulada e que pode vir a ser utilizada a qualquer momento. Em relação à energia só em estar localizado no alto já tenho um plus de energia acumulada. Qualquer coisa na sua descida gera energia, e quanto mais rápida é esta descida mais energia se produz. A velocidade deste deslocamento para baixo potencializa a energia ora acumulada. E por incrível que pareça normalmente se procura por propriedades que sejam o mais plana possível. Este pensamento precisa ser repensado, calculado, planejado para que esta força cumulativa de energia possa ser viabilizada nas tarefas da propriedade que precisam acontecer.

Imagine a força da água acumulada em uma caixa com água colocada a uma altura de 3 metros de altura e outra a 20 metros, imagine a força gravitacional desta água ao ser aberta uma torneira no seu máximo de vazão. Qual a energia gerada a partir desta força?

Outro exemplo mais elucidativo é a queda de uma pedra com 2 kg caindo de uma altura de 30 metros, como captar esta energia? O que fazer com esta energia? O que esta energia pode gerar de benefícios dentro da propriedade?

A força gravitacional é uma energia que precisa ser pensada com criatividade e percebe-se que são raras as pessoas que vêem desta forma. Que mesmo que não faça, mas pelo menos pensou, repensou, mas ainda não encontraram saídas e alternativas. A esta energia estou dando o nome de energia da altura.

ENERGIA LUNAR

Muitos agricultores utilizam a energia da lua para direcionar várias das suas obrigações diárias. Entre elas tem muitas tarefas que estão direcionadas para o campo. Tarefas como: dia de plantar, hora de plantar, o que plantar são tarefas onde muitos agricultores seguem a força da lua guiando suas ações. Ver AGRICULTURA LUNAR.

A lua tem influência sobre o que acontece aqui na terra, e não apenas sobre as marés. Assim, segundo os sitiantes, não se deve cortar uma árvore durante a lua cheia, caso se queira utilizar a madeira para construções.

Para os agricultores a lua merece respeito e o processo de trabalho agrícola também “respeita a lua”. Na terra, o processo de trabalho é governado pelo pai da família. Mas, a outro governo que vem lá de cima, além do de Deus, embora parte do ordenamento cósmico por ele estabelecido, ao qual o homem se deve subordinar: o da LUA. Conhecer este outro governo e respeitá-lo é condição para que a lavoura seja bem sucedida.

A força da lua – A lua, pouco antes de cheia, esta ganhando força, que é transferida para a terra, tornando forte o que for plantado nesta época, que é uma época forte. Tudo crescerá e ficará duro, resistente. Na minguante, pelo contrário, a lua transmite menos força para terra, e através desta para as plantas. O que for plantado nesta época irá crescer menos em estatura e ficará mais macio. A energia da lua influencia até no cortar de cabelos para muitas mulheres.
Precisa-se aprender mais com a energia lunar, só temos a ganhar com este aprendizado.

ENERGIA DO SOL

É um astro por excelência produtor de energia que alimenta todos os ecossistemas. Sua energia é a mais limpa energia que se pode ter e usar. A sua energia é a base primeira para as todas as outras energias, sem ela estaria complicado a existência de todos os outros seres. Até o próprio vento tem sua origem nos movimentos das massas provocados pela temperatura causada pelo sol.

A produção de biomassa podemos dizer é controlada pela quantidade de luz que as plantas recebem para executar a sua tarefa de alquimia a "fotossíntese". E a partir desta biomassa poderemos ir transformando, transportando a matéria através dos ciclos naturais. Este transformar uma energia em outra pode ser potencializado pelas tecnologias criadas pelo homem.

Através da sua energia podem-se usar várias tecnologias para tirar os corpos ou elementos do seu estado de inércia ou transformando os mesmos a outras apresentações através do beneficiamento.


Tecnologias de base solar

                                   Lampâda de garrafa Pet                    Desidratador de frutas
                                       Fogão solar (Serta)              Desidratador de frutas

A energia do sol precisa ser mais bem utilizada pelos agricultores, no sertão temos mais  ou menos 14 horas de luz e pouco conhecimento se tem de como, e o que fazer com ela. Ela é, nos oferecida religiosamente todos os dias, de graça e para todos, não escolhe, não tem preconceito é dádiva divina de forma natural. Ela é capaz de aquecer, cozinhar, derreter, amadurecer, bronzear, queimar, clarear, esterilizar, evaporar, fundir, fotossintetizar, quer mais?

