Antônio Roberto Mendes Pereira
Em todas as propriedades rurais a necessidade de criar animais se faz presente. Sem eles o processo de reciclagem torna-se mais lento. O desafio de fazer a integração dos animais nos ecossistemas cultivados é uma questão relevante, necessária e permanente para quem pensa e atua na perspectiva ativa da busca de ter sistemas de criação e produção, onde a sustentabilidade é à base dos processos da produção de alimentos.
Os animais exercem funções importantíssimas nos ecossistemas, tanto naturais como nos ecossistemas cultivados. Mas, vale apena comentar que esta integração deve ser lenta e processual para não criar desequilíbrios nos agroecossistemas ou nos ecossistemas. O planejamento antecipado é a principal ferramenta tendo como objeto de estudo e análise a natureza, como o espaço de operacionalização da imitação para uma integração harmoniosa e ambientalmente correta.
Estes animais devem assumir várias funções nestes sistemas. Uma parceria onde os hábitos animais são utilizados como uma prestação de serviços na produção dos alimentos é a intenção que se pretende alcançar. Este texto tem a pretensão de apresentar várias informações e conhecimentos que foram produzidos durante anos de manejo com estes animais. Assim este texto trata-se com exclusividade sobre as galinhas, e de forma mais ampla as aves domésticas. Os princípios e algumas técnicas que são utilizados na criação e no manejo das galinhas podem se adequar a outras aves domésticas, bastando estar alertas para as peculiaridades de cada espécie.
Algumas outras funções podem ser utilizadas tendo como executores os animais que estão sendo criados, vejamos mais algumas. Considerando a Permacultura como a busca de se ter um ecossistema completo, os animais são essenciais e assumem uma importante tarefa, a de serem grandes concentradores de nutrientes específicos, dependendo de cada espécie. Todos os animais independentemente da espécie, assume este papel nos ecossistemas, inclusive os insetos, como as moscas, maribondos, entre outros. Logo é imprescindível a presença de uma grande variedade de animais nos ecossistemas cultivados para desempenhar esta tarefa impar. Outra grande função de algumas espécies é a de filtros, limpadores de água, despoluem permitindo o reuso desta água em outras atividades.
CONHECENDO A REAL NECESSIDADE DA LIBERDADE DOS ANIMAIS
Se tivermos uma galinha presa, durante sua vida, sua existência se resume a por ovos, estercar e comer, isto quando lhe é fornecido. Mas quando este mesmo animal esta solto, livre na natureza, sua existência assume inúmeras conexões onde uma variedade de serviços ambientais é assumida, contribuindo na manutenção do ecossistema onde ela está vivendo.
No manejo do estar confinado impede-se que estes serviços possam ser realizados pelas galinhas, repassando esta tarefa para quem cria (homem).
A galinha foi dotada pela natureza para saber se criar, desde que lhe permitam um habitar natural equilibrado, onde ela possa encontrar e ter suas necessidades atendidas. Na imagem a baixo, dois pequenos ecossistemas foram desenhados didaticamente para que se perceba a importância da galinha e suas funções. Agora imagine este mesmo ecossistema sem ela, que outro animal iria realizar os serviços prestados por ela?
E assim ocorre que as demais espécies quando confinadas em cativeiro, aumentam o trabalho humano, além dos gastos exagerados de energia para manter a atividade de forma produtiva e econômica.
A inclusão de animais nos agroecossistemas deve seguir uma lógica racional de atendimento a real necessidade destes animais para poder compor este espaço.
O bioma caatinga consegue criar estes animais (imagem acima) de forma sustentável, e porque o homem não consegue criar uma galinha livre e solta neste mesmo ambiente? É bom lembrar que a onça é carnívora logo, para viver neste ambiente ela tem que encontrar outros animais para se alimentar. O que precisamos aprender para entender a natureza e criar nossos animais sustentavelmente com os recursos que se tem?
