Antonio Roberto Mendes Pereira
Estamos cotidianamente
tão acostumados com o amanhecer e o entardecer que para a maioria das pessoas
já não se nota a importância deste clarear e escurecer nas nossas vidas.
Uma parada
para reposição das energias gastas faz parte deste fenômeno natural que
acontece nunca igual todos os dias. A quantidade de luz que recebemos tem uma
grande influência no nosso corpo, comportamento e hábitos culturais. Para quem
vive no campo este fenômeno é muito marcante, pois em muitos momentos mudam-se
os hábitos diários, adequando-se a cada período das estações do ano. A natureza
provoca e exige um comportamento adequado a cada estação ou ciclo.
Para entender melhor a dinâmica deste fenômeno natural de claro e escuro se faz necessário entender o que é um solstício e um equinócio. Fenômenos estes que em muitos povos são festejados de formas diferentes. Em muitos casos estes fenômenos são esperados para que as atitudes diante da natureza mude, como por exemple “o quando fazer? O que fazer? Como fazer?” todas estas atividades vão ter que ser repensadas, re-planejadas para que se aproveite ao máximo o que cada estação pode oferecer de forma natural e gratuita.
Para entender melhor a dinâmica deste fenômeno natural de claro e escuro se faz necessário entender o que é um solstício e um equinócio. Fenômenos estes que em muitos povos são festejados de formas diferentes. Em muitos casos estes fenômenos são esperados para que as atitudes diante da natureza mude, como por exemple “o quando fazer? O que fazer? Como fazer?” todas estas atividades vão ter que ser repensadas, re-planejadas para que se aproveite ao máximo o que cada estação pode oferecer de forma natural e gratuita.
Desarmados de qualquer instrumento, a
alternância entre claridade (dia) e escuridão (noite), nos permite estabelecer
uma noção de tempo. Em conjunto com essa alternância, nós podemos
correlacioná-la com a posição do Sol no horizonte e o trajeto dele ao longo do
céu.
A pretensão
deste texto não é explorar o porquê acontecem estes fenômenos, mas entender o
que este acontecimento influi no nosso comportamento diante da natureza, em
especial aos agricultores que recebem uma influencia maior por estar
cotidianamente vivenciando os processos naturais do plantar, cultivar, colher e
comer. O leitor para entender do ponto de vista astrológico e geográfico é
preciso buscar outras fontes de conhecimentos já produzidos e sistematizados.
Até dentro de nossas casas o sol consegue mudar
comportamentos e hábitos diários. Uma janela que recebe o sol nunca recebe a
luz na mesma intensidade e na mesma posição. Em alguns momentos esta luz esta
bem próxima da janela, em outros ela torna-se atrevida e invade espaços bem
maiores, levando às vezes os seres que residem nesta habitação trocar objetos e
móveis de lugar, ou em alguns casos colocar cortinas para impedir ou diminuir
esta intensidade de luz. Agora imagine o que esta luz não é capaz de fazer na
agricultura, no desenvolvimento das plantas e dos animais?
O deslocamento do Sol na Linha de
Horizonte
A observação do nascimento ou ocaso do Sol na linha
do horizonte nos conduz ao seguinte resultado:
A partir desta observação, verifica-se que o Sol
desloca-se cotidianamente ao longo do horizonte entre dois extremos máximos,
tanto no horizonte do ocaso (o pôr do sol; poente, ocidente) como
no horizonte do nascente.
No ocaso solar, nós vemos que o Sol desce com uma
inclinação à direita e no caso do nascente, nós verificamos que a inclinação de
subida do Sol está à esquerda. A regularidade do deslocamento permitiu ao homem
definir um intervalo de tempo designado como ano. O intervalo de um ano
corresponde ao Sol sair de sua posição máxima à esquerda, passar pelo ponto
médio, e atingir o extremo máximo à direita, para então retornar ao ponto médio
e atingir finalmente o ponto máximo à esquerda novamente. A estes pontos
extremos máximos e o ponto médio são definidos como:
Solstício
- Do latim: solstitiu = Sol Parado: Correspondem aos extremos máximos do
deslocamento do Sol a direita e a esquerda como observado na figura anterior, o
qual inverte o seu sentido de deslocamento, portanto o Sol precisa parar seu
movimento para retornar ao outro extremo. Ao alcance destes extremos máximos da
direita ou esquerda dar-se o nome de solstício. Que pode ser de verão e
inverno.
Equinócio
- Do latim: aequinoctiu = noite igual: Corresponde ao ponto médio do
intervalo de deslocamento, instante no qual o intervalo de duração do período
de claridade se iguala ao de escuridão. Ocorrendo este fenômeno duas vezes no
ano quando o sol estiver retornando ao
extremo máximo oposto é obrigado a passar pelo ponto médio de igualdade de luz
e escuro. Os equinócio pode ser de primavera e outono.
