sexta-feira, janeiro 6

Manejando o vento - Força e utilidade a disposição

 Antônio Roberto Mendes Pereira 

As energias que transitam nas propriedades rurais precisam ser mais utilizadas, muitas destas formas de energia se perdem todos os dias sem que se faça algo para utilizá-las em algum serviço interno. Existem tipos de energias que acontecem mais em uma determinada estação do ano, nestes momentos sua eficiência está em alta, podendo nos ajudar na execução de vários serviços braçais nas propriedades, gerando produção sem custo. 

Neste texto vou explorar um pouco uma grande fonte energética gratuita que a natureza nos oferece e que muitas vezes é mal entendida, isto é, só se vê os efeitos negativos da incidência da mesma. Esta energia em potencial é o VENTO, ou como é chamada de energia eólica. 


Esta energia quando seu uso é bem planejado, pode executar uma infinidade de atividades como: 

· Ventilar; 
· Secar; 
· Moer; 
· Empurrar; 
· Gerar energia elétrica; 
· Puxar; 
· Disseminar; 
· Oxigenar. 

Todas estas formas energéticas podem ser utilizadas. É claro que vai precisar de equipamentos para poder captar e direcionar para a atividade que se quer operacionalizar. 

Para poder manipular o vento em nosso favor é necessário conhecer mais um pouco sobre esta fonte energética. É invisível, e só nota sua presença quando brinca com as folhas. Conhecido também como massa de ar quente ou fria. Quando está quente é leve e sobe, quando está fria, fica pesado e desce. Nestes movimentos de expandir, subir, contrair, descer é que nasce o vento. Logo, o um dos maiores responsável pelo surgimento do vento é o sol, quando aquece a massa de ar. 

Onde está frio o vento quer esquentar, onde há calor ele quer esfriar – é o agente restaurador do equilíbrio barométrico, isto é, do equilíbrio das pressões. Por isso é restaurador dos equilíbrios. 

O vento corresponde ao deslocamento do ar, que migra das regiões de alta pressão atmosférica para pontos onde esta pressão é inferior. 

Nas civilizações humanas na antiguidade, o vento inspirou a mitologia, influenciando os eventos da história, ampliou o leque de transporte e também da guerra, forneceu com uma fonte de energia: energia eólica para o trabalho mecânico, na eletricidade, e no lazer. 

O vento tem poderes como das viagens de veleiros através dos oceanos da Terra a exemplo da descoberta do Brasil. O Balão de ar quente usa o vento para fazer viagens curtas. Quando os ventos se tornaram fortes, as árvores e estruturas feitas pelo homem são danificadas ou destruídas. 


Os ventos podem moldar acidentes geográficos, através de uma variedade de processos eólicos tais como a formação de solos férteis pela erosão. 

O vento, também afeta a propagação do fogo. Ele dispersa sementes de várias plantas, permitindo a sobrevivência e dispersão dessas espécies de plantas, bem como populações de insetos voando. Quando combinada com temperaturas baixas, o vento tem um impacto negativo sobre os animais; afeta a produção de alimento dos animais, bem como a sua caça e estratégias defensivas. 

A velocidade do vento é medida com aparelhos chamados anemômetros. Esses aparelhos, normalmente possuem três ou mais pás girando ao redor de um pólo vertical. Quanto mais rápido for esse giro, maior é a velocidade do deslocamento do ar. A quantificação desses dados é feita através da Escala de Beaufort, que possibilita realizar uma estimativa da velocidade através da observação visual, sem necessariamente fazer uso de aparelhos. 

EM QUE O VENTO PODE INTERFERIR EM UMA PROPRIEDADE RURAL? 
DE FORMA NEGATIVA 

A permacultura trabalha com as energias internas da propriedade através do zoneamento de toda a propriedade, mas também trabalha com as energias vindas de fora da propriedade através da observação dos setores. O vento na sua maioria é uma energia que vem de fora, logo precisamos identificar de qual setor ou orientação cardeal vêm estes ventos, para melhor saber como utilizá-lo. 

1. Uma primeira interferência em que o vento pode contribuir negativamente é no ressecamento do solo. A exposição do solo ao vento provoca o seu ressecamento de forma rápida e intensa. O uso de quebra ventos e de cobertura vegetal morta ou viva são medidas que impedem este ressecamento. Lembre-se, nesta situação o vento não é o causador mais o agente do ressecamento. A causa vai ser o manejo que está se dando ao solo, colocando-o em exposição direta aos ventos e ao sol. Quem seca o solo mais rápido não é tanto o sol, mas o vento. 


2. A incidência do vento diretamente nos cultivos impede a metabolização adequada das plantas, diminuindo a produção das colheitas. A brisa agradável que refresca os dias quentes é justamente a razão de colheitas menores. O vento leva muita umidade e gás carbônico e, embora as plantas possam absorver os nutrientes, não conseguem metabolizá-los. Assim, suas folhas são ricas, mas as plantas crescem pouco, comprometendo a produção. 

O problema não é o vento frio ou quente, mas simplesmente a constante varredura da umidade e do CO2. E como as plantas crescem menos, produzindo menos matéria orgânica, também a devolução de matéria orgânica é baixa, contribuindo para que o ambiente radicular fique mais pobre, e perca sua bioestrutura. 


