sexta-feira, junho 22

Os insetos a serviço da agricultura - Parceria necessária e constante


Antônio Roberto Mendes Pereira 

Na história da terra e da humanidade os insetos são mais antigos que a espécie humana, eles tem muito mais história para ser contada, analisada, entendida e copiada. Já passaram por várias provações e estão ai firmes e fortes, resistentes a tudo e a todos. Suportam e ficam muito mais fortes mesmo com o uso dos agrotóxicos, os que escapam ou resistem à aplicação gera proles resistentes ao uso do mesmo. Já criaram mecanismos de sobrevivência nas mais variadas diversidades de ambiente. Estão presentes em todos os espaços e biomas, sem sua presença, muitas espécies de plantas já teriam desaparecido, pois em muitos casos são responsáveis pela polinização, ou melhor, pela perpetuação de muitas espécies. 


São indispensáveis para os ecossistemas e consequetemente também para a agricultura. É uma pena que esta, não é a visão comum que a mídia passa para os espaços cultivados. Na agricultura são sempre rechaçados, e se faz de tudo para aniquilá-los. Sua presença é analisada e interpretada com a certeza de que não vai se conseguir ter produção. 

No manejo de plantios, da agricultura convencional quando se depara com alguns insetos a primeira providência que normalmente se toma é a busca por um agrotóxico que possa eliminá-los evitando o aumento descontrolado. O medo por este aumento se torna até às vezes exagerado, o que prova o pouco conhecimento sobre a vida dos insetos e dos microorganismos. Se nega esta busca por este conhecimento, é mais fácil eliminá-lo utilizando um determinado inseticida ou outros tipos de cida (fungicidas, nematicidas, inseticidas, etc.). E com isto as multinacionais enchem seus cofres à custa do meio ambiente em desequilíbrio. 

Quando bem manejados é garantia certa de produtos e de produção. Garantem uma infinidade de serviços além de servirem também de indicadores de manejo do agroecossistema. Desempenham uma infinidade de serviços ambientais nos espaços naturais como também nos cultivados. 

Deveriam ser entendidos como indicadores de alerta, um sinal vermelho que avisa que estamos fazendo algo de errado. Que o manejo operacionalizado tem algo errado, pois está desencadeando o aumento dos controladores da natureza. Se as plantas cultivadas estão sofrendo um ataque maciço de insetos ou de enfermidades é porque tem muita coisa manejada erradamente. Na natureza os insetos existem, porém de forma controlada, na medida certa, na quantidade ideal, o que faz o aumento desenfreado normalmente é a intervenção errada do ser humano ou de determinados desastres naturais, criando ambientes onde o desequilíbrio foi atingido a níveis que precisam ser controlados pelas forças naturais. E uma das ferramentas destas forças naturais são os insetos, que são rápidos, eficientes e eficazes, não perdem tempo e em curto período aniquilam os erros fazendo com que o ambiente entre em um novo equilíbrio populacional e dinâmico. A natureza seleciona permanentemente os mais fortes com a intenção de gerar e melhorar as espécies, adaptando-as as mudanças que estão ocorrendo no meio, e para isto, uma infinidade de ferramentas de controle é utilizada, e entre elas estão os insetos, os microorganismos, a falta de alimentos, temperatura, excesso de água ou sua falta, entre outros, porém uma das mais eficientes são os insetos e os microorganismos. 

Como tê-los de forma controlada? Já que eles são estritamente necessários nos ecossistemas cultivados ou não. 

ALGUNS SERVIÇOS AMBIENTAIS OFERECIDOS PELOS INSETOS 

Os insetos têm funções específicas em determinadas situações. Eles podem ser polinizadores em determinadas circunstâncias, além de alguns serem predadores de outros, podem também ser podadores, eliminadores, defensores, adubadores, controladores, produtores. Todas estas e mais outras são funções exercidas por vários insetos e até por microorganismos. Precisamos entender mais estas funções e perceber quando este inseto ou microorganismo está sendo prejudicial ao plantio ou se ele está desempenhando outra função no sistema que ainda não entendemos o que é. O manejo integrado de pragas tenta entender e descobrir em que momento e em quantidade ele pode se tornar um problema para o plantio (torna-se praga). A simples presença não lhe confere o grau de ser uma praga. Praga é quando estes insetos aumentam em quantidades e torna-se difícil seu controle. Qualquer inseto ou microorganismo só se torna um problema quando sua nutrição é alterada ou para cima ou para baixo. 