A LÓGICA DA INCLUSÃO DOS ANIMAIS NO AGROECOSSISTEMA
Alguns detalhes precisam ser considerados para que se possa realizar a introdução dos animais nos agroecossistemas. Três pontos são fundamentais identificar, antes de qualquer outra coisa a necessidade do animal em questão, sem este dado fica complicado a introdução, pois uma necessidade que não é atendida se perde em produção. Estas necessidades podem ser assim compreendidas: As necessidades alimentares, os hábitos de cada espécie, como por exemplo, na galinha o ciscar, o dormir no alto, são todos costumes que quando não atendido os animais não conseguem ficar tranquilos e percebe-se baixas na produção dos mesmos; Outro item que precisa ser conhecido é em relação a função que esta espécie animal deve desempenhar no agroecossistema. Como já vimos os animais prestam naturalmente serviços aos ecossistemas naturais, o que queremos é que estas funções possam ser também executadas nos agroecossistemas cultivados. Como exemplo, as galinhas podem executar controle de alguns insetos, controle de algumas erva, entre outras; E o último ponto que precisa ser observado é que produtos esta espécie de animal pode nos ofertar. Estes três itens precisam ser analisados antes da integração de qualquer animal no agroecossistema.
Para facilitar a compreensão vamos analisar estes itens na pretensão das galinhas no agroecossistema de uma propriedade rural:
ESTUDANDO AS NECESSIDADES DAS GALINHAS
Para que as galinhas possam se desenvolver naturalmente, sem stress elas precisam ter atendidas várias necessidades, de forma que precisamos conhecer profundamente das galinhas as seguintes necessidades:
· Alimento variado e com muitas sementes;
· Água de qualidade;
· Espaço para perambular;
· Presença de insetos variados para captura;
· Árvores para dormir no alto (poleiro);
· Banho de terra;
· Ciscar;
· Grãos de areia para facilitar a digestão na moela;
· Abrigo protegido do sol, dos ventos e da chuva;
· Companhia de outros animais de preferência da mesma espécie;
· Luz para estimular a glândula pituitária responsável pela produção de ovos;
· Voar; tomar banho de sol e refrescar-se.
ESTUDANDO AS POSSÍVEIS FUNÇÕES DAS GALINHAS NO AGROECOSSISTEMA
Muitas funções ou serviços podem ser atribuídos as galinhas nos ecossistemas cultivados. Serviços altamente necessários na manutenção e na produção:
· Ser boas criadeiras;
· Controlar os insetos, alimentando-se dos mesmos;
· Controlar algumas erva de difícil controle;
· Aquecer os ambientes;
· Reciclar alguns desperdícios;
· Despertador natural (galo cantando todas as manhãs);
· Entrar em Choco.
CONHECENDO AS PRODUÇÕES VARIADAS DAS GALINHAS
As galinhas são responsáveis por uma infinidade de produtos e serviços necessários para algumas espécies, em especial para os seres humanos, vejamos algumas:
· Carne;
· Penas;
· Esterco;
· Gordura;
· Ossos;
· Pintos;
· Calor;
· CO²
Como vemos um animal para fazer parte de um sistema é necessário que o máximo destas características sejam atendidas pelo próprio sistema. Se este não consegue atender todas as necessidades exigidas pela espécie, se faz necessário preparar este habitar para atendê-las.
Várias criações de animais não têm sucesso, por não ter estas necessidades atendidas. O máximo de funções precisa ser atendidas pelas espécies, para minimizar o gasto com energia e aumentar o nível de conexões no sistema, assegurando o maior desempenho de todos os elementos que compõe este ecossistema ou agroecossistema.
