Antônio Roberto Mendes Pereira
Eles estão presentes em quase todos os lugares, quer seja nos espaços urbanos ou rurais, fazem parte da nossa vida cotidiana, e com certeza estão presentes em maior quantidade, quando comparado com os demais seres vivos. Estão presentes em ambientes limpos e sujos, poluídos ou não. Podem ser responsáveis pelo extermínio ou equilíbrios de muitas espécies.
São responsáveis por uma infinidade de tarefas ou funções que fazem a diferença no planeta. Mas, normalmente são ignorados por não serem vistos a olho nu e com muita facilidade.
Assumem um importante papel no início da vida e no fim. Sem eles, muita coisa deixaria de acontecer, inclusive muitas vidas se extinguiriam se não existisse sua presença. Sem eles o planeta entraria em um caos, como frisado anteriormente, muitas das funções mais importantes para a perpetuação da vida no planeta necessita de sua presença realizando tarefas inimagináveis.
Foram e são as primeiras espécies de vida que surgirão no planeta além de serem as formas de vida mais simples e menos complexas. Sem eles quase nada começa como também sem eles quase nada termina. No evangelho diz “Tu és pó e ao pó voltaras” para se alcançar este estágio de chegar a ser novamente mineral (pó) precisa do trabalho destes microorganismos.
Este texto pretende elucidar a importância destes microorganismos e da sua vida microscópica, seus relacionamentos e conexões, funções e necessidades para se ter um ambiente equilibrado. Irei dá foco ao trabalho destes micros seres na agricultura e em especial ao trabalho desenvolvido por alguns representantes na agricultura familiar, que quando tem sua presença de forma equilibrada garante uma infinidade de produtos e uma economia mais sustentável e constante, facilitando a vida de muitas famílias.
A PRESENÇA DOS MICROORGANISMOS NA AGRICULTURA
Em relação à agricultura sua ausência representa a não produção, e seu desequilíbrio representa perda produtiva através das pragas e doenças. Logo, a presença equilibrada destes permite safras abundantes e de ótima qualidade.
O constante equilíbrio da fertilidade do solo depende quase que exclusivamente da ação de várias espécies de microorganismo sobre a matéria orgânica. Eles são os grandes responsáveis pela decomposição de toda matéria orgânica dos ecossistemas. Desmontam toda rede complexa de órgãos, tecidos e células, deixando como resultado final os minerais livres para compor uma nova forma de vida. A decomposição rápida ou lenta esta diretamente relacionada a diversificação e a quantidade destes microorganismos presentes no solo. Um solo pode ser considerado morto ou estéril quando a presença destes microorganismos é irrisória, ou melhor, insuficiente para que os processos de decomposição possam ser iniciados e ter continuidade. A presença ou ausência de água também é um condicionante para o bom desempenho nas funções exercidas por esta fauna microscópica.
O grande propósito é manter o solo com grande presença de matéria orgânica em todas as fases da decomposição, isto garante a presença de uma fauna microscópica diversificada e bastante ativa. A diversidade do ambiente em especial da diversidade de plantas, vão contribuir no abastecimento de uma manta (capa) de matéria orgânica também diversificada que consequentemente irá alimentar uma grande diversidade de vida microscópica, gerando um equilíbrio benéfico constante, onde todos ganham. A equação formada pelos seguintes componentes água, solo, planta e matéria orgânica precisa permanentemente está sempre em resolução de equilíbrio, para o bom funcionamento de todo o sistema agroecológico.
Hoje no mercado já existe formulações de compostos de microorganismos para ativar diversos componentes, não vejo necessidade dessa compra, pois se criando as condições favoráveis estes microorganismos irão surgir e se desenvolver.
Sem a presença de microorganismos não se pode realizar uma boa compostagem. Ela exige a presença em todas as fases da decomposição da matéria orgânica, e para que isto aconteça é necessário um bom manejo da FAUNA e da FLORA microscópica na compostagem. É claro que existem espécies de microorganismos mais especializados em determinada fases da decomposição, outros são mais ativos, outros mais lentos, logo se tendo o conhecimento desses através de algumas espécies poderemos facilitar seu aparecimento e desenvolvimento.