1. POLINIZAR – Muitos insetos ao se alimentarem de néctar e pólen terminam por realizar esta tarefa reprodutiva, ao entrarem em contato com o estigma, com as anteras e com os grãos de pólen das flores (aparelhos reprodutores das plantas). Existe uma infinidade de insetos que prestam este serviço ambiental aos ecossistemas e que muitas vezes por falta de conhecimentos e pelo uso de substâncias para controlar o inseto A ou B terminam por aniquilar, matando estes que desempenhavam tal função. 

Imaginem em um plantio de maracujá que para se ter uma boa produção é necessário muitos insetos para realizarem a polinização das flores, pois de outra forma não se teria os frutos e foi utilizado um agrotóxico para o controle de um determinado inseto, que estão lá para nos avisar que tem algo errado no manejo. Mas, incompreendido são assassinados pelo uso desta substância, matando também os demais que estavam desempenhando sua função de polinização ao se alimentarem do néctar das flores. Por fim atingiu-se todo sistema desencadeando perdas na produção de forma significativa. 



CONTROLAR – Têm algumas espécies de insetos que se alimentam de outros insetos, eles surgem na natureza com a função natural de controlar os excessos da reprodução destas espécies, este controle é feito quando sua fome é saciada. Alguns insetos também podem controlar vegetais, ao se alimentar. Todas as espécies ao encontrar o alimento preferido em fartura tende a aumentar sua prole através da reprodução, e ao baixar a quantidade desse alimento o seu número de representantes volta à normalidade, ou por predação de outros insetos e animais ou pela morte por inanição, ou melhor, por falta de alimento. 

Precisamos entender que os insetos precisam se alimentar para fechar seu ciclo reprodutivo e perpetuar sua espécie. Uma das melhores formas de manter os insetos em taxas de normalidade é através do oferecimento e da presença de alimento. Se lhes damos estas condições, com certeza a procura pelas plantas cultivadas será menor, desde que elas estejam com crescimento e desenvolvimento normal, pois se algum representante se mostra fora do padrão da espécie, a natureza se encarrega de aniquilá-la, sempre com a intenção de perpetuar os melhores exemplares da espécie. 


Em muitos plantios, encontramos plantas que estão sendo atacadas por formigas, lagartas ou outros enquanto outras ao lado estão livres destes ataques. Você já se perguntou por que será que isso acontece? Em muitos casos encontramos formigueiros na borda do plantio de milho, por exemplo, e as formigas que poderiam se alimentar dos pés de milho que estão em volta ou mais perto do formigueiro, mas, ao invés disso, vão à busca de um determinado pé de milho que está lá no meio do plantio, muitas vezes a distâncias enormes do formigueiro. Que conclusão você tira desta situação? Com certeza tem algo haver com a nutrição, ou melhor, com uma nutrição desequilibrada por parte desta planta. 

A teoria da TROFOBIOSE apresentada e escrita por Francis Chaboussou, tenta explicar este comportamento que não só é das formigas, mas da maioria dos insetos e microorganismos. A teoria da trofobiose nos ensina que todo ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado e disponível para ele. A planta ou parte dela, só será atacada por um inseto, ácaro, nematóide ou microorganismo, fungos e bactérias, quando tiver na sua seiva o alimento que eles precisam, principalmente aminoácidos (CHABOUSSOU, 1987). 

Quando alimentamos uma planta com substâncias que tem na sua composição, nutrientes que são rapidamente absorvidos e outros com pouca, cria-se um desequilíbrio na alimentação da planta, permitindo que a mesma não consiga produzir proteínas (proteossíntese), deixando os aminoácidos livres e facilitando a alimentação das pragas e doenças. Já se a alimentação for feita de forma equilibrada, dificilmente haverá problemas de ataque, pois os insetos não conseguem fazer proteólise (quebra das proteínas). 

ESPALHADORES DE FERTILIDADE - A decomposição da matéria orgânica é normalmente realizada pelos microorganismos, insetos e alguns animais. Esta função é por demais importantes. Decompor o vegetal ou animal que já cumpriu sua função no sistema, fazendo com que todos os minerais possam estar disponibilizados novamente para outra planta, não pode ser encarada como uma função nojenta, mal cheirosa, desprezível. Devemos sim, estar muito agradecidos por estes existirem, pois sem eles toda esta matéria orgânica morta estaria entulhada em muitos espaços. 