LOCALIZAÇÃO RELATIVA NAS CRIAÇÕES DAS GALINHAS
O ESPAÇO NECESSÁRIO
A escolha de onde vai ser localizado o galinheiro é um componente bastante interessante, pois se foge da lógica tradicional. Na permacultura o princípio da localização relativa reza o seguinte: Quanto mais visita o elemento recebe durante o dia, mais próximo de casa ele deve estar. Logo, precisamos estar alerta neste detalhe. Uma boa localização para o galinheiro é na borda ou no limite entre a zona 01 e a zona 02. Ambas as zonas são áreas de segurança alimentar da família, logo são bastante visitados durante todo dia, além de ter sobras e descartes de alimentos de ambas as áreas, facilitando a alimentação das galinhas. É necessário também que as galinhas tenham uma área para perambular, onde elas consigam preparar sua ração de forma balanceada e espontânea, escolhendo, selecionando o que quer comer, além de diminuir o gasto de energia dos seres humanos em atender esta necessidade da criação.
Esta área de perambulança precisa ser diversificada, ter uma fonte permanente de água, onde as galinhas possam beber livremente, no momento que desejar. Uma boa medida é que o galinheiro pudesse ser itinerante, pois as divisões dos espaços para perambular mudam a partir das estações do ano e do manejo que se dá.
Os pastos ou as áreas de perambulança precisam seguir uma lógica de rotação, evitando o super pastejo, como também dando um tempo para que a vegetação se recupere, permitindo que germinem pequenas erva e capins. A renovação desta vegetação é muito importante no manejo destas áreas. A pequena fauna e flora devem ter tempo para se recompor rapidamente, para atender a demanda do ambiente e das galinhas. A teia alimentar desta área não pode sofrer grandes transformações pela presença das galinhas, de forma que é preciso estar atento para evitar estes transtornos ao meio.
Todos os animais sempre fazem suas habitações onde tem facilidade para encontrar os alimentos que necessitam. Percorrer grandes distâncias para encontrar alimentos não compensa energeticamente. Alimento e moradia devem estar sempre juntos, logo a ideia de se ter habitações itinerantes.
A LÓGICA DA ALIMENTAÇÃO NATURAL
Permita a seguinte lógica: quanto mais as galinhas coletarem seus próprios alimentos, mais balanceada será esta ração, pois ela ao estar selecionando seus alimentos ela monta de forma natural uma ração adequada as suas necessidades, bastando para que isso ocorra que a área de perambulança seja bastante diversificada, onde desde os insetos, passando pelas gramíneas, até as frutas são encontradas fazendo parte deste ambiente. Podemos até fazer complementações alimentares, mas a lógica a ser montada é a da alimentação espontânea, do comer o que elas encontram e escolhem.
No caso das galinhas caipiras, não se tem interesse de acelerar o crescimento por meio de promotores como antibióticos e hormônios. O desafio na criação de galinhas caipiras é tornar a produção mais eficiente com a diminuição dos custos com alimentação, sem perder as características dos seus produtos. A saída, então, seria conhecer mais o potencial nutritivo que se tem em cada ecossistema, grãos, folhas, frutos etc., processá-los sem perdas, torná-los disponíveis sempre que necessário, e ofertá-los às aves de acordo com as necessidades e peculiaridades de cada fase de criação.
Graças ao seu sistema grastrointestinal, a galinha caipira tem maior capacidade que a galinha industrial de converter alimentos de menor qualidade em carne e ovos. Essa vantagem se deve à capacidade de trituração da sua moela (estômago mecânico) e à presença da flora no ceco (parte do intestino grosso), porções importantes do sistema gastrointestinal.
O cardápio das galinhas é bastante variado, elas são ótimas caçadoras, ciscam, esgravatam o tempo inteiro em busca de encontrar seus alimentos preferidos. São ótimas comedoras de insetos, formigas, minhocas, besouros, cupins que devem compor sua dieta diariamente. Caso a área não tenha suficiente estes elementos naturais, pode-se criá-los e oferecer diariamente as galinhas. Outro importante componente na ração das galinhas é a presença de pedrinhas, estas facilitam a digestão de sementes duras na moela. Logo, é bom que esta demanda seja atendida. Montar um espaço para os banhos de areia e para o consumo desta é uma ótima estratégia quando se pensa na montagem de um habitat que atenda as necessidades desta espécie animal.
As galinhas adoram sementes, em especial tem preferência por milho, é bom lembrar que não só o grão, mas o pé por inteiro, e quanto mais novo for, mais apetitoso para as galinhas.
