sexta-feira, dezembro 16

A farmácia verde da propriedade rural - O tratamento e a cura através das plantas

 Antônio Roberto Mendes Pereira 

Quem nunca durante a infância não foi beneficiado através do uso de um chá, de uma infusão, ou de um lambedor caseiro? Remédios simples de fazer e que tinham efeitos surpreendentes na cura de muitos males. Remédios sem custo ou de baixo custo e muitas vezes doados pelos vizinhos, ou até sendo plantas cultivadas pela vovó no quintal da casa e muitas vezes no jardim ou até mesmo em latas ou outros recipientes. 


Na história escrita, o estudo das plantas medicinais data de mais de 5 mil anos atrás, primeiramente realizado pelos Sumérios, que descreveram usos medicinais de diversas plantas. Sabe-se que a medicina egípcia, de 1000AC utilizava alho, ópio, menta e outras ervas na cura. O Velho Testamento também menciona uso e cultivo de plantas medicinais, incluindo mandrágoras, alcaravias, trigo, cevada e centeio. 


Indianos e chineses usaram e ainda usam plantas medicinais em suas variadas técnicas de medicina, dentre elas a Ayurveda, medicina indiana que emprega ervas na cura. 

As plantas medicinais sempre fizeram parte da história da humanidade, e muitos dos medicamentos utilizados têm como insumo básico folhas, cascas, flores, sementes e raízes. Como se observa todas as partes das plantas é utilizado para a manipulação de medicamentos e remédios, dependendo apenas da espécie e da variedade da planta que irá tratar determinado problema de saúde. 

As plantas curam através de determinados princípios ativos que estão presentes na sua composição, e do seu poder alimentício que consegue restaurar os desequilíbrios que estão acontecendo, trazendo novamente o equilíbrio ou como nós conhecemos a SAÚDE. 

O conceito de principio ativo é aquela substância que exerce o efeito farmacológico sobre o nosso organismo, assim nas plantas medicinais, tendo efeito curativo ou de prevenção em relação a determinadas enfermidades. 


Antes do advento da medicina como ciência as plantas faziam parte da vida cotidiana das pessoas como alimento, como remédios e como alucinógenos em rituais religiosos ou não. 

Como foram descobertas as propriedades destas plantas não se sabe ao certo, mas com certeza a intuição o instinto a observação e a experiência do testar contribuíram para a descoberta destas propriedades no tratamento de A ou B enfermidade. E todas estas descobertas que às vezes não eram escritas, registradas foram sendo transmitidas de geração em geração através da tradição oral. Hoje já com muitos registros, continuam fazendo parte da vida de algumas pessoas, porém é triste dizer, mas esta cultura está sendo esquecida pela maioria das pessoas, sendo substituídas pelos medicamentos alopáticos. 

Atualmente nos centros urbanos a prática do uso das plantas medicinais está em esquecimento, ou melhor, em desuso. O uso da fitoterapia ainda encontra muitos adeptos nas áreas rurais, primeiro pela cultura que ainda resiste e em muitos casos pela dificuldade desta população de ter acesso as farmácias devido à distância dos centros urbanos, e para muitos pelos poucos recursos econômicos. 

Este texto pretende trazer o repensar do uso destas plantas como a base da prevenção e até em alguns casos como o primeiro tratamento a ser utilizado. A fitoterapia precisa ser reutilizada como tratamentos alternativos na primeira estância e para que isto aconteça se faz necessário a reimplantação das hortas de plantas medicinais nas propriedades rurais. Montar a farmácia verde é a primeira intenção deste texto. Voltar a ter as ervas para o chá, para a infusão, e até para os banhos. 





ONDE LOCALIZAR A FARMÁCIA DE PLANTAS? 

A melhor localização é na Zona 01, o mais próximo da casa possível. Imagine uma necessidade de fazer um chá de madrugada, doença não escolhe hora. Logo, é bom montar esta, sempre perto da casa e de preferência perto da porta da cozinha, facilitando a colheita, e o cuidar. Não instalar a horta em local onde leve poeira de passagem de veículos, isto é próximo a estrada interna e externa. 

O solo para horta deve ser o da melhor qualidade, se este não for precisa ser feito. As plantas devem crescer em local sadio e fértil para que sua qualidade biológica seja perfeita e completa, ela precisa produzir todos os princípios ativos da sua espécie. 


O TAMANHO DA FARMÁCIA – O tamanho vai estar muito ligado ao espaço que se tem ao tamanho da família, ao tempo que se dispõe para manejar esta horta, e o consumo de ervas da família. Levando em consideração estes critérios fica fácil mensurar o tamanho necessário para a montagem da farmácia de plantas medicinais. Cultive apenas o necessário e deixe espaço para que a natureza possa também partilhar deste espaço com as plantas nativas e espontâneas. 

OS CONSÓRCIOS SUGERIDOS – As plantas medicinais podem ser consorciadas com hortaliças. É um consorcio interessante, pois muitas plantas medicinais produzem aromas que afugentam insetos que poderia atacar as hortaliças, e em compensação as hortaliças por ter normalmente longevidade curta, produz sombra, e muita biomassa que vai ajudar na fertilização das plantas medicinais. 

A diversificação protege a quem dela faz parte, quer seja as próprias plantas, como também quem dela se alimenta. Logo, é interessante praticar esta diversidade em todos os espaços produtivos. Misture a vontade e descubra as parcerias mais benéficas entre as plantas. 




O FORMATO DOS CANTEIROS – Quanto mais espontâneos forem os formatos melhor, pense nos padrões que a natureza utiliza, para caber o máximo no menor espaço. Que tal no formato dos lóculos dos tomates, ou da parte interna do mamão. 