Neste processo de desmontagem da matéria orgânica, os insetos e os demais decompositores terminam por transportar parte destes minerais em seu intestino para outros espaços, e ao estercarem ou morrerem enriquecem os espaços onde caem. E todo processo volta a ser realizado é um ciclo contínuo e permanente, logo quanto mais vida se tenha, quer seja vegetal ou animal em uma propriedade mais fertilidade fixa e móvel sem têm. 


FOFADOR/MISTURADOR – As minhocas são as mais conhecidas que realizam esta função, mas não é bem verdade que só existam elas realizando tal função. Todos os insetos e microorganismos que habitam o solo executam tal função. Esta função é executada ao se deslocarem em busca de alimento, reviram ,misturam fofam, cavam. Todas estas funções acontecem simultaneamente, não foram preparados só para fazer isto, fazem isto como conseqüência da busca de alimento, da ingestão e da excretação, do seu deslocamento a procura de melhores espaços para sobreviverem cumprindo suas funções ambientais. 


Para muitos produtores entender e aceitar que estes pequenos seres possam realizar esta tarefa de forma mais perfeita que um arado puxado por um animal ou trator é quase inaceitável e inacreditável. Mas, todo solo vivo tem suas camadas mexidas e remexidas diariamente por milhares e milhares destes seres, facilitando a entrada de água, oxigênio para atender as demandas dos vegetais. Dizem que em uma colher sopa de terra boa pode existir mais vida que a população do mundo, imagine todos estes seres se locomovendo, o que são capazes de fazer? 

Como vimos os insetos e microorganismos são verdadeiras ferramentas de equilíbrio nos eco e nos agroecossistemas. São os provocadores do início da vida e do fim da vida de muitos outros seres. É responsável por manter os minerais sempre a disposição dos vegetais. São também os vigias da saúde, dos sistemas, tentam retirar de cena o mais rápido possível os seres que não vão cumprir sua função completa e os que já cumpriram. Fazem também o controle de qualidade dos ecos e agroecossistemas, teve defeito na fabricação precisa ser retirado do sistema, os componentes deste ser precisam voltar a ser mineral e servir de matéria prima para compor outro ser ou seres. Uma boa estratégia de parceria com os insetos e microorganismos é não errar no manejo do ambiente cultivado. Errou ele vai te mostrar que erraste, surgindo com força para retirar o teu erro cometido. Colocou alguma planta em lugar errado, mal localizado, ou em algum solo que não vai atender as necessidades minerais daquele ser, eles vão surgir te dizendo mais uma vez “ERRASTE DE NOVO E VOU ANIQUILÁ-LA, PRESTA ATENÇÃO E APRENDE, SOU SINAL AMARELO DE ATENÇÃO E VERMELHO QUANDO O ERRO É IMPERDOÁVEL”. 

PEQUENAS NOÇÕES DA MORFOLOGIA DOS INSETOS 

Precisamos também conhecer a morfologia de alguns insetos principalmente os ligados as nossas plantas cultivadas presentes na propriedade. A morfologia dos aparelhos bucais nos diz muito sobre seus hábitos e preferências alimentares. Um inseto sugador tem comportamento muito diferente de um mastigador, e os danos causados também são diferentes. Mas as maiorias dos nossos produtores não se dão conta destas especificidades e agem igualmente para combater qualquer inseto. Nem tenta controlá-lo vai logo na tentativa de eliminá-lo. Um inseto sugador torna-se mais fácil de controlar quando a sustância alcança a seiva das plantas, já um mastigador a estratégia deve ser outra. 

OS APARELHOS BUCAIS DOS INSETOS 

Os maiores danos causados pelos insetos é durante sua alimentação. As ferramentas utilizadas para se alimentar que é seu aparelho bucal termina por causar problemas nas plantas, logo precisamos conhecer estes aparelhos na tentativa de conhecer quais os hábitos alimentares dos insetos que estão nos incomodando. 

O aparelho bucal possui modificações segundo a maneira pela qual o inseto se alimenta, ataca ou se defende de inimigos. Desse modo as peças bucais estão adaptadas, conforme o caso, para mastigar, picar, lamber, sugar, roer. Assim, o aparelho bucal pode ser de três tipos: mastigador, lambedor e sugador. 