É por isso que os agricultores na época do inverno quando fazem seus roçados de milho predem ou vendem as galinhas, pois elas iram ficar o tempo todo procurando uma forma de chegarem até aos deliciosos pés de milho recém plantados. Pode-se utilizar a tecnologia de produção de forragem hidropônica orgânica de milho para atender a esta demanda das aves e até de outras espécies animais. O milho é uma ótima fonte de energia na composição das rações das aves domésticas em geral.
A hidropônia é um jeito simples, fácil e barato de produzir forragem verde de qualidade para alimentar vária espécies de animais inclusive as galinhas, em qualquer época do ano.
Pode-se produzir, em 15 dias, 30 kg de forragem verde por m², utilizando somente 2 kg e meio de grãos de milho. É, portanto um alimento estratégico, que pode ser feito em épocas e lugares de grande dificuldade para produzir forragens.
O QUE É PRECISO PARA FAZER 150 Kg DE FORRAGEM
HIDROPÔNICA DE MILHO?
· 12 kg e meio de grãos de milho de boa qualidade;
· Água para preparar a solução nutritiva (biofertilizante);
· Uma área com uma pequena inclinação para a construção do canteiro;
· Fazer um canteiro de 5 metros de comprimento por 1 metro de largura, forrado com lona plástica e protegido nos lados com tijolos, telha, madeira ou outro material;
· Em cima da lona plástica, colocar uma camada de 2 cm de altura de material seco, cortado em pequenos pedaços (capim, palha de cana ou até bagaço);
· Deixar de molho os grãos de milho durante 48 horas;
· Molhar com água o material seco, colocado sobre a lona plástica dentro do canteiro;
· Colocar os grãos de milho depois de 48 horas, cobrindo com mais uma camada de 3 cm de material seco, que será também molhado;
· Regar o canteiro no primeiro dia só com água;
· A partir da germinação dos grãos de milho, regar 3 a 4 vezes ao dia, utilizando a solução de biofertilizante;
· Quando completarem 15 dias, a forragem estará pronta para ser dada as galinhas, pois a mesma estará com a altura aproximada de 40 cm.
· Querendo enriquece este material com uma leguminosa, é interessante acrescentar aos grãos de milho que vão ser colocados de molho, uma quantidade de feijão, como guandu, ou outra leguminosa de preferência das galinhas.
OS CONSÓRCIOS ENTRE AS GALINHAS E OUTRAS ESPÉCIES:
O CONVÍVIO COM OS DEMAIS ANIMAIS
As galinhas se dão bem com uma grande diversidade de espécies. São animais de fácil convivência, de temperamento tranqüilo e pouco agressivo. Dão-se bem com outras aves como patos, gansos, guinés, pombos, o único inconveniente é que se alguma moléstia atacar as galinhas ou qualquer outra espécie de ave poderá com facilidade ser transmitidas para as demais da mesma espécie. Mas, vale lembrar que nos ecossistemas naturais estes animais convivem conjuntamente a depender do ambiente geográfico.
Outros animais também podem fazer parte deste consórcio, como os porcos, pois muito dos restos dos porcos podem ser partilhados com as galinhas. Também vão bem com as ovelhas e os bovinos. Com os porcos é bom estar alerta, pois caso os porcos estejam com carências nutricionais podem atacar as galinhas.
Outro consórcio excelente é com os roedores em especial com os coelhos, podem viver no mesmo ambiente onde os ninhos das galinhas podem ser colocados em cima das tocas dos coelhos, economizando espaço.
