sábado, fevereiro 26

Aumentar as seguranças para se ter uma vida mais equilibrada e sustentável


Antônio Roberto Mendes Pereira
Técnico, Permacultor e Pedagogo.


A água é essencial para todas as espécies. Não se consegue viver sem este liquido precioso.  Neste século o problema da água vem se tornando cada vez mais sentido.  Várias são as crises que os seres humanos vêm sofrendo causadas por nós mesmos.

 A mais grave atualmente é a crise energética. As reservas naturais de petróleo, de carvão e gás estão se esgotando. Estas reservas eram responsáveis por 80 % da energia consumida no mundo.  Por incrível que pareça os seres humanos estão conseguindo cada vez mais colocar muitos dos recursos naturais em cheque de manutenção. A superexploração é evidente em muitos recursos como, por exemplo, o corte de árvores é tão intenso e rápido que as plantas não conseguem acompanhar com o rebrote e nascimento espontâneo ou até cultivado. As necessidades ultrapassam a velocidade natural de atender a tal demanda. Estamos convertendo áreas de pastejo nativo em desertos por excesso da carga animal utilizada nas criações que se dizem racionais e tecnificadas.

Os aqüíferos estão sofrendo com a mesma forma irracional de uso nas irrigações, no consumo sem controle levando os rios e suas nascentes a diminuírem suas provisões até chegando a secar. Os solos pela forma errada de uso estão cada vez mais vem perdendo completamente sua fertilidade natural, causada principalmente pela erosão nas suas diferentes formas. Em relação à pesca o mesmo processo vem acontecendo, estamos pescando mais rápido do que a velocidade do repovoamento natural. O processo de reprodução esta muito aquém da velocidade do consumo e de exploração. As maquinas cada vez mais estão ficando mais potentes e velozes. E a capacidade de transformar uma paisagem é muito mais rápida. A natureza com certeza não acompanha este consumo desenfreado e irracional.  Com toda esta modernidade de maquinaria estamos lançando na atmosfera quantidades exorbitantes de CO2. Quantidades de CO2 que a natureza não consegue absorver, acentuando o efeito estufa e conseqüentemente as mudanças climáticas locais e globais. As mudanças dos ambientes nesta velocidade também vêm ajudando no desaparecimento de muitas espécies animais e vegetal. A biodiversidade dos ambientes vem sofrendo rápidas perdas, e a capacidade de adaptação a estes novos ecossistemas perturbados é lento, logo se percebe que estamos levando todos os ecossistemas à situação de extinção em massa. O planeta esta em cheque, e corre-se o risco de um cheque mate.

Precisamos fazer algo urgentemente. E que esta mudança seja feita nas mais diversas ações, nas mais diversas atividades profissionais. Precisamos envolver a todos independentemente da idade. Pois, todos nós, conscientes ou não somos responsáveis por estas crises de esgotamento geral.  Os agricultores grandes ou pequenos cada um tem uma parcela de responsabilidade nestes esgotamentos. E este artigo vem propondo um novo olhar sobre o uso da água, no âmbito da produção de alimentos.

Nas regiões de clima semi árido necessita-se cada vez mais produzir conhecimentos sobre este ecossistema. Já se percebe uma capacidade nas populações rurais de ajustar seus meios de vida aos ecossistemas em que vivem e produzem. Mas, mesmo diante dessa capacidade precisamos gerar novidades e percepções que levem cada vez mais a causar menos impactos ambientais ao mesmo tempo que se consegue uma melhor produtividade sem causar esgotamentos.

Os camponeses têm toda uma sapiência empírica nas criações dos animais, reconhece quais os animais que consome mais água e menos água. Sabe qual o momento de oferecer esta água. Identificam quais os melhores alimentos para alimentar estes animais. Reconhece quando estes animais adoecem ou estão passando por muitos desequilíbrios. A mudança do comportamento destes animais quando criados é perceptível por eles. Mas quando comparamos estes conhecimentos e experiência em relação aos vegetais cultivados a percepção não é tão evidente. Percebe-se certa falta dos mesmos conhecimentos e mecanismos reconhecidos nas criações dos animais. Que plantas cultivadas necessitam de mais água que outras, o quanto de água cada cultura precisa, de quanto em quanto tempo, estas e outras são informações que não são tão evidentes no dia dos camponeses. Elas podem até se sentidas, mas não são expressas nas falas e em quantidades.

Existe um grande número de plantas cultivadas adaptadas aos mais variados ecossistemas. Para o semi árido podemos listar várias culturas umas que consomem mais água outras que consome pouca e até outras de baixíssimo consumo. Até parecendo que não consome este liquido precioso. A medida utilizada para se medir a quantidade de água consumida pelas plantas é o milímetros de água. Na maioria dos livros técnicos direcionados aos principais cultivos encontram-se estas necessidades de consumo das plantas em mm. Se dividir-mos estes milímetros pela longevidade da planta teremos um volume aproximado de consumo por planta dia, semana ou até mensal. Se quisermos podemos ir mais além, conhecer quais os momentos de desenvolvimento da planta que mais necessita de água, dosando melhor esta distribuição. Esta racionalidade só é alcançada a partir do conhecimento mais profundo do ecossistema e da cultura em questão. As estações do ano também têm grandes influencia na bebida das plantas. E precisamos conhecer mais profundamente estas exigências.