SUGADOR – formado por uma probóscide, apresentando aspecto de um tubo enrolado sobre si mesmo, desenrolando-se quando o inseto se alimenta. Exemplo – borboletas de modo geral. 

SUGADOR PICADOR – formado por uma projeção tubular semi-rígida, comum em insetos transmissores de doenças (vetores). Exemplo – mosquito Aedes aegypti. 

MASTIGADOR/TRITURADOR – geralmente caracterizando o aparelho bucal dos insetos herbívoros ou predadores. Exemplo- besouros na sua maioria. 

LAMBEDOR – formado por um prolongamento tubular, utilizado na absorção de alimentos líquidos. Exemplo - abelhas 







A REPRODUÇÃO DOS INSETOS 

A grande maioria dos insetos nasce a partir de ovos depositados por sua genitora em locais propícios ao seu desenvolvimento (como em plantas) — o que os classifica como sendo ovíparos. Entretanto, existem casos em que certas espécies de insetos (como a barata (Blatella germanica) nascem imediatamente após a postura dos ovos, o que classifica a tais como sendo ovovivíparos. 

Também existem algumas espécies que são consideradas vivíparas, como é frequente nos pulgões, onde os insetos recém-nascidos saem dos ovos ainda dentro do corpo da mãe. O desenvolvimento acontece na sua maioria por metamorfose, até chegar ao estado de aparência adulta. 

A metamorfose nos insetos é um processo biológico de desenvolvimento pela qual as espécies crescem e mudam de forma. Existem duas formas básicas de metamorfose: a metamorfose completa e a metamorfose incompleta. 







A Permacultura nos convida o tempo inteiro a ser mais observador, a ser mais pesquisador e só agi depois que observar e alargar estes conhecimentos. O alargamento destas informações se dá pesquisando outras fontes, perguntando a outros produtores e percebendo que outras áreas do conhecimento podem ajudar neste alargamento. Embora que a nossa maior fonte de informação vai ser a natureza. Ela pode nos responder a muitas de nossas dúvidas e ainda nos ensina como fazer da melhor maneira possível, causando os menores danos possíveis ao ambiente. 

AS PRAGAS E ENFERMIDADES – MEDIDAS EMERGÊNCIAS 

Enquanto o nosso sistema não entrar no equilíbrio ecológico adequado, muitos insetos podem tornar-se pragas e incomodarem as áreas de plantios. Eles são um aviso, um sinal amarelo de atenção, nos alertando que estamos fazendo algo errado, e que precisamos estar alertas e resolver o problema, descobrindo a causa e não apenas saneando os sintomas que aparecem. 

A primeira medida a ser realizada é estudar o ambiente onde se encontra o problema. Analisando as possíveis causas para se dar o aparecimento dos sintomas. Busque entender as relações que estão acontecendo, ou até a falta destas conexões, pois normalmente esta ausência de conexões leva ao aparecimento demasiado de problemas com insetos ou outros elementos. 

Estratégias que podem ser utilizadas: 

1. Reconhecimento das pragas-chave da cultura – Nem todas as pragas que ocorrem na cultura são necessariamente pragas chaves, ou seja, pragas que causam danos elevados e comprometedores da produção. 

2. Reconhecimento dos inimigos naturais da cultura – Diversos insetos atuam como agentes de controle biológicos e podem reduzir a infestação de pragas nas lavouras, gratuitamente. Por isso a preservação dos mesmos é muito importante. Qualquer uso de inseticidas podem diminuir ou até excluir todos estes controladores naturais. 

3. Amostragem – A determinação da presença de pragas (ovos, larvas, insetos adultos, etc.) e seus danos, bem como a de seus inimigos naturais, devem ser monitorados. Essa é a melhor maneira para o produtor avaliar a real necessidade de controle com métodos alternativos. 

Ao identificar os sintomas procure resolver sempre partindo do principio de aumentar as conexões entre os elementos dificultando o aumento demasiado de insetos tornando-se pragas. Caso não se consiga identificar as causas pode-se recorrer a outras medidas, porém é bom alertar que estas outras medidas têm caráter paliativo, temporário, mas não se está resolvendo com certeza o problema. Está remediando os sintomas e não as causas provocadoras. 

O QUE FAZER COM TANTAS PRAGAS E DOENÇAS NA AGRICULTURA ORGÂNICA, SE NÃO PODE USAR AGROTÓXICO? 