AS ESTAÇÕES DO ANO E A RELAÇÃO COM A CRIAÇÃO DE GALINHAS
OS CICLOS DA NATUREZA
As estações do ano regulam muitas das atividades dos animais, a reprodução está diretamente ligada à quantidade de luz disponível no ambiente. Quando as aves entram em contato com a luz, ocorrem secreções de hormônios que caem na corrente sanguínea. Essas substâncias, através de um sistema de vasos, chegam até a glândula hipófise, onde irão estimular a produção de outro hormônio chamado gonado-estimulinas. Quando esse hormônio é lançado na circulação geral, age sobre os ovários, estimulando a produção dos ovócitos. Segundo o professor Dr. Júlio Maria Ribeiro Pupa, coordenador técnico do curso de Galinhas Poedeiras “a luz pode estimular todo o processo reprodutivo, ocasionando ovulações cíclicas de até 25 horas”, isto é um ovo a cada 25 horas nos períodos de produção.
No nordeste do Brasil, as aves nascidas no verão, que sofrem de dias naturalmente crescentes em quantidade de luz, têm a maturidade sexual mais apressada e o peso dos ovos são menores. No caso das aves nascidas no inverno, ocorre o inverso, resultando em maturidade sexual tardia e os ovos normalmente são maiores. Por isso nas granjas comerciais que não respeitam a chegada da maturidade naturalmente, o programa de luz artificial é implantado indo de encontro aos ciclos de desenvolvimento das galinhas. Com ele, toda essa questão de maturidade pode é controlada pelo produtor, independente da época do ano.
Outro detalhe relacionado a luz que influencia na criação das galinhas é a oferta de pastagens naturais, que são influenciadas pela quantidade de chuvas e de luz, diretamente ligada as estações do ano. O melhor período para criação das galinhas é entre a estação do inverno e o inicio do verão, momento onde se encontra maior oferta de alimentos, além da diminuição da umidade que tanto contribui para as enfermidades das aves. Normalmente, muitos agricultores reduzem a quantidade de aves nestes períodos críticos como no pique do inverno e pique do verão, todos os excessos relacionados a estes períodos são evitados. Muitas doenças encontram nestes períodos momentos ideais para o aparecimento e contagio.
RAÇA X ESPAÇO X CLIMA X RECURSOS X NECESSIDADE
Na escolha da raça das galinhas que vai criar deve-se observar o agroecossistema que se tem, e fazer várias perguntas:
· Qual a capacidade de suporte deste agroecossistema na criação de galinhas?
· Qual a raça destes animais relacionados ao agroecossistema que se tem?
· Quais as reais necessidades de galinhas e de seus produtos para a minha família?
· Neste clima quais as raças mais indicadas?
· Quais os recursos complementares que disponho para qualquer eventualidade na criação das galinhas?
Todas estas respostas devem compor o planejamento antes de se iniciar a criação destes animais. Elas são o norte para o planejamento do que se pretende e do que se necessita.
A Capacidade de suporte do agroecossistema vai depender do tamanho da área e da biodiversidade que esta área possui. Sem esta observação, fica difícil dizer a quantidade ideal de animais que deve compor esta área. Deve-se ter cuidado para não infligir a quantidade real de capacidade de suporte, pois vamos danificar seriamente o agroecossistema, criando situações insustentáveis.
O bom senso e a observação permanente nos orientam para a identificação do número ideal de animais por m². Observe, pense, calcule, experimente, e mais uma vez observe se está correto ou não o que você incluiu.
Em muitas situações o tamanho dos animais faz a diferença na criação. Existem raças de galinhas que são grandes e exigentes, como também existem raças pequenas que se acomodam facilmente em agroecossistemas que ainda não estão na qualidade esperada. A cor das penas também influi na criação em relação ao clima aonde vai se desenvolver a criação, e precisa ser também levada em consideração na hora da escolha da raça. Imagine criar uma galinha de cor escura no sertão onde a quantidade de luz solar e a temperatura é extremamente alta. Imagine a dificuldade que estas aves terão para se tornar produtivas neste ambiente inóspito para sua cor.
O peso e o tamanho das aves podem influenciar na contenção dos mesmos em uma determinada área, pois a leveza e o tamanho de algumas raças conseguem facilmente transpor as cercas, devido sua agilidade em voar com facilidade as barreiras. Além disso, exigem cercas com espaçamento menores de arames ou a colocação de telas que impeçam sua passagem.