ENERGIA DO ÓLEO

Muitos óleos vegetais têm uma capacidade grande de se transformar em fontes de combustível. Não é a toa que o programa biodiesel vem crescendo vertiginosamente. Várias oleaginosas podem servir de matéria prima para este tipo de energia (combustível). Muitos agricultores poderiam produzir estas culturas e ter parte da energia necessária para várias tarefas internas a propriedade atendida por esta enrgia. Desde o lampião até a combustão de um motor são as variáveis que esta energia provinda dos vegetais pode oferecer.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

WOORTMANN, Ellen: O trabalho da terra: a lógica e a simbólica da lavoura camponesa Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997.

sexta-feira, maio 20

A posição do sol regendo a agricultura


Antonio Roberto Mendes Pereira

Estamos cotidianamente tão acostumados com o amanhecer e o entardecer que para a maioria das pessoas já não se nota a importância deste clarear e escurecer nas nossas vidas.

Uma parada para reposição das energias gastas faz parte deste fenômeno natural que acontece nunca igual todos os dias. A quantidade de luz que recebemos tem uma grande influência no nosso corpo, comportamento e hábitos culturais. Para quem vive no campo este fenômeno é muito marcante, pois em muitos momentos mudam-se os hábitos diários, adequando-se a cada período das estações do ano. A natureza provoca e exige um comportamento adequado a cada estação ou ciclo. 


Para entender melhor a dinâmica deste fenômeno natural de claro e escuro se faz necessário entender o que é um solstício e um equinócio. Fenômenos estes que em muitos povos são festejados de formas diferentes. Em muitos casos estes fenômenos são esperados para que as atitudes diante da natureza mude, como por exemple “o quando fazer? O que fazer? Como fazer?” todas estas atividades vão ter que ser repensadas, re-planejadas para que se aproveite ao máximo o que cada estação pode oferecer de forma natural e gratuita.

Desarmados de qualquer instrumento, a alternância entre claridade (dia) e escuridão (noite), nos permite estabelecer uma noção de tempo. Em conjunto com essa alternância, nós podemos correlacioná-la com a posição do Sol no horizonte e o trajeto dele ao longo do céu.

A pretensão deste texto não é explorar o porquê acontecem estes fenômenos, mas entender o que este acontecimento influi no nosso comportamento diante da natureza, em especial aos agricultores que recebem uma influencia maior por estar cotidianamente vivenciando os processos naturais do plantar, cultivar, colher e comer. O leitor para entender do ponto de vista astrológico e geográfico é preciso buscar outras fontes de conhecimentos já produzidos e sistematizados.

Até dentro de nossas casas o sol consegue mudar comportamentos e hábitos diários. Uma janela que recebe o sol nunca recebe a luz na mesma intensidade e na mesma posição. Em alguns momentos esta luz esta bem próxima da janela, em outros ela torna-se atrevida e invade espaços bem maiores, levando às vezes os seres que residem nesta habitação trocar objetos e móveis de lugar, ou em alguns casos colocar cortinas para impedir ou diminuir esta intensidade de luz. Agora imagine o que esta luz não é capaz de fazer na agricultura, no desenvolvimento das plantas e dos animais?


O deslocamento do Sol na Linha de Horizonte

A observação do nascimento ou ocaso do Sol na linha do horizonte nos conduz ao seguinte resultado:




A partir desta observação, verifica-se que o Sol desloca-se cotidianamente ao longo do horizonte entre dois extremos máximos, tanto no horizonte do ocaso (o pôr do sol; poente, ocidente) como no horizonte do nascente.

No ocaso solar, nós vemos que o Sol desce com uma inclinação à direita e no caso do nascente, nós verificamos que a inclinação de subida do Sol está à esquerda. A regularidade do deslocamento permitiu ao homem definir um intervalo de tempo designado como ano. O intervalo de um ano corresponde ao Sol sair de sua posição máxima à esquerda, passar pelo ponto médio, e atingir o extremo máximo à direita, para então retornar ao ponto médio e atingir finalmente o ponto máximo à esquerda novamente. A estes pontos extremos máximos e o ponto médio são definidos como: 


Solstício - Do latim: solstitiu = Sol Parado: Correspondem aos extremos máximos do deslocamento do Sol a direita e a esquerda como observado na figura anterior, o qual inverte o seu sentido de deslocamento, portanto o Sol precisa parar seu movimento para retornar ao outro extremo. Ao alcance destes extremos máximos da direita ou esquerda dar-se o nome de solstício. Que pode ser de verão e inverno.