Diante de tantos insetos transformados em pragas para a agricultura, é necessário além das medidas emergências montar estratégias de prevenção, para evitar que estes possam causar danos irreparáveis aos cultivos. Todas estas medidas que vão ser apresentadas contribuem enormemente para a prevenção. Nunca utilize apenas uma medida, pois os insetos são extremamente versáteis aniquilando sua estratégia, por isso sempre é bom a utilização de várias estratégias ao mesmo tempo. 

1. Diversificação e equilíbrio ecológico – diversifique ao máximo o cultivo, esta medida confunde os insetos, além de garantir produção de alguma outra cultura, pois nem sempre o mesmo inseto ataca todas as culturas plantadas. 

2. Inundação do solo – esta medida é utilizada antes do plantio ser realizado como estratégia de controlar insetos ou até microorganismos de solo. É medida que exige cuidados, pois o uso exagerado pode causar problemas no solo como salinização. 

3. Variedades resistentes – esta estratégia já deve fazer parte do planejamento do plantio. A escolha de variedades resistentes deve ser uma estratégia antes do plantio. Traz ótimos resultados quando esta escolha é bem feita. 

4. Consórcios – faz parte da diversificação do plantio, porém tem-se a seguinte lógica, é escolhida uma cultura principal a de interesse maior e as demais entram como estratégia de camuflar a cultura principal, além de servir de plantas armadilhas onde os insetos têm mais preferência, deixando o cultivo principal em paz. 

5. Limpeza manual – depois da cultura implantada pode aparecer insetos, querendo também sua parte. Estes podem ser facilmente controlados manualmente. Esta estratégia funciona perfeitamente em pequenas áreas de plantio, como hortas, jardins. A zona 01 é um ótimo espaço para que esta medida tenha sucesso de uso. Mas sempre lembrando que se existe as pragas tem algo errado no manejo, tente descobrir e corrigir a causa e não o sintoma. 

6. Quebra vento – Os cultivos sofrem muito quando exposto aos ventos intensos, deixam de metabolizar, diminuem a fotossíntese, contribuindo para que a planta não consiga fazer proteossíntese. Os aminoácidos vão estar soltos, livres na seiva da planta contribuindo e atraindo os insetos para este banquete fácil e de grande fartura. O uso de quebra ventos diminui a incidência de ventos diretos nas plantas, permitindo sua alimentação de forma natural e completa. 

7. Caldas e extratos – O uso destes produtos botânicos tem seu valor mais como medida pós o aparecimento das pragas. Pode-se utilizar esta medida, porém buscando imediatamente identificar a causa principal deste desequilíbrio. Estes produtos têm uso limitado, pois seu uso repetido perde rapidamente seu poder, pois os insetos irão se acostumar com seu uso. 

8. Biofertilizantes – Planta bem alimentada é planta forte, os insetos não conseguem quebrar as proteínas, logo fica difícil sua alimentação. O uso de biofertilizante contribui para que as plantas possam fazer proteossíntese, isto é, formar proteínas, compostos formados com o principal alimento dos insetos, os aminoácidos. 

9. Época do plantio – siga sempre os ciclos da natureza, ela tem tempo certo para tudo, inclusive para as plantas que são conhecidas por nós como as SAFRAS. O clima das estações delimita o período propicio para determinadas plantas e ou cultivos. O plantio de uma cultura fora de sua época favorável leva ao aparecimento de pragas e doenças, logo, se faz necessário observar atentamente estes períodos e criar um calendário de plantio respeitando as normas da natureza. 

10. Controle biológico - O controle biológico é dividido em duas áreas: o controle biológico natural, que ocorre em função do próprio potencial de equilíbrio ecológico do sistema de produção. E o controle biológico artificial, executado através de criação de predadores e colonizadores em laboratórios, com posterior aplicação em nível de campo aberto. 




Devemos, pois criar ambientes onde os insetos tenham seus próprios predadores. O aumento de diversidade na área estimula naturalmente o aparecimento dessa pequena fauna de grande utilidade no sistema. Este micro fauna deve ser nossa parceira. Aprenda com ela. Ela com certeza vão ajudar mais do que prejudicar. Pense nisso. 

11. Armadilha luminosa – tem a capacidade de atrair os insetos podendo ser controlados. Gera um gasto com energia, mas tem um efeito interessante. Existem outros tipos de armadilhas além das luminosas, que não utilizam energia. Muitos insetos são atraídos pela luz e por algumas cores. 