As penas claras normalmente suportam com mais facilidades as temperaturas quentes. Já as raças de penas escuras se adéquam mais aos climas frios e sem muita luminosidade anual.
CONHECENDO A MATEMÁTICA DA GALINHA
Para se fazer o planejamento da criação das galinhas se faz necessário conhecer a matemática deste animal. Sem estes números torna-se difícil realizar os cálculos necessários e as estimativas de previsão.
CARACTERISTICAS
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NÚMERO ADEQUADO
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OBSERVAÇÃO
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Relação macho X fêmea
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1 macho para 12 fêmeas
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M² por ave de pasto
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10 m² para 1 a 2 aves
|
Depende do ecossistema
|
M² por ave na habitação
|
4,5 aves por m²
|
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Quant. Ovo anual por ave
|
Galinha capoeira – 70 a 80
Galinha caipira – 280 ovos
|
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Tempo de incubação
|
21 dias
|
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Quant. De água dia por ave
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200 a 250 ml por dia
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Pode variar dependendo temperatura
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Quant. ração dia por ave.
|
6% do seu peso vivo
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Galinha em postura
|
KCAL por animal dia
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3200 kcal dia
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Galinha adulta - Produção
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Quant. Ninho por grupo aves.
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1 boca de ninho para 4 galinhas
|
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Inicio de postura semanas
|
22 semanas de vida
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Depende da intensidade de luz
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A REPRODUÇÃO DAS GALINHAS E DOS GALOS
A qualidade na reprodução esta diretamente relacionada a saúde dos animais e a seu estado nutricional. Fatores como idade, porte, adaptação ao ambiente e a relação macho/fêmea influenciam também de forma significativa. Os animais com a função de reprodução precisam estar em um bom estado de saúde e alimentação para que eles possam desempenhar naturalmente a tarefa da procriação do plantel. Muita atenção nas galinhas que estão em postura, pois o desgaste físico é grande. Outro momento nas galinhas que precisa muita atenção é durante a incubação, momento que praticamente sua alimentação fica alterada, saindo da normalidade habitual.
Um galo bem alimentado é capaz de cobrir 12 fêmeas, sem que isto venha lhe causar desgastes físicos. É bom lembrar que um galo com peso excessivo pode prejudicar a reprodução diminuindo a fertilidade dos ovos. A disposição física do galo tem uma importância muito grande na reprodução. Outro detalhe que precisa estar alerta é na quantidade de penas ao redor do órgão reprodutor do galo, às vezes uma quantidade exagerada impede a cópula, perdendo-se em alguns casos uma grande quantidade de esperma causado pelas penas. Parte deste esperma é ejaculada e fica retido justamente nestas penas, recomenda-se diminuir esta quantidade através de uma limpeza da área. Galinhas que apresentem obesidade não são recomendadas para a reprodução. Machos diminuem a libido e sentem dificuldade de copular, enquanto as fêmeas perdem exageradamente as reservas corporais no momento de postura e principalmente quando estão submetidas à incubação. Com a obesidade, diminuem o tamanho e o número de ovos. A obesidade das fêmeas é percebida pela apalpação da região abdominal da ave, principalmente próximo à cloaca.
O ciclo reprodutivo é continuo nos machos, enquanto que nas fêmeas apresenta quatro etapas bem distintas:
· Pré-postura: A primeira pré-postura ocorre em aves com cerca de 22 semanas de vida. Em fêmeas reprodutivas, é a fase posterior ao choco e tem duração aproximada de 8 dias.
· Postura: Essa etapa tem um período médio de 15 dias. Uma fêmea com boas condições nutricionais, sanitárias e de conforto apresenta postura de 10 a 15 ovos.
· Choco: Nessa etapa ocorre a suspensão da postura e dura em torno de 21 dias. A ave apresenta comportamento mais agressivo, penas eriçadas, canto diferente e permanece mais tempo deitada no ninho ou em algum canto da instalação.