Equinócio - Do latim: aequinoctiu = noite igual: Corresponde ao ponto médio do intervalo de deslocamento, instante no qual o intervalo de duração do período de claridade se iguala ao de escuridão. Ocorrendo este fenômeno duas vezes no ano quando o sol  estiver retornando ao extremo máximo oposto é obrigado a passar pelo ponto médio de igualdade de luz e escuro. Os equinócio pode ser de primavera e outono.
Durante o intervalo de um ano nós temos dois solstícios e dois equinócios desse modo nós podemos dividir o intervalo de um ano em quatro períodos, a saber: Primavera, Verão, Outono e Inverno. Esses períodos são chamados de Estações do Ano. Os nomes foram dados em função das condições climáticas gerais do período dos habitantes das zonas temperadas, tais como:

Primavera - Do latim: primo vere - no começo do verão; Representa a época primeira, a estação que antecede o Verão, para nós estação das flores. Percebe-se que a natureza torna-se colorida a quantidade de insetos que se alimentam do néctar destas flores aumentam, cada flor parece estar convidando a todos para observar sua beleza e sutileza  de misturas adequadas com intenção de fecundação.

Já percebemos que o nosso comportamento muda, é influenciado neste período até parece que é época do acasalamento. Não é a toa que  muitas noivas querem casar na primavera. Tem algo na natureza desta estação que atrai todos os animais para a dança do acasalamento da reprodução. Parece até que a natureza quer nos dizer “plantasse, cultivasse e colhesse, agora que tens alimento pode reproduzir, pois tua segurança alimentar esta garantida reproduzi-vos. Perpetua tua espécie, mas capricha na escolha para que a evolução possa dar um salto de qualidade.

A quantidade de pássaros aumenta, o canto do chamamento do sexo oposto precisa ser ouvido a distancia, logo se canta mais alto, e este comportamento é entendido que se está mais feliz, pois tem mais sons melódicos no ar (cantos dos pássaros) e numa tonalidade mais alta, sugerindo “Me encontra estou aqui a tua espera”. As mulheres se enfeitam mais e muito destes adornos é feito com flores um dos resultados desta estação, como se quisesse assumir o mesmo comportamento animal, só que agora de forma intencional, de caso pensado. Os animais na sua irracionalidade sentem, imitam e acompanham o que a natureza no seu conjunto precisa fazer “Reproduzir”. A primavera é festa para a alma e cabe inteira nas manhãs das flores.

Estação das flores no Sertão

Verão - Do latim vulgar: veranum, o período quente (em latim: "ver", veranuns tempus, tempo primaveril ou primaveral semelhante a vernal, isto é, relativo à primavera. Estação que sucede a Primavera e antecede o Outono. Na região nordeste tempo de pouca ou nenhuma chuva, conhecido por nós os nordestinos de período de seca. Estação que o comportamento das pessoas, dos animais e das plantas se altera, procurando se adequar para a falta ou escassez de água e para o momento do calor. Muitas formas de vidas hibernam para esperar o momento certo para voltar a exercer suas funções na natureza, todos os seres têm um período de tempo a seu favor. 


A natureza quer ensinar, ela tem inúmeras estratégias para este período, mas o homem considerando-se sapiens, Sapiens, insiste em querer saber mais que ela, e sofre o resultado deste comportamento. Tomamos mais água, sentimos mais calor, temos mais frutas, a quantidade de luz diária é intensa, muita claridade, a vegetação muda, se adéqua, estaciona para esperar outro momento, diminui suas atividades, pelo menos para a maioria das plantas. Nas cidades este momento provoca o aumento no gasto de energia paga, onde deveria ser ao contrário, pois a quantidade de sol, que é a maior fonte de energia esta a todo vapor, esbanjando energia na forma de luz e de calor.


Outono - Do latim: autumno. Usualmente conhecida como o tempo da colheita. Normalmente na região nordeste do Brasil é pouco percebido, mas acontece. O não perceber este período deve-se em parte ao pouco conhecimento sobre a natureza. Ela tem detalhes, sinais, evidências que claramente se percebe a estação. Muitas culturas estão no momento de colheita no estágio de maduro durante este período. No sertão nordestino as folhas da caatinga iniciam seu processo de queda, o solo aumenta seu processo de cobertura para consolidar a sua proteção. Estas folhas que caíram, vão mais tarde ao período do inverno tornar-se adubo para as plantas que vão reiniciar seu processo de ativação, saindo da hibernação para algumas, nascimentos para outras e cultivos para as plantadas. Neste período as tarefas cotidianas dos produtores também mudam. Inicia-se o processo de planejamento, separação de sementes, escolha das áreas e preparo da mesma para o plantio da próxima estação produtiva. Este momento é dedicado normalmente a preparação da área para o futuro plantio e  não do solo.