Durante o intervalo de um ano nós temos dois
solstícios e dois equinócios desse modo nós podemos dividir o intervalo de um
ano em quatro períodos, a saber: Primavera, Verão, Outono
e Inverno. Esses períodos são chamados de Estações do Ano.
Os nomes foram dados em função das condições climáticas gerais do período dos
habitantes das zonas temperadas, tais como:
Primavera
- Do latim: primo vere - no começo do verão;
Representa a época primeira, a estação que antecede o Verão, para nós estação
das flores. Percebe-se que a natureza torna-se colorida a quantidade de insetos
que se alimentam do néctar destas flores aumentam, cada flor parece estar
convidando a todos para observar sua beleza e sutileza de misturas adequadas com intenção de
fecundação.
Já
percebemos que o nosso comportamento muda, é influenciado neste período até
parece que é época do acasalamento. Não é a toa que muitas noivas querem casar na primavera. Tem
algo na natureza desta estação que atrai todos os animais para a dança do
acasalamento da reprodução. Parece até que a natureza quer nos dizer
“plantasse, cultivasse e colhesse, agora que tens alimento pode reproduzir,
pois tua segurança alimentar esta garantida reproduzi-vos. Perpetua tua
espécie, mas capricha na escolha para que a evolução possa dar um salto de
qualidade.
A quantidade de pássaros aumenta, o canto do
chamamento do sexo oposto precisa ser ouvido a distancia, logo se canta mais
alto, e este comportamento é entendido que se está mais feliz, pois tem mais
sons melódicos no ar (cantos dos pássaros) e numa tonalidade mais alta,
sugerindo “Me encontra estou aqui a tua espera”. As mulheres se enfeitam mais e
muito destes adornos é feito com flores um dos resultados desta estação, como
se quisesse assumir o mesmo comportamento animal, só que agora de forma
intencional, de caso pensado. Os animais na sua irracionalidade sentem, imitam
e acompanham o que a natureza no seu conjunto precisa fazer “Reproduzir”. A primavera é festa para a alma
e cabe inteira nas manhãs das flores.
Estação das flores no Sertão |
Verão -
Do latim vulgar: veranum, o período quente (em latim:
"ver", veranuns tempus, tempo
primaveril ou primaveral semelhante a vernal, isto é, relativo à primavera.
Estação que sucede a Primavera e antecede o Outono. Na região nordeste tempo de
pouca ou nenhuma chuva, conhecido por nós os nordestinos de período de seca.
Estação que o comportamento das pessoas, dos animais e das plantas se altera,
procurando se adequar para a falta ou escassez de água e para o momento do
calor. Muitas formas de vidas hibernam para esperar o momento certo para voltar
a exercer suas funções na natureza, todos os seres têm um período de tempo a
seu favor.
A natureza quer ensinar, ela tem inúmeras estratégias para este período, mas o homem considerando-se sapiens, Sapiens, insiste em querer saber mais que ela, e sofre o resultado deste comportamento. Tomamos mais água, sentimos mais calor, temos mais frutas, a quantidade de luz diária é intensa, muita claridade, a vegetação muda, se adéqua, estaciona para esperar outro momento, diminui suas atividades, pelo menos para a maioria das plantas. Nas cidades este momento provoca o aumento no gasto de energia paga, onde deveria ser ao contrário, pois a quantidade de sol, que é a maior fonte de energia esta a todo vapor, esbanjando energia na forma de luz e de calor.
A natureza quer ensinar, ela tem inúmeras estratégias para este período, mas o homem considerando-se sapiens, Sapiens, insiste em querer saber mais que ela, e sofre o resultado deste comportamento. Tomamos mais água, sentimos mais calor, temos mais frutas, a quantidade de luz diária é intensa, muita claridade, a vegetação muda, se adéqua, estaciona para esperar outro momento, diminui suas atividades, pelo menos para a maioria das plantas. Nas cidades este momento provoca o aumento no gasto de energia paga, onde deveria ser ao contrário, pois a quantidade de sol, que é a maior fonte de energia esta a todo vapor, esbanjando energia na forma de luz e de calor.
Outono -
Do latim: autumno. Usualmente conhecida como o tempo da colheita. Normalmente
na região nordeste do Brasil é pouco percebido, mas acontece. O não perceber
este período deve-se em parte ao pouco conhecimento sobre a natureza. Ela tem
detalhes, sinais, evidências que claramente se percebe a estação. Muitas
culturas estão no momento de colheita no estágio de maduro durante este
período. No sertão nordestino as folhas da caatinga iniciam seu processo de
queda, o solo aumenta seu processo de cobertura para consolidar a sua proteção.
Estas folhas que caíram, vão mais tarde ao período do inverno tornar-se adubo
para as plantas que vão reiniciar seu processo de ativação, saindo da
hibernação para algumas, nascimentos para outras e cultivos para as plantadas.