3. Aumento de partículas de poeira em suspensão- este problema aflige muitas propriedades rurais, causando problemas alérgicos, e respiratórios em muitas pessoas. Todo este mal, é evitado com a presença de solos cultivados e bem protegidos além do uso de quebra ventos localizados em determinadas circunstâncias que protegem as habitações a estas partículas. Grãos de pólen também provocam alergias, e espirros repentinos. 


4. Transferência de maus odores - o vento é um ótimo veículo para este tipo de disseminação. Uma localização errada, por exemplo, de um lixeiro pode-se potencializar a dispersão destes maus odores. Até mesmo a veiculação de agrotóxicos, transferindo estes odores exterminadores de vida e poluentes para as áreas de habitação e trânsito de pessoas. Sem esquecer o uso do fogo, produzindo fumaça em excesso. Poluição do ar disseminada pelo vento. 



5. Muitas enfermidades podem ser disseminadas pelo vento. Em uma propriedade rural muita doenças de plantas são transmitidas para outras através do vento e da proximidade com as enfermas. Logo, é preciso estar alerta para esta possibilidade real. Temperatura, umidade é o ambiente propício para que tudo possa ocorrer mais rápido e com pouca possibilidade de controle. 



EM QUE O VENTO PODE INTERFERIR EM UMA PROPRIEDADE RURAL? 
DE FORMA POSITIVA 

1. Gerar energia talvez seja uma das maiores utilidades do vento em uma propriedade rural. Transformar o vento em energia para movimentar cata-ventos ou outros equipamentos que possam gerar energia é fantástico. Embora que os cata ventos ainda é um equipamento que quebra muito devido a força do vento e o controle desta força. Não se consegue prever a quantidade de força em determinado momento, e os equipamentos terminam por não aguentar a intensidade desta força. Poderia ser mais utilizada esta energia, mas já existem equipamentos que possui grande quantidade de conhecimento aplicado, como é o caso de grandes hélices geradoras de energia, porém de custo altíssimo, não atendendo a demanda dos pequenos agricultores. 


Esta força energética pode ser utilizada para gerar energia elétrica, gerar força para bombear água de um poço de certa profundidade, pode colocar em movimento uma máquina forrageira, mover um moinho, entre outros equipamentos, todos saindo do estado de repouso através da força do vento. 

2. Uma das mais antigas funções do vento é a de secar roupas, talvez seja uma das mais utilizadas. O vento tem a capacidade de retirar a umidade com muita rapidez das roupas úmidas. Por mais novos equipamentos já criados para a secagem de roupas o vento ainda é um dos mais baratos e eficiente forma de secagem. 


3. Secagem de grãos também é uma das utilidades do vento muito usada nas propriedades rurais que tem como uma das atividades a produção e a venda de grãos desidratados ou secos. A exposição ao sol e ao vento retiram a umidade em excesso colocando estes grãos em uma quantidade ideal para armazenamento. 


4. A limpeza dos grãos, retirando as impurezas como restos de palha, terra, poeira são removidos com facilidade quando peneirados tendo como força de remoção o vento. Técnica milenar e muito utilizada ainda hoje pelos pequenos agricultores do nordeste do Brasil. 


5. O arejamento das casas poderiam utilizar muito mais o vento, mas normalmente as casas são projetadas para o não uso desta energia, dar-se preferência pelo uso de ventiladores, ar condicionados ao invés do uso desta energia gratuita e muito eficiente. A população na sua maioria ainda não aprendeu como manejar este vento dentro das casas. Direcionar o vento para determinados compartimentos exige conhecimento. Criar mecanismos de retirada do ar quente e apressar a entrada de ar frio ou fresco é uma arte que precisamos aprender. Conhecimentos de física onde as informações sobre o deslocamento do ar quente e do ar frio são necessários para se manejar com facilidade. Quando bem manejado cria ambientes com grande conforto e comidade, sem ter gastos econômicos com a compra e o uso de equipamentos. 


6. O vento é um dos mecanismos natural de polinização das flores. Juntamente com a água e os insetos são as ferramentas naturais que a natureza utiliza para transformar flores em frutos e sementes. 


7. Um dos gases que aumentam a intensidade e a dispersão do fogo é o oxigênio que está presente no vento, logo quando se abana o fogo estamos alimentando o fogo com oxigênio que rapidamente responde com o aumento das chamas. A localização de um fogão de lenha precisa receber vento para que seu funcionamento possa ser adequado. Caso contrário precisaríamos estar o tempo inteiro abanando estas chamas. 


8. Não existe ventilação menos custosa que a do vento, quando bem projetada pode melhorar intensamente o conforto interno da casa. Projetar a circulação deste vento é imperioso na projeção de uma casa sustentável e ecologicamente correta. Estude qual direção vem este vento e direcione para onde e a quantidade que necessita para ter um ambiente com temperatura confortável. Janelas, portas e outras estratégias podem ser utilizadas no controle desta energia. Janelas foram feitas para melhorar a circulação do vento e da claridade. 



Precisamos planejar para utilizar ao máximo todas estas utilidades do vento? Será que as nossas propriedades estão sendo projetadas com a intenção de usar o máximo a potencialidade do vento? Direcionar esta energia para onde necessitamos deve fazer parte da projeção do uso desta força da natureza. Use e abuse desta energia natural. Seja criativo e inovador, pense e repense como melhor aproveitar deste presente da natureza. 



05 de janeiro de 2012

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