12. Eliminação de hospedeiros – algumas plantas conseguem hospedar insetos, que em alguns momentos pode ser bom e em outros podem trazer problemas, disseminando mais do que atraindo. É bom estar alerta, observando atentamente o comportamento destas plantas e dos insetos que dela gostam. 

13. Espaçamento – a distância entre uma planta e outra da mesma cultura, pode influenciar e ate contribuir na disseminação fácil de doenças e pragas. Uma distância adequada diminui este problema. 

14. Eliminação do resto de culturas – Os restos de cultivos que foram atacados severamente com pragas e doenças podem ser grandes vetores e disseminadores. A repetição do mesmo cultivo tendo nas imediações estes restos culturais pode contribuir na reinfestação das doenças e das pragas. 

15. Aeração do ambiente – A copa das plantas muito compacta, fechada pode contribuir para o aparecimento de pragas e doenças, isto acontece devido que muitas folhas não estão conseguindo realizar sua função principal que é a fotossíntese. Esta não prestação de serviço pelas folhas pode facilitar para o aparecimento dos problemas com enfermidades e pragas. Se uma planta foi podada uma vez, ela vai exigir anualmente uma nova poda. 

16. Manejo de água e umidade – O manejo de água afeta diretamente a metabolização das plantas, influenciando a proteossíntese, tornando as plantas frágeis para o ataque de enfermidades e pragas. Manter o solo na capacidade de campo é uma necessidade muito importante para se ter plantas fortes e bem alimentadas. 

17. Matéria orgânica – o retorno de matéria orgânica no solo é vital para manter o equilíbrio da fauna e da flora do solo. A sua falta ou escassez promove o surgimento de microorganismos de solo, tornar-se pragas. Logo, o retorno de matéria orgânica diversificada se faz necessário de forma constante. 

18. Rotação de culturas – é uma das melhores formas de quebrar a sequência e a ocorrência de pragas e doenças. Quebrar este ciclo com a introdução de novas espécies é uma estratégia fantástica e que não pode deixar de acontecer. 

Como vimos os insetos podem ser sim nossos aliados dependendo das circunstâncias que criamos para eles. O conhecimento mais aprofundado sobre os insetos que estão normalmente presentes nos nossos agroecossistemas, principalmente aqueles que estão em maior quantidade, deveria ser uma preocupação conhecê-los. Conhecer seus hábitos, sua metamorfose, seus hábitos alimentares, período de maior incidência são informações preciosas para se poder manipular e controlas o ataque maciço nos nossos cultivos. 

19 de junho de 2012

domingo, junho 10

Diminuindo os custos econômicos da pequena propriedade rural - Economia a partir da capacidade e do que se tem disponível

Antônio Roberto Mendes Pereira 

A maioria do tempo dedicado ao trabalho nas pequenas, médias e grandes propriedades está dedicada à geração de recursos financeiros para manter as necessidades econômicas da família. A moeda da sobrevivência e da qualidade de vida está centrada no R$. O ganho desta moeda é visto e reconhecido como o facilitador para a compra e a manutenção de todas as necessidades da maioria das famílias. 


O sertão atualmente vem sofrendo uma grande seca, que não devia ser algo novo, já que faz parte fenomenológica desta área, mas para muitos se repete a preocupação, como se fosse algo novo, inesperado, onde não é verdade. Já devíamos ter nos acostumado, já devíamos ter aprendido a viver com este fenômeno natural que acontece nesta região. Porém, muitos habitantes desta área principalmente das pequenas propriedades rurais atualmente estão sofrendo crises econômicas e do maior recurso de sobrevivência e de produção “ÁGUA”. 

Este texto é muito pretensioso, ele quer elucidar estratégias e formas de diminuir os custos econômicos de manutenção da vida das pessoas e das plantas e dos animais, aumentando a produção e atendendo as necessidades com produtos oriundos e produzidos internamente nas pequenas propriedades rurais. O que podemos produzir e não comprar, este é o foco deste texto. 

PENSANDO E COMPREENDENDO A ESTRATÉGIA 

Na permacultura o zoneamento pode ajudar muito nesta estratégia de diminuição de gastos ou custos. O maior gasto que se tem em uma propriedade é com a energia para manter as atividades e as necessidades atendidas de forma permanente. 

