sexta-feira, agosto 26

Criando ilhas de fertilidade nas propriedades rurais


Antônio Roberto Mendes Pereira

Um dos textos anteriores “Cardápio da terra” expõe a importância de alimentar o solo antes de alimentar a planta. Pois, o solo é à base da sustentabilidade de qualquer civilização. Em uma propriedade rural que caminha para a sustentabilidade se faz necessário ter mais vegetais (biomassa) que animais, para equilibrar os agroecossistemas. Não podemos perder de vista a importância desta operacionalização. A capacidade de transformar matéria inorgânica morta em matéria orgânica viva é um dos segredos, para o sucesso de qualquer atividade direcionada a produção de alimentos, quer seja vegetal quer seja animal. O sucesso se encontra no domínio destes conhecimentos pertinentes a estes elementos. Não é a toa que venho insistindo nesta temática, pois percebo que o homem quer tirar mais do que a natureza pode lhe oferecer. 

Este novo texto pretende mostrar caminhos de como se pode RE-fertilizar o solo mesmo que não se tenha uma boa quantidade de matéria orgânica disponível. Quais as estratégias que se pode utilizar para que se consiga ir recuperando a fertilidade de áreas da propriedade de forma processual. 

CRIANDO ILHAS DE FERTILIDADE 

O tamanho desta ilhas vai depender de vários fatores. Vai desde a quantidade de mão de obra, até a disponibilidade de matéria orgânica e umidade permanente que se tem. A intenção é criar um arquipélago de muitas ilhas de fertilidade e lentamente ir unindo estas ilhas criando um único bloco de terra fértil. 


Ilhas de fertilidade implantadas no Serta Glória do Goitá 



A primeira Figura representando ilhas isoladas. A imagem da direita representa ilhas se conectando, criando interseções a partir do aumento das áreas. 

1. Escolha pequenos espaços onde a umidade possa ser constante. Esta providência tem uma grande importância, pois sem água é difícil fazer com que as plantas possam se alimentar, elas precisam ter água disponível para que se crie uma solução de minerais, capaz de ser absorvida pela tensão e sucção das raízes. Se quisermos que estas ilhas se desenvolvam rapidamente precisamos estar atento a esta necessidade. Criar habitats aquíferos e ao redor destes fazer transferência de água pelas raízes das plantas. Buracos onde a água superficial possa escorrer sendo acumulada para posterior absorção e transferência para as plantas. 

Uma tecnologia que pode ser utilizada na criação destas ilhas é o circulo de bananeiras. 

Para aprender a fazer, acesse: 


2. Nestas ilhas precisamos montar um microclima para que as plantas não sofram com mudanças bruscas de temperatura. Estas ilhas necessitam ter um clima ameno e o solo bem protegido. Para se criar este microclima é necessário cultivar plantas de várias espécies e de tamanhos variados ao mesmo tempo. Se exige também uma proteção para o solo através de cobertura verde ou morta. Esta cobertura ajuda a manter a umidade através do impedimento de evaporação da água do solo, além é claro de servir posteriormente, de adubo pós-decomposição, completa. 

3. O solo precisa ser fofo, grumoso e toda esta qualidade se conseguem com a incorporação permanente de matéria orgânica diversificada. A qualidade desta matéria orgânica não deve ser de fácil decomposição, que ela consiga demorar certo tempo para que a sua total decomposição aconteça. Este pré-requisito é para que se possa através desta decomposição formar geleia bacteriana que consegue agregar às partículas do solo, formando grumos estáveis a água, permitindo que este solo torne-se fofo, solto e com ótimo poder de infiltração de ar e água, mantendo toda vida do solo viva e ativa. 


4. O uso do pó de rocha é bem vindo. Pode-se aumentar a presença de minerais macro e micro através do uso dos pós de rocha. Já que as ilhas são pequenos espaços, torna-se mais fácil o uso desta tecnologia. Pode-se utilizar o pó de qualquer pedra, mas deve-se dar preferência pelas pedras mais escuras, pela grande presença de minerais. Utilize as pedras que existem na sua propriedade, não desperdice este insumo natural e mineral presente na sua área. Alerta! Vida é mineral animado. Lembre-se se quisermos que plantas desenvolvidas estejam presentes nestas ilhas se faz necessário entender que quanto mais desenvolvido mais diversidade de minerais ele exige para compor sua dieta. Saiba também que quem produz um bom alimento de ótima qualidade biológica é o ambiente em que ele foi produzido. 

5. A área precisa ser cultivada com plantas diversas, mas não podemos esquecer-nos de utilizar plantas leguminosas que conseguem fazer simbiose com bactérias nitrificadoras. Quanto mais minerais disponíveis na ilha melhor para o desenvolvimento das plantas. É bom também deixar que cresçam plantas não cultivadas, conhecidas como ervas daninhas, pois elas serão nossos indicadores da qualidade da nossa intervenção na fertilidade da ilha. Estas plantas podem nos mostrar quais minerais estão faltando ou desequilibrados, se o solo tem compactação, e até presença de pragas. 

