Antônio Roberto Mendes Pereira
A natureza precisa fazer parte verdadeiramente da vida das pessoas, especialmente das que vivem nos grandes centros urbanos. A conexão entre homem e natureza precisa ser aumentada. E uma das formas para essa reconexão é por meio do contato direto com a natureza através do plantio de cultivos nos mais variados espaços da casa. Tenha certeza, que, com criatividade, sempre irá caber mais uma planta.
Otimizar os espaços deveria ser uma palavra de ordem, pois a cada dia a população vem preferindo morar nas cidades, e o preço do m² de chão vem alcançando preços absurdos. Os valores econômicos alcançados destes espaços urbanos levam muitos a se desfazerem de locais onde a natureza era dona absoluta para dar lugar a construções. Fazendo com que desapareçam cada vez mais os espaços naturais, e o cimento vai ocupando o restante dos espaços de natureza que ainda restam. Sabemos que é difícil controlar este “desaparecimento” destes locais de natureza, então como medida paliativa venho propor neste texto a otimização dos espaços que ainda resistem em não se tornar cimentado, como também propor idéias de aproveitamento de espaços, mesmo que já transformados em locais de não natureza.
Existindo luz natural, é possível preparar espaços para a produção de alimentos. Os demais componentes podem ser oriundos de fora. O solo pode ser trazido, preparado e estimulado a produzir, através do plantio de uma infinidade de cultivos, quer sejam comestíveis, ornamentais ou até de uso medicinal. Temos que entender que quanto mais verde tenha a casa mais estamos ajudando a aumentar a relação estremecida entre homem e natureza e ainda agregando valor aquele m² tão desejado pelo mercado.
Ocupar espaços sem vida colocando vida é a principal estratégia que se quer com este texto. O brinde que se vai ganhar com esta atitude são as belezas produzidas pelas plantas cultivadas. Uma hortaliça, uma flor, um fruto, todos são presentes que se ganha, além da estética criada pela presença destes seres verdes e coloridos. Faça como a menina do DEDO VERDE. Plante sempre mais. Ocupe mais espaço com o verde vivo.
Muitas pessoas buscam criar cães, gatos e poucos optam por adotar, ou criar uma planta. Estas, são sempre “escanteadas”, não sei se porque não emitem sons, não latem, não miam. Ambas são obras da natureza. E cada uma tem sua forma própria de manifestar sua presença e de encantar quem dela se aproxima, basta mais um pouco de sensibilidade.
Com as plantas temos a facilidade de não precisar colocar diariamente comida, apenas um pouco de água, não precisamos dar banho, são pouco exigentes, e com um pouco posso produzir muito. Como exemplo: com um grão de milho veja quantos grãos pode ser produzidos pelo resultado do semeio deste grão.
Sabemos que não são todos os espaços em que se consegue criar um animal, mas as plantas até em um cantinho, em uma parede ela mostra competência produtiva.
BORDAS COMO ESPAÇO DE USO
Na permacultura o principio de borda deve ser bem utilizado. Borda como limite entre dois ambientes diferentes, o limiar deste é a borda, por exemplo, entre o alto e o baixo tem o médio, entre o quente e o frio, tem o morno, entre o grande e o pequeno, tem o mediano. Normalmente nas bordas a riqueza de diversidade é maior, pois além de ter representantes únicos daquele espaço, ainda contém elementos dos dois ambientes que formaram a borda, logo a diversidade tende a ser maior. Com este entendimento precisamos criar o máximo de bordas, aproveitando o limiar entre os espaços que possa existir, quer seja no campo ou na cidade. O muro é uma grande borda que precisa ser aproveitado da melhor forma.
Em cima do muro ou mesmo na parede deste muro, desde que bem planejado pode servir de um ótimo espaço para produzir uma infinidade de plantas comestíveis ou não.
A criatividade precisa ser aguçada, para se criar elementos que possam receber as plantas. As paredes já são muito utilizadas para uma infinidade de utilidades desde o criar passarinhos em gaiolas penduras até o uso de adornos domésticos como quadros, pranchas, etc.
O uso deste espaço, muro e ou parede recebe uma nomenclatura no meio agronômico de agricultura de lugar. É preciso muita criatividade para saber equacionar:
O Espaço que se tem;
A Luz oferecida pelo sol;
O Solo que se tem ou que se importou;
E a água.
A resolução desta equação é a produção. Como diz o técnico em agroecologia Geraldo Barbosa “A agricultura é a pergunta, e a colheita é a resposta”. Logo, nestes pequenos espaços a agricultura só pode responder quando esta equação é resolvida satisfatoriamente bem.
Transformar as paredes ou muros em canteiros de produção exige o uso de tecnologias adequadas. Vejamos algumas idéias que podem ser copiadas ou até servirem de inspiração para novas criatividades e adequações.
A permacultura tem esta preocupação de ocupar os espaços de forma sustentável, ocupando sem gerar mais gastos com energia e sim aproveitando a que já existe, direcionando e redimensionando a energia do local de forma eficiente e eficaz, onde a energia aplicada seja menor ou igual aos produtos e serviços por ela gerados. E o uso da borda é uma excelente estratégia, de uso eficiente da energia.
O USO DA TRELIÇA COMO SUPORTE PRODUTIVO
A treliça é uma tecnologia que se pode consorciar com o princípio de borda. Ela cria componentes produtivos de forma que as plantas podem subir com facilidade, utilizando o espaço vertical. São muito utilizadas como suporte de decoração em festas e até em ambientes domésticos, unindo estética e aproveitamento de espaços. Servindo também como espaço de limite e divisão, gerando em alguns casos privacidade.
TODA BRECHA PODE SER APROVEITADA, APROVEITE
Esta é a ideia, não perder espaço para o cimento, e sim ocupar até os espaços por ele ocupados. A vida tem que se sobressair diante do inativo, do imóvel.
OS VASILHAMES COM CAPACIDADES PRODUTIVAS
Muitas embalagens podem ser utilizadas para a produção de cultivos na prática da agricultura urbana e de lugar. Várias vantagens podem ser alcançadas com o uso destes invólucros, vejamos alguns:
· Pode-se ter uma versatilidade na prática do princípio de borda, pois facilmente consegue-se mudar o vasilhame de lugar, criando novas bordas. A praticidade de trocar de lugar ajuda na criação de novas bordas, ajudando criar micro climas que aumentam a diversidade do espaço.
· Com o uso destes vasilhames consegue-se ocupar uma variedade de espaços muito grande sem ter grandes dificuldades na montagem, é só arrumar distribuindo os vasilhames de forma que todos tenham acesso à luz natural, se possível em 80% desta luz.
· Encurta a distância entre o vaso e a mesa. A produção de alimentos complementares perde distância, pois se pode até levar o vaso à mesa, tendo seus frutos sendo colhido o mais perto do prato. Embeleza e alimenta sem ter que ir para a geladeira.
Beleza verde, viva, aprecie!
Não se esqueça de adequar o recipiente ao que se quer cultivar, pois os sistemas radiculares mudam de planta para planta. Umas exigem recipientes maiores, enquanto outras com pouco volume de solo, já são capazes de produzir.
Na montagem de um jardim comestível utilizam-se muitas estratégias como: a diversidade, a mistura, a identificação onde localizar, a mistura ideal dos tamanhos, das cores, das necessidades. Sem estas estratégias torna-se complicado os resultados produtivos. O bom senso, a intuição e a lógica biológica da cultura são detalhes que fazem a diferença.
Tente se comunicar com as plantas, elas expressão o que sentem, passam, e querem. Nós utilizamos a fala, elas utilizam outros meios, observe.
22 de março de 2012
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