Todas as zonas (0, 1, 2, 3, 4, 5) têm seu grau de importância, que gera recursos para o meio e para a família. Porém, as zonas onde podemos atuar diretamente na economia de custos são nas zonas, 0, 1, 2 e 3. 

Na casa que é o centro das atividades, podemos diminuir muito as necessidades de comprar ou pagar, por exemplo: 

· Para cozinhar podemos utilizar fogão solares, biodigestor, fornos solares. A diminuição de gastos com a compra do GLP e outros desaparecem. 


· Para aquecer e purificar água pode disponibilizar de aquecedores de água os mais diversos. Além de sistemas de purificação como o sodis e destiladores que tem como fonte de energia o sol. 


· Para gelar ou refrigerar podemos utilizar a geladeira de barro (pot in pot), onde podemos conservar quase todos os alimentos in natura, como frutas, verduras e dizem que até carne ela consegue conservar (porém, ainda não experimentei). 


· Para clarear, podemos utilizar a lâmpada de garrafa pet e para noite pode-se utilizar o gerador de energia de bicicleta onde com alguns minutos de exercícios físicos consegue-se acumular energia em bateria para algumas horas de uso nos mais variados eletrodomésticos ou até lâmpadas, tomadas de força entre outros. 


· Para ventilar pode-se aprender a canalizar vento, através de captadores feitos no alto ou no baixo, onde o vento e a brisa podem melhorar o conforto térmico da casa. Utilizar esta fonte de energia pode significar uma economia grande de recursos financeiros. Temos de graça esta energia e o que precisamos apenas é aprender como lidar e controlar e direcionar ela para onde temos as necessidades a serem atendidas. 

Os mecanismos de captação podem ser do simples ao sofisticado, do barato ao caro, a escolha é sua. Mas, não deixe de utilizar esta fonte de energia que nos é oferecida todos os dias gratuitamente. 


· Para pintar a casa podemos utilizar tintas de terra com corantes de várias plantas para mudar tonalidades e cores. 


· Para impermeabilizar podemos utilizar a baba da palma, que é um polímero natural de ótima aplicação e resultados. Pode-se utilizar esta mistura para impermeabilizar tanques, cisternas, lajes, paredes entre outros. 


· Para construir a casa ou alguns compartimentos extras podemos utilizar a bioconstrução com uma infinidade de técnicas como: adobe, super adobe, COB, taipa de pilão, terra compactada, ate construção de estruturas feitas de geodésica. 




· Para acumular água podemos fazer cisternas de ferro cimento, lagos de tela cimento, ou plastos. 


· Na confecção de móveis podem-se utilizar também técnicas de bioconstrução como o COB, adobe, super adobe e plastos. Pias pré-moldadas podem ser confeccionadas também com plastos ou até ferro cimento. 


· Para espantar pernilongos podemos utilizar as cascas de laranja, que possui ácido cítrico que tem o poder de afugentar alguns tipos de insetos. Podemos utilizar o equipamento elétrico substituindo as pastilhas químicas por pedaços de casca de laranja ou limão cortado no mesmo formato das pastilhas. 

A casca de laranja comum contém um dos elementos o ácido cítrico que é usado na conservação de alimentos e também pode ser utilizado para afastar mosquitos. Além de espantar mesmo a maioria dos mosquitos e pernilongos, deixa um suave aroma de laranja no ambiente e a certeza de que você não está colocando nenhum componente químico artificial no ar de sua casa. 


· Para processar alimentos, podemos utilizar a energia mecânica produzida pela força humana aplicada a uma bicicleta adaptada para executar algumas tarefas. O processar, misturar, mexer, moer podem tranquilamente dispensar a energia elétrica pela energia mecânico-humana. Esta tarefa pode ser executada agregada a outro serviço: o exercício físico, a malhação além de sarar o corpo pode também executar outros serviços concomitantemente. 


· Para limpar, desinfetar utensílios e objetos de forma menos agressivas ao meio ambiente, pode-se utilizar detergentes, sabões e desinfetantes ecológicos, produzidos com substâncias botânicas. Uma limpeza ecológica é realizada como um sistema que permite a utilização de métodos e produtos amigos do ambiente, que pouco deve poluir. A melhor maneira está na escolha dos produtos e equipamentos que vai ser utilizado para a realização desta limpeza, o gasto com energia, e o uso de elementos inorgânicos devem ser muito bem pensado e escolhido. O uso de soluções mais naturais e econômicas é a lógica que precisa ser levada em consideração. Depende de nós, diminuirmos a quantidade de elementos tóxicos que chegam às águas, ao ar e ao solo, através dos ralos das nossas cozinhas e dos nossos banhos e lavagem de roupas, e também do ar da nossa própria casa. 