· Pós-choco: Ocorre geralmente após o processo de eclosão e nascimento dos pintos ou quando o choco é interrompido. Na criação extensiva, é a época em que a fêmea passa conduzindo o grupo de pintos recém-nascidos, ou pode ser interrompida e durar apenas 3 dias.
Dependendo da forma de incubação, a etapa de choco pode ser evitada, o que resulta em maior número de ciclos reprodutivos anuais (Tabela 1).
Tabela 1. Ciclo reprodutivo da galinha caipira de acordo com as fases reprodutivas.
Fase
|
Forma de incubação
|
|
Natural
|
Artificial
|
|
Pré-postura (dias)
|
08
|
08
|
Postura(dias)
|
15
|
15
|
Choco (dias)
|
21
|
00
|
Pós-choco(dias)
|
03
|
03
|
Total (dias)
|
47
|
26
|
Nº de ciclos anuais
|
07
|
13
|
Fonte: Embrapa Meio-Norte
O processo de incubação é iniciado no momento da coleta dos ovos. Ao serem coletados diariamente, os ovos devem passar por uma limpeza rápida, de preferência usando-se um pano úmido, para remover toda matéria orgânica incrustada na casca (BARBOSA et al., 2004).
Em seguida se marca com lápis grafite na casca a data de postura (dia/mês). Esse procedimento servirá para que o criador decida pela venda, consumo ou incubação do ovo no momento adequado.
A coleta dos ovos deve acontecer o mais rápido possível para evitar que outras galinhas não deitem sobre os mesmos aquecendo-os, onde pode dar continuidade o processo de incubação com o desenvolvimento embrionário. É bom alertar que uma vez iniciado este desenvolvimento, não poderá ser mais interrompido sob pena da perda do ovo.
Outro detalhe que precisa ser entendido e aplicado é em relação ao tamanho, formato e as condições externas da casca, estes trazem informações que permite ao agricultor decidir sobre quais os ovos que devem ser incubados.
Ovos muito grandes ou muito pequenos, ou com formatos diferentes do convencional devem ser evitados para a incubação. O ovo selecionado para a incubação não deve passar de 07 dias armazenado em temperatura ambiente. Também necessita virá-los pelo menos uma vez por dia, para evitar que a gema cole na casca, ficando imprestável para incubação. Em refrigeração (geladeira) não ultrapassar de 30 dias este armazenamento.
O manejo dos ovos precisa ser cumprido a risca, pois dele depende a continuidade da criação das aves. A observação minuciosa dos ovos deve ser feita com muita cautela. Os critérios frisados a cima são limitantes na qualidade da cria que se quer.
Na incubação natural tem que observar o tamanho da galinha identificando a quantidade de ovos que a mesma consegue cobrir. A quantidade de 12 a 15 ovos por galinha é a mais recomendada.
A ovoscopia é recomendada também durante o processo de incubação, principalmente após os primeiros 10 dias, quando já se pode observar o desenvolvimento ou não do pinto. Nos casos negativos, os ovos serão descartados imediatamente.
Logo após o nascimento dos pintos a galinha deve ter acesso livre para perambular procurando os locais mais adequados para criar e proteger sua ninhada. Lembre-se de ter criado um habitat favorável para que a matriz possa ter todas as condições necessárias sendo atendidas pelo espaço montado e ou disponível. Para termos pintos fortes durante os primeiros 30 dias é bom fazer complementos na alimentação. Esta complementação deve seguir a mesma lógica da natureza a diversidade. Estes alimentos que vão servir de complemento deve ser ao máximo triturado, facilitando a alimentação dos pintinhos que ainda são muito pequenos.
Como se observa nas duas imagens anteriores percebe-se a dificuldade que a primeira galinha encontra para alimentar seus pintinhos, enquanto a outra tem muito mais facilidade devido à oferta da natureza.