Para ser um bom agricultor que utiliza os conhecimentos agroecológicos não necessita necessariamente saber os nomes e as funções dos microorganismos, lhes basta facilitar sua presença e desenvolvimento. Permitir que estes possa atuar nas mais variadas tarefas de uma propriedade rural é o que torna-o um agricultor supremo. Saber da importância destes microorganismos em todo processos produtivos e de manutenção de vida é outro fator que o torna novamente o um agricultor especial, e com visão apurada de natureza e da natureza dos processos.
EVITANDO-SE OS DESEQUILÍBRIOS COM EQUILÍBRIO
As pragas e enfermidades na sua maioria são causadas por desequilíbrios dos sistemas. As condições adversas para uma determinada espécie pode acarretar o desequilíbrio da teia alimentar na qual estes microorganismos fazem parte. Facilitando o desenvolvimento de uma espécie em detrimento ou desaparecimento de outra. Na natureza este controle acontece espontaneamente, o equilíbrio é dinâmico, constante, inesperado, rápido e eficaz e eficiente, porém segue outra lógica, sempre esta querendo defender e equilibrar tudo que se encontra naquele ambiente, diferente do agricultor que sempre que defender unicamente a lavoura que está cultivando. Torna a cultura que se está cultivando em mais uma planta no sistema de diversidade do espaço é o caminho para o equilíbrio de sobrevivência e de sustentabilidade. Encontrar a quantidade e as condições necessárias e adequadas para fazer a introdução dos cultivos em um espaço o mais natural possível é o que se deve pleitear para se alcançar de forma constante e permanente.
O controle biológico é uma grande estratégia para a prevenção e controle de pragas e enfermidades, porém sempre se levando em consideração que as pragas e as doenças, na sua maioria são causadas por erros no manejo do sistema. Em todo sistema deve existir insetos e microorganismos, mas os desequilíbrios devem ser evitados, pois eles corroboram nos sistemas cultivados para as perdas de produção.
O controle biológico pode ser espontâneo ou provocado, atualmente existem no mercado, várias tipos de iscas vivas, feromônios, ovos de insetos que quando colocado corretamente nos ambientes de cultivos provocam os controles necessários permitindo que os insetos ou seus outros estados de latência saiam da letargia.
Os microorganismos também contribuem no preparo de vários alimentos consumidos por nós, como exemplo muitos dos derivados do leite como iogurte, queijos, coalhadas, bebidas lácteas entre outros. Para que o leite coalhe (fermente) os microorganismos precisam estar presentes.
Uma boa cachaça também precisa ter seu insumo principal o caldo da cana de açúcar fermentado, e mais uma vez os microorganismos fazem a diferença na elaboração desta bebida tão conhecida no meio rural.
Alguns inseticidas e adubos (biofertilizante) a base de plantas também precisam entrar em fermentação para terem seus princípios inseticidas ativados.
Como vemos a interação ou conexão ou até parceria como queira chamar se faz necessário para se ter uma vida equilibrada e porque não dizer mais sustentável. Os microorganismos devem ser visto como uma grande fonte de vida que ajuda a aumentar, limpar, ativar, concluir, contaminar entre outras funções que eles podem executar. Precisamos aprender a manejá-los para que possamos desfrutar dos seus maravilhosos trabalhos. Inicie o ano contribuindo para o aumento desta parceria tão necessária.
22 de janeiro de 2013
Boa noite Roberto,
ResponderExcluirSeu texto me fez estudar/pesquisar um pouco mais sobre microorganismos. De fato, eles têm um papel muito significativo no equilibrio da vida.
Parabéns!
Valdiane
Valeu Valdiane, a natureza sistematizada pela Permacultura nos ensina muito. Trás explicações fantásticas.
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