· Gerando energia elétrica – É uma das grandes necessidades de muitas propriedades rurais. A distância da civilização às vezes é medida pela falta da energia elétrica. Esta energia provoca comodidade, o apertar um interruptor pode fazer a diferença no permanecer ou não na zona rural. Muitas tarefas podem ser executadas por máquinas que facilitam muito a vida das famílias. Em muitas atividades produtivas o ter ou não ter pode significar maior rentabilidade ou não. O ventilar, o refrigerar, o acender pode em pequena escala ser atendido por equipamentos que geram a produção de parte da energia necessária para uma residência. Mas uma vez a bicicleta pode desempenhar esta função atrelada a força da malhação humana. 



OUTRAS ESTRATÉGIAS DE ECONOMIA LOCAL 

DO PRÓXIMO PARA O LONGE – Tudo mais distante normalmente se gasta mais. O ir, o vir, o levar o trazer, são tarefas que quando realizadas em grandes distâncias aumentam muitos as despesas. Uma boa estratégia que pode ajudar muito na economia local é trazendo a produção para o mais próximo de casa possível. Plantar o que se come o mais perto de casa possível deve ser uma das estratégias. Na Permacultura a zona 01 é a área que deve ser dedicada a se tornar o supermercado da família, onde o alimento do consumo de casa deve ser produzido ao máximo nesta área. Ter as necessidades básicas atendidas sem precisar se comprar faz uma diferença fantástica e muito significativa na economia financeira da família. 


SÓ PLANTAR O QUE DÁ PARA CUIDAR – Normalmente a intenção de plantar transcende a quantidade de mão de obra e de tempo que se tem, gerando perdas e consequentemente baixas na produção e na rentabilidade da atividade. Dimensionar corretamente o que se quer cultivar ou criar levando em consideração a disponibilidade de mão de obra, de insumos e de tempo deve fazer parte do planejamento da produção. É comum encontrarmos atividades super dimensionadas na tentativa de fazer mais lucro, e sempre percebo que normalmente os resultados são negativos, precisamos montar estratégias de diminuir os riscos e não de aumentar. 

UTILIZAR AO MÁXIMO O QUE SE TEM- Antes de comprar qualquer insumo verifique primeiro se existe outro elemento que possa atender a demanda sem ter que se comprar. Um dos princípios da permacultura é que cada elemento deve executar várias funções, logo, aplique este princípio e descubra ou identifique outros elementos que possa atender a demanda. Produto similar ou parecido e que desempenhe a função exigida é a estratégia pretendida. 

CRIAR MANEJO DE MENOR INTERVENÇÃO – Qualquer intervenção que se faça no nível de cultivo ou criação, normalmente aumenta as despesas. Uma intervenção também na hora errada aumenta vertiginosamente os gastos principalmente com mão de obra. Por exemplo, tem muitos produtores que durante o cultivo do milho de inverno faz duas a três limpas, enquanto outros produtores mais atentos aos processos naturais já perceberam que uma capina em muitos casos é suficiente, não comprometendo o desempenho produtivo do cultivo e muito menos o retorno financeiro. A estratégia é a hora e o momento certo de aplicar o serviço. 

AUMENTANDO A MISTURA DE PLANTAS - Quando se mistura as culturas aumenta-se a capacidade de lucratividade, pois dificilmente acontecerão prejuízos onde se perca tudo o que foi plantado. É uma garantia o plantio consorciado, além de economizar mão de obra, pois ao mesmo tempo em que manejo uma cultura estarei manejando todas ao mesmo tempo. 


O aumento da rentabilidade e a diminuição das despesas internas de uma propriedade rural dependem em parte dos fenômenos da natureza e da ação planejada ou não do ser humano. Quando investimos tempo e energia no planejamento diminuímos os riscos. Utilizar os recursos que se tem no local é uma condição necessária para a busca da sustentabilidade das propriedades de modo geral. Trazer de fora não deve ser a postura de quem quer criar um ambiente equilibrado e que não deixe de ter por falta de dinheiro. 

10 de junho de 2012

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