A PROTEÇÃO PREVENTIVA
Algumas vacinas precisam ser ministradas as galinhas para garantir a defesa de algumas enfermidades altamente mortíferas. Doenças como Newcastle, Bouba, Bronquite entre outras podem dizimar um plantel em poucos dias, logo se faz necessário o uso de vacinas. Pesquise um calendário de vacinas adequado a sua criação. Na internet você encontrará sites especializados neste assunto. Mas, sempre parta do pressuposto que animal bem alimentado dificilmente se acomete de doenças, pois seu organismo estará bem protegido contra uma infinidade destes males que podem surgir inesperadamente nos ambientes desde que encontrem situações ideais para sua multiplicação.
TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS PARA A CRIAÇÃO DAS GALINHAS
Muitos equipamentos são necessários na montagem de galpão para a criação de aves, muitas vezes até gerando débitos desnecessários para os agricultores. A idéia é expor através de imagens idéias tecnológicas que são utilizadas por muitos criadores na intenção de baixar os custos iniciais, além de ser mais ecológicos, aproveitando uma infinidade de materiais que se não utilizados poderiam se transformariam em lixo.
A construção de galinheiros também exige investimentos financeiros que muitas vezes os pequenos agricultores não dispõem. E a falta deste recurso em muitos casos impede que os agricultores iniciem uma criação de galinhas de forma mais aprimorada, e continuam criando de forma muitas vezes não adequadas, gerando resultados negativos na atividade.
RESULTADO FINAL DE UMA CRIAÇÃO ECOLOGICAMENTE CORRETA
Muitos são os resultados a começar pela satisfação de poder criar estes animais e ter sua produção, esperada, manejada diariamente, conhecendo a procedência. A rastreabilidade deste trabalho esteve sob a sua monitoria mais os resultados esteve sobre o controle de qualidade da NATUREZA. A qualidade biológica do produto final pode receber um selo de produto ORGÂNICO, produzido com a mais alta tecnologia, a NATURAL. Desfrute agora da qualidade, se encante com a cor, e sinta o sabor inigualável deste alimento produzido pela a NATUREZA.
Além de tudo isto, ainda possui a continuidade permanente da sua criação, perpetuando os resultados dos produtos.
Este texto quase cartilha não consegue esgotar a temática, muitos assuntos importantes deixaram de ser comentados, mas os princípios que deve nortear a criação de galinhas tendo a Permacultura como a base está explicito. Que esta concepção possa ajudar na forma de manejar os animais nas propriedades rurais criando habitats cada vez mais sustentáveis.
16 de março de 2012
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Muito bom.....
ResponderExcluirExcelente: Em poucas linhas e fotos, deram informação de "5 estrelas". Obrigado
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ResponderExcluirAdorei o texto... perfeito. Crio galinhas em minha casa e deu vontade de ter uma granja. Parabéns.
ResponderExcluirOla, bom dia!!! excelente matéria parabéns para o idealizador desse artigo técnico.
ResponderExcluirMuito Bom !!
ResponderExcluirlegal,ótima matéria,obrigado!
ResponderExcluirAmei! comprei três pintinhos por emoção e agora tenho duas lindas galinhas e um galo apaixonante!. Estão botando (galados) e não sabia o que fazer. Já entendi que a presença do galo requer maior número de fêmeas e, para garantir a mesma espécie pretendo que choquem seus pp ovos. Você me orientou em , basicamente, tudo. Eu já preparava jardineiras com milho, para brotarem, Vou aprimorar. Vou aprimorar muita coisa! Obrigadíssimo.
ResponderExcluirdaqui não sai, estou emprisionado com tudo que fazem em prol da natureza...
ResponderExcluirLivre, solta, feliz e produtiva... e exposta aos predadores... Crio galinhas e já perdi inúmeras (mais de 150) para predadores... Tem que colocar tela grossa e CERCA ELÉTRICA... ou criar em lugar que não tenha nem cachorro doméstico...
ResponderExcluir
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Nome do credor: Sr. Oliver Wilson.
Email do credor: Oliverwilsonloanfunds@gmail.com
muito bom ....interessante.....foi muito útil ....obrigado
ResponderExcluirSó gostaria de lembrar que em nenhum tipo de criação de aves é fornecido hormônios na ração
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