É bom lembrar que as formas arredondadas aumentam a quantidade de plantas por unidade de área, é uma das estratégias da natureza para aumentar a quantidade de vida na área o máximo possível. 

SABEDORIA REPASSADA DE MÃE PARA FILHA – A ancestralidade das experiências, dos erros e acertos, dos conhecimentos produzidos durante dezenas de anos, garante de certa forma muita sabedoria que precisa ter continuidade, sendo repassada para outros e outros. No caso da cura pelas plantas existe muito conhecimento produzido. Na escolha da planta, da parte da planta, da quantidade da parte da planta, de quanto em quanto tempo, a quantidade a ser ingerida, toda esta sabedoria está presente em muitas pessoas, principalmente as mais idosas, não podemos deixar que este conhecimento não seja perpetuado. 


A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que 80% da população dos países em desenvolvimento fazem uso de práticas tradicionais nos cuidados básicos à saúde. Deste universo, 85% usam plantas ou preparados. O Brasil, apesar da ampla tradição no uso de plantas com finalidade terapêutica, tem investido muito pouco nessa área. Resultado disso é que apenas 10 das 60 plantas registradas pela ANVISA são nativas. (http://www.isaude.net

PLANTAS INDICADAS PARA CURAS – Em toda casa existe sempre uma farmácia, em algumas pequenas, já em outras mais arrojadas, mais completa. Mais sempre existem produtos medicamentosos armazenados, quer sejam alopatas ou fitoterápicos (folhas desidratadas, cascas, sementes, etc.). 

Os critérios utilizados ou levados em conta na seleção destes medicamentos são vários, entre eles está o estado da saúde da família, se é uma família sadia, que não adoece com facilidade, a variedade destes medicamentos é pouca, já em outras onde normalmente a saúde é mais frágil, esta quantidade é maior, e se nessas famílias existir pessoas hipocondríacas esta quantidade é exagerada. Hipocondria é o medo persistente de se ter uma doença séria. Uma pessoa com este distúrbio tende a interpretar sensações normais, funções corporais e sintomas leves como um sinal de uma doença grave. 


Outro critério de escolha é uma seleção das doenças mais comuns que afligem a maioria da população, escolha esta também que pode variar de pessoa a pessoa, de família para família. Esta escolha pode ser considerada também como o de armazenamento da prevenção, ou até do tratamento alternativo. 

Alguns destes remédios são comprados outros são fabricados pela própria família, como no caso dos lambedores. 

Lista de algumas plantas fitoterápicas que em toda farmácia verde (nordeste do Brasil) deveria existir, logo esta escolha também é guiada por uma infinidade de informações e observações. A forma da apresentação será: 

PROBLEMA – PLANTAS INDICADAS – NOME CIENTÍFICO 


SAÚDE COMEÇA NO PRATO – Nossa saúde depende diretamente do que comemos logo, podemos concluir que a saúde começa no prato. A prevenção inicia-se na nossa dieta diária, no que escolhemos para cultivar, e também na forma de como cultivamos estes alimentos (sistema de produção utilizado). 

As plantas têm um poder incrível, elas conseguem resolver uma infinidade de problemas das nossas necessidades: 

· Oxigena-nos; 
· Alimenta-nos; 
· Cura-nos 
· Protege-nos 
· Etc. 



ÓTIMO NEGÓCIO – Além de todos estes benefícios, é um ótimo negócio a comercialização de plantas medicinais. A procura ainda é grande, além do mais que muitas empresas farmacêuticas estão a procura de fazer parcerias com agricultores para produzir determinadas ervas de seu interesse. É mais uma fonte de renda para a família, quando bem planejada. 




Como vemos a natureza proporciona ao homem uma infinidade de plantas com valores medicinais. E a flora brasileira é uma rica fonte de ervas que podem auxiliar no tratamento e prevenção de vários males. Se nossos ancestrais contavam apenas com o conhecimento empírico, nós, hoje, dispomos de pesquisas científicas que comprovam as propriedades medicinais de várias plantas, atestando, em alguns casos, sua eficiência. 

Do ponto de vista do consumo, é importante ressaltar que, ao contrário do que muitos imaginam, algumas plantas fazem mal à saúde. Portanto, o uso de plantas medicinais não deve ser indiscriminado. Algumas espécies são muito parecidas e corre-se o risco de, por engano, ingerir uma que é perigosa e não benéfica. Nunca se devem usar plantas para fazer chás sem que se tenha certeza de sua origem e seus possíveis efeitos. Ervas não são medicamentos. Nenhum tratamento deve ser feito sem o acompanhamento médico profissional. 

Remédios são os recursos ou expedientes para curar ou aliviar o desconforto e a enfermidade. Os medicamentos são substâncias ou preparações que se utilizam como remédio, elaborados em farmácias ou indústrias farmacêuticas que atendem especificações técnicas e legais. Assim, um preparado caseiro com plantas medicinais pode ser um remédio, mas ainda não é um medicamento, não pode esquecer-se deste detalhe. Logo, precaução se faz necessário. 

Estimule-se e monte sua farmácia verde, só assim você vai conhecer mais as plantas selecionadas para compor sua farmácia para problemas que possam surgir repentinamente. E não esqueça! a falta de um espaço específico não poderá ser justificativa para não ter a farmácia. Vá à feira e transforme as suas compras alimentares também na sua farmácia. Seu corpo é o que você come e ingere. 


15 de dezembro de 2011

2 comentários:

  1. Achei fantástico o teu blog! Ajudou muito na elaboração do meu projeto de um sítio pedagógico( Jardim Medicinal) na Escola. Estamos em fase de construção! Parabéns pelo trabalho!

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  2. Excelente texto! Agradeço o compartilhamento!

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