6. Na inclusão de diversidade vegetal não se esqueça de introduzir plantas que exerçam a função de descompactar solos, de raiz pivotante para quebrar camadas de solo duro ou compactado a exemplo do feijão guandu e algumas crotalárias. 

7. Introduza também minhocas para que elas possam servir de arado revolvendo e mesclando toda a matéria orgânica presente na ilha. Além desta tarefa elas aumentam e alguns traços de alguns minerais através do seu trato intestinal. 


As minhocas conseguem devolver a terra 5,5 vezes mais nitrogênio, 2 vezes mais cálcio, 2,5 vezes mais Magnésio; 7 vezes mais fósforo e 11 vezes mais potássio do que contém o solo de que se alimenta. 

8. Quanto mais no centro destas ilhas cultive as plantas mais exigentes em água e nas bordas as menos. As plantas de bordas também devem suportar mais luminosidade e temperatura solar. Os vegetais mais sensíveis devem estar localizados mais centralmente nestas ilhas, onde a proteção é bem maior que nas bordas. 

9. Estas ilhas devem ter ambientes que atraiam animais controladores de insetos e indicadores de condições biológicas adequadas. Os sapos, pererecas e lagartixas devem compor este espaço. Logo, precisamos criar ambientes para que os mesmos possam ser atraídos e ter suas necessidades atendidas. Ambientes úmidos facilmente atraem anfíbios, e locas de pedras arrumadas com este propósito tranquilamente vão ser abrigos de lagartixas, que são grandes controladores de insetos. 


10. Inclua plantas aromáticas para equilibrar o agroecossistema, como também plantas de flores que atraiam insetos polinizadores como abelhas, mangangavas, entre outros. A simples presença destes insetos executando esta função aumenta a quantidade produzida de frutos nas ilhas. Para atrair os mangangavas bastam disponibilizar troncos velhos pendurados, são ótimos abrigos para estes insetos, grandes polinizadores. 



11. Quando as ilhas forem criando conexões com as demais, inclua animais domésticos que se adéqüem ao ambiente projetado. Observe quais os animais que devem fazer parte deste ambiente no estágio em que se encontram cada ilha, evitando que a presença destes possa criar retrocessos no processo que se estar instalando. 

12. Não observe os espaçamentos e sim o sistema radicular destas plantas, quanto mais sistemas radiculares diferentes melhor para não haver super exploração do mesmo espaço de solo, evitando o desbalanceamento dos minerais neste espaço através da absorção intensa de um mineral em relação aos demais. 

13. Inicie o processo de montar ilhas, a partir da área mais próxima da casa e vá se afastando aumentando as conexões e a exigência de trabalho processualmente e não apressadamente. 

14. Descubra as exigências nutricionais das plantas que vão ser cultivadas e vá adequando o ambiente da ilha. Por exemplo, bananas adoram potássio, logo a introdução de cinzas de madeira vai poder atender esta demanda nutricional. 

Nestas ilhas precisamos ter em nosso favor: 

· O clima, 
· O solo, 
· A quantidade de água e 
· Os insetos. 

Todos estes fatores devem fazer parte deste sistema de forma equilibrada. E todos estes fatores podem ser implantados através de um bom manejo ecológico. Estas ilhas devem ter e ser uma comunidade entrelaçada organicamente de plantas, animais e microrganismos além de aproveitar ao máximo a montagem das estruturas geográficas. microrganismos
Monte sua primeira ilha, e aprenda a se relacionar melhor com a natureza e com suas conexões. 

15 de agosto de 2011

sexta-feira, agosto 19

Sistema de produção na contra mão da natureza



Antônio Roberto Mendes Pereira

A necessidade de se entender a lógica utilizada na operacionalização dos sistemas de produção praticados pelos produtores é de fundamental importância. Sem esta compreensão fica difícil verificar onde está se cometendo erros, enganos, prejudicando todo o agroecossistemas cultivado e os ecossistemas. 

Este texto tem a intenção de contextualizar todas as etapas que a maioria dos produtores utiliza desde o preparo da terra até a colheita. É uma tentativa didática de facilitar a compreensão da lógica que já esta montada e que vem sendo repassada de pai para filho criando uma cultura, que a meu ver, vem contribuindo para êxodo rural através das baixas produções de forma sucessiva. Além de prejudicar todo o meio ambiente em prol de lucros para empresas de venda de insumos. 

CONTEXTUALIZANDO O SISTEMA DE PRODUÇÃO








































































































Repense, reveja, reoriente, reeduque, ou melhor, ECOLOGIZE-SE!

08 de agosto de 2011

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