Já em uma área onde a diversidade é aplicada e intensa, este controle se torna mais difícil ou até impraticável. A mistura de plantas com necessidades diferentes não permite estes cálculos de forma precisa. O meio que podemos utilizar nestes espaços biodiversos é procurar manter o solo úmido o mais tempo possível. E isto só acontece utilizando uma estratégia natural utilizado pelos ecossistemas. A bio estrutura do solo permitindo que toda a água de chuva que caia se infiltre é uma das grandes estratégias utilizadas pela natureza. Porém esta estratégia esta intimamente conectada com outras, onde tudo esta intimamente ligado a tudo. A cobertura do solo, a presença de microorganismos e umidade além da quantidade diversificada de raízes intricamente ligados cria um ambiente de riqueza onde a vida consegue se estruturar da melhor forma possível.

Conheça mais seu agroecossistema cultivado, conheça mais os elementos vivos que compõe seu espaço produtivo. Este conhecimento provocará colheitas mais fartas e garantidas.


sexta-feira, fevereiro 18

Área de captação e transformação de energias solares

Antônio Roberto Mendes Pereira
Resultado final do uso da energia solar

Atualmente o mundo vem sofrendo com a crise energética. Toda a matriz energética atual tem como base o petróleo, carvão mineral e a queima de madeira (carvão vegetal), e estes recursos estão chegando ao seu limite de exploração. São necessárias 3,3 kcal de petróleo para produzir 1 kcal de proteína vegetal a partir de cereal, 4,1 kcal de petróleo para produzir 1 kcal de carne de frango, 50 kcal de petróleo para produzir 1 kcal de carne de borrego e 54 kcal de petróleo para produzir 1 kcal de carne de vaca, como se percebe o uso desta fonte energética deixa déficit no meio ambiente.

Outras fontes energéticas estão sendo pesquisadas. A Permacultura tenta captar ao Maximo todas as energias que entram e estão presentes na propriedade familiar. A Setorização permacultural ajuda a perceber a localização e a intensidade destas energias provindas de fora da propriedade, e tenta descobrir formas de utilizar as mesmas direcionando estes fluxos energéticos para os locais onde a necessidade precisa ser atendida, ou de outra forma poder evitar ou diminuir sua entrada na propriedade.


Nos designes projetados pela permacultura tem-se a preocupação permanente de identificar, captar, canalizar e armazenar ao máximo toda esta energia que esta presente no nosso entorno em forma de fluxo e levá-la a fazer parte de vários ciclos dentro da propriedade projetada. O como aumentar a relação entre as energias e as necessidades humanas deve ser uma disciplina permanente em quem esta projetando e planejando os agroecossistemas.  As funcionalidades de gerar e sustentar e manter a vida devem ser uma busca permanente para a criação de sistemas vivos Permaculturais auto-suficientes, onde todas as necessidades básicas de sobrevivência sejam atendidas de forma amigável.

Energias oriundas do vento, sol e biomassa são fontes energéticas aproveitadas pelos praticantes da Permacultura. Na tentativa de utilizar outras fontes energéticas na manutenção das tarefas dos agroecossistemas prediais ver-se a necessidade de estudar a situação predial de cada propriedade e montar uma estratégia onde a segurança energética seja atendida através da implantação de determinadas tecnologias que tenham como função a captação e a transformação das energias solares e eólicas.

Além dos espaços destinados a produção de alimentos da Zona 01, é necessário reservar um espaço livre e amplo sem arvores, sem sombras ou qualquer outro empecilho que possa atrapalhar ou até desviar os raios solares dos objetivos pretendidos. Este espaço é uma estratégia onde várias tecnologias que tenham a energia solar como seu principal ingrediente de funcionamento possam ser captadas, e transformadas com o máximo do seu potencial.

Não podemos esquecer que sem energia nenhum sistema sobrevive, a natureza caminha ao contrario da entropia, sempre tentando evitar a perda de calor para o ar, transferindo a energia para outros elementos que compõe o sistema vivo. Fazer com que a energia dissipada pelo sol seja aproveitada ao máximo é uma importante estratégia que os ecossistemas utilizam para se tornar duradouros e sustentáveis.

 Muitas tecnologias podem ser utilizadas e criadas além das que vão ser apresentadas neste artigo. O grande lance é não permitir, ou melhor, tentar impedir a perda permanente desta energia depois que ela foi agregada a um elemento vivo ou não. O isolamento térmico é a forma que se usa para impedir que ocorram estas perdas.
Precisamos também captar esta energia através da fotossíntese gerando maior quantidade de biomassa que facilita a transferência desta energia para outros corpos ou elementos não vivos.

Fogão e forno solares, desidratadores de frutas e cereais, aquecedores de água, relógios solares entre outras, são termotecnologias que podem e devem fazer parte deste espaço. A eficiência máxima destes equipamentos vai depender da quantidade de luz solar que estes possam captar transformando estas ondas energéticas em benefícios para toda a família. O tamanho da área vai depender das necessidades da família para suprir a segurança de energia demandada pelos indivíduos.

Este espaço deve ser localizado o mais próximo possível da habitação. E de preferência perto de onde vai ser utilizada ou consumida a energia captada, transformada e armazenada. Além das sugestões de equipamentos solares elucidadas podem-se acrescentar outras desde que todas tenham necessidades de energia solar para seu funcionamento.

É interessante que este espaço seja cercado para evitar a presença de animais e crianças, pois muitas destas tecnologias trabalham com alta temperatura, podendo causar acidentes. Outra medida que se torna fundamental é registrar as economias fazendo comparações entre o consumo e o gasto anterior, após a implantação das tecnologias solares.

Alguns exemplos de ecotecnologias solares aplicadas no SERTA:

Esquentador solar de água para banho
Fogão solar

Forno solar acessando um bolo
Aquecedor de água
Relógio solar
Estufa sinergética de calor solar
Módulo solar para esquentar água




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