Inverno - Do latim: hibernu, tempus hibernus, tempo hibernal. Associado ao ciclo biológico de alguns animais ao entrar em hibernação e, se recolherem durante o período de frio intenso. Estação que sucede o Outono e antecede a Primavera. Como dito anteriormente em algumas regiões o frio também provoca em algumas espécies a hibernação. Para nós nordestinos momento de renovação da muita vida natural. Com as primeiras chuvas acontece uma explosão em pouquíssimo tempo de vida, primeiro a vegetal e rapidamente a animal também explode com a fartura de alimento gerado a partir da ÁGUA produzindo vida.

Para os agricultores momento do termino da preparação do solo e plantio dos cultivos escolhidos para a estação das águas como também é conhecida. Momento da captação da água nos reservatórios naturais e dos construídos. Água que irá ser a segurança das famílias e das plantas. A primeira é armazenada em variados tipos de depósitos e a segunda deveria ser armazenada no solo, necessitando que o mesmo esteja em condições para que aconteça a infiltração das águas pluviais. Este solo também deveria mudar sua utilização que normalmente é visto como espaço unicamente para a planta ficar em pé, para outras funções inclusive a de absorver toda água das chuvas armazenando na maior caixa d’água “O SOLO”.



A cada uma das estações do ano possui uma data especifica que marca o seu início. A partir do deslocamento do sol, ao longo da linha do horizonte, nós definimos esses quatro instantes como sendo:

HEMISFÉRIO SUL
DATA DE INÍCIO ENTRE OS DIAS
HEMISFÉRIO NORTE
Equinócio de Primavera 
22 e 23 de setembro
Equinócio de Outono
Solstício de Verão
22 e 23 de dezembro 
Solstício de Inverno 
Equinócio de Outono 
20 e 21 de março 
Equinócio de Primavera 
Solstício de Inverno 
22 e 23 de junho 
Solstício de Verão 

Datas aproximadas do início das estações do ano no hemisfério sul:

Hemisfério Sul
§  Dia 21 de dezembro - Início do verão
§  Dia 21 de março - Início do outono
§  Dia 21 de junho - Início do inverno
§  Dia 21 de setembro - Início da primavera

No nordeste por não se perceber nitidamente as quatro estações o calendário de datas do inicio de cada estação altera-se, pois por não se perceber o outono que se inicia em março para nós nordestinos preconiza-se o inicio do inverno. E assim acontece com a primavera que tem seu inicio em setembro para nós é considerado em algumas regiões o inicio do verão.

Nas imagens mais abaixo se percebe a notória influência dos raios do sol na mudança de comportamento cotidiano das pessoas dos animais e dos vegetais. No nordeste a necessidade de água aumenta, e pode aumentar ainda mais, quando os cultivos e as criações escolhidas para serem criadas e cultivadas não são muito adaptadas a este bioma, gerando uma demanda bem maior de água, alimento e fertilizante.

Em alguns versos da música de Luis Gonzaga “Asa Branca” percebe-se a necessidade de mudança de comportamento das pessoas, das plantas e dos animais diante da imposição do sol que devia ser conhecida. O saber conviver no semiárido exige aprender a aprender com a natureza, para poder sobreviver.

Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração.


Como vemos o sol e sua posição exerce uma função muito importante nos processos naturais, igualmente outro astro também tem uma importante influência nos ciclos naturais, é a lua que em outra oportunidade irei escrever sobre esta importância.

Outra importante função de incidência do sol é em relação a inclinação e intensidade que a luz solar pode provocar no solo e nas plantas que nele crescem. A esta função a Permacultura chama de ASPECTO. Para a permacultura é a direção, para a qual a inclinação do terreno estiver voltada: Norte, Sul, Leste ou Oeste.  Esse fator, conjuntamente com a inclinação e a latitude do local, determina a quantidade de irradiação solar direta que o terreno recebe.  Esse fator também sofre a influência de corpos que reflitam ou absorvam a luz (lagos, edificações etc.). Quanto mais irradiação solar, mais quente. Logo, um local ideal, incluiria uma variedade de aspectos e inclinações no mesmo terreno, oportunizando uma maior diversidade de espécies e uma variedade de técnicas.


Para que possamos melhor aproveitar esta energia deste magnífico astro, precisamos aumentar nossa carga de conhecimentos e informações e ser mais observadores da natureza. O negócio não é tirar vantagem da natureza, mas seguir suas recomendações silenciosas e pragmáticas tentando cada vez mais imitar os processos naturais inclusive seus padrões – Ver  A linguagem da natureza.

15 de maio de 2011

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