Antônio Roberto Mendes Pereira
O planeta está enfrentando uma crise possivelmente existencial, que recebe uma grande contribuição do comportamento cultural que a maioria da população aceita, e operacionaliza no dia a dia. O uso abusivo dos recursos naturais é perceptível, não precisa ser um biólogo ou um ambientalista atuante para perceber tal atitude, está nos sintomas que se sente no nosso cotidiano, ou melhor, no cotidiário.
É inadmissíveis determinadas posturas em relação ao uso da água, do descarte e dos desperdícios das nossas necessidades (lixo), das opções de escolha de moda, de músicas, de supérfluos, de gasto de energia com a compra de eletroeletrônicos, de comportamentos, de posturas diante de.
Alguns hábitos urbanos de necessidade de contanto com a natureza, levam os urbanoides a querer ter vegetais, plantas nos seus espaços de habitação, mas terminam por escolher por falta de mais informações plantas que esteticamente são fantásticas, lindas, harmoniosas com as decorações dos espaços projetados, mas que estão longe de servir para que a espécie humana possa atender as suas primeiras necessidades básicas de sobrevivência, que é o ALIMENTO.
Embelezamento sem saciar a principal necessidade humana, a fome. Em muitos casos existe a capacidade instalada todos os insumos necessários para diminuir o hábito/vício do comprar produzindo nos seus espaços parte da sua alimentação, mas termina-se optando por utilizar estes insumos apenas no embelezamento destes espaços.
Muitos dos hábitos urbanos já estão chegando às comunidades distantes dos centros, as comunidades rurais. As propriedades estão se apropriando de hábitos que vão de encontro às formas tradicionais e naturais. O querer ter verde para embelezar termina por gastar tudo mais. As plantas ornamentais bebem, consomem, dão despesas e terminam por usufruir tempo e de mão de obra e muito defensivos químicos são utilizados para se manter protegidos e vigorosos. Gastasse água para manter o bonito sem atender a demanda do comer, do saciar a fome. O costume rural de se ter jardins em biomas frágeis é postura adversa, costume urbano vindo de fora, que vai de encontro ao que se tem ao que se pode, e ao que é permitido ecologicamente falando.
Este hábito urbano/rural termina por ser e fazer parte da cultura rural. Manter gramados verdes, bonitos no entorno da casa traz consequências de gastos inconsequentes. Deixar de produzir alimento para simplesmente produzir beleza é processo incondicional, inaceitável em algumas condições.
Na crise ambiental que estamos enfrentando, os jardins por mais que sejam bonitos, e encantadores, são ecologicamente incorretos do ponto de vista de intenção do uso. Este texto traz a necessidade de se repensar o uso dos espaços de forma que estes possam cumprir além da estética, outras funções que possam trazer economias de todas as energias necessárias e economias possíveis.
Este tipo de hobby pode já ser considerado um tipo de agricultura a dos gramados domésticos, e que vem aumentando consideravelmente. Muitos veem o contato com a natureza praticando este tipo de agricultura. Algumas pessoas ao praticarem este tipo de agricultura acham que estão ajudando a natureza, mas esquecem dos insumos que são utilizados para a manutenção destes espaços. Consomem muito químicos, água e energia. São uns monstros com um apetite insaciável. Na Califórnia para se ter uma ideia, 14% da água de primeira classe, potável é usada na manutenção dos gramados.
Quem foi que disse que jardins comestíveis são feios? Podem ser até mais bonitos que os tradicionais, pois foge do comum, da cor única das flores e se ganha às cores dos frutos. A cor violeta da berinjela, do vermelho do tomate, do roxo do repolho, do amarelo do pimentão, do verde da alface, quanta cor acompanhada de alimento, de saúde que se pode ingerir em uma salada.
Os contrastes se fazem com a distribuição destas espécies no espaço que se tem de forma planejada, o tom sobre tom é você quem dá na arrumação destas. A natureza não separa plantas ornamentais das plantas de frutos e frutas, todas estão juntas e misturadas tornando o espaço completo, funcional e belo.
O consorcio de plantas ornamentais com plantas comestíveis são bem aceitas por ambas as espécies. É uma combinação que ajuda uma a outra. Estes espaços saem da lógica do simplesmente embelezar, o bonito entra diminuindo os custos de manutenção, pois o belo sai do jardim e vai à mesa não só para enfeitar, mas também para alimentar.
CAPTURE AS ÁGUAS CINZA DA CASA
Toda casa ao utilizar boa parte da água transforma-a em água cinza ou até negra. E todo este capital hídrico que poderia ser reutilizado é destinado às fossas sépticas, sendo desperdiçadas e transformadas em poluição. Já imaginou na sua casa quanto é produzida de água cinza e negra por dia? E o que você faz com ela? Qual o destino dado a ela?
Toda esta água poderia ser capturada, processada e reutilizada para você irrigar seu jardim, obtendo com isto beleza e alimento. Sem ter utilizar uma determinada quantidade de água pura, potável. Em muitas casas da zona rural este desperdício contamina o entorno da casa além de tornar o espaço feio e mal apresentável.
REDUZINDO O CONSUMO DE ÁGUA E MANTENDO A QUALIDADE E A BELEZA DO ESPAÇO
Utilize os dois princípios mais importantes para a água: reduzir e aumentar a quantidade e a diversidade de vida.
· Reduzir o consumo de água e reutilizá-la o maior número de vezes possível antes de sair do seu sistema.
· Assegure-se que a água seja biologicamente limpa e filtrada pelo seu sistema antes de sair do seu terreno ou quintal.
· Use filtros nas saídas das mangueiras e limpe-os regularmente.
· A melhor maneira de reutilizar água doméstica é armazenando-a em biomassa, que são as plantas e animais do jardim.
· Troque os insumos de limpeza por produtos biologicamente corretos.
Faça o possível e o impossível para transformar os espaços dos jardins de forma que eles possam transmitir beleza, consorciado com alimentos. Transforme o gasto de água já existente em algo que possa aumentar a segurança alimentar da família. Alimentos que você come e tem certeza que está comendo saúde, comendo alimentos biologicamente completos, e que lhe proporcione o atendimento de várias necessidades nutritivas e funcionais