Neste período as tarefas cotidianas dos produtores também mudam. Inicia-se o
processo de planejamento, separação de sementes, escolha das áreas e preparo da
mesma para o plantio da próxima estação produtiva. Este momento é dedicado
normalmente a preparação da área para o futuro plantio e não do solo.
Inverno -
Do latim: hibernu, tempus hibernus, tempo hibernal. Associado ao
ciclo biológico de alguns animais ao entrar em hibernação e, se recolherem
durante o período de frio intenso. Estação que sucede o Outono e antecede a
Primavera. Como dito anteriormente em algumas regiões o frio também provoca em
algumas espécies a hibernação. Para nós nordestinos momento de renovação da
muita vida natural. Com as primeiras chuvas acontece uma explosão em
pouquíssimo tempo de vida, primeiro a vegetal e rapidamente a animal também
explode com a fartura de alimento gerado a partir da ÁGUA produzindo vida.
Para os agricultores momento do termino da
preparação do solo e plantio dos cultivos escolhidos para a estação das águas
como também é conhecida. Momento da captação da água nos reservatórios naturais
e dos construídos. Água que irá ser a segurança das famílias e das plantas. A
primeira é armazenada em variados tipos de depósitos e a segunda deveria ser armazenada
no solo, necessitando que o mesmo esteja em condições para que aconteça a
infiltração das águas pluviais. Este solo também deveria mudar sua utilização
que normalmente é visto como espaço unicamente para a planta ficar em pé, para
outras funções inclusive a de absorver toda água das chuvas armazenando na
maior caixa d’água “O SOLO”.
A cada uma das estações do ano possui uma data
especifica que marca o seu início. A partir do deslocamento do sol, ao longo da
linha do horizonte, nós definimos esses quatro instantes como sendo:
HEMISFÉRIO SUL
|
DATA DE INÍCIO ENTRE OS DIAS
|
HEMISFÉRIO NORTE
|
Equinócio de Primavera
|
22 e 23 de setembro
|
Equinócio de Outono
|
Solstício de Verão
|
22 e 23 de dezembro
|
Solstício de Inverno
|
Equinócio de Outono
|
20 e 21 de março
|
Equinócio de Primavera
|
Solstício de Inverno
|
22 e 23 de junho
|
Solstício de Verão
|
Hemisfério Sul
§ Dia 21 de dezembro -
Início do verão
§ Dia 21 de março -
Início do outono
§ Dia 21 de junho -
Início do inverno
§ Dia 21 de setembro -
Início da primavera
No nordeste por não se perceber nitidamente as
quatro estações o calendário de datas do inicio de cada estação altera-se, pois
por não se perceber o outono que se inicia em março para nós nordestinos
preconiza-se o inicio do inverno. E assim acontece com a primavera que tem seu
inicio em setembro para nós é considerado em algumas regiões o inicio do verão.
Nas imagens mais abaixo se percebe a notória
influência dos raios do sol na mudança de comportamento cotidiano das pessoas
dos animais e dos vegetais. No nordeste a necessidade de água aumenta, e pode
aumentar ainda mais, quando os cultivos e as criações escolhidas para serem
criadas e cultivadas não são muito adaptadas a este bioma, gerando uma demanda
bem maior de água, alimento e fertilizante.
Em alguns versos da música de Luis Gonzaga
“Asa Branca” percebe-se a necessidade de mudança de comportamento das pessoas,
das plantas e dos animais diante da imposição do sol que devia ser conhecida. O
saber conviver no semiárido exige aprender a aprender com a natureza, para
poder sobreviver.
Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração.
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração.
Como vemos o sol e sua posição exerce
uma função muito importante nos processos naturais, igualmente outro astro também
tem uma importante influência nos ciclos naturais, é a lua que em outra
oportunidade irei escrever sobre esta importância.
Outra importante função de incidência
do sol é em relação a inclinação e intensidade que a luz solar pode provocar no
solo e nas plantas que nele crescem. A esta função a Permacultura chama de
ASPECTO. Para a permacultura é a direção, para a qual a inclinação do terreno
estiver voltada: Norte, Sul, Leste ou Oeste.
Esse fator, conjuntamente com a inclinação e a latitude do local,
determina a quantidade de irradiação solar direta que o terreno recebe. Esse fator também sofre a influência de
corpos que reflitam ou absorvam a luz (lagos, edificações etc.). Quanto mais
irradiação solar, mais quente. Logo, um local ideal, incluiria uma variedade de
aspectos e inclinações no mesmo terreno, oportunizando uma maior diversidade de
espécies e uma variedade de técnicas.
Para que possamos melhor aproveitar esta energia deste magnífico
astro, precisamos aumentar nossa carga de conhecimentos e informações e ser
mais observadores da natureza. O negócio não é tirar vantagem da natureza, mas
seguir suas recomendações silenciosas e pragmáticas tentando cada vez mais imitar
os processos naturais inclusive seus padrões – Ver A linguagem da natureza.
15 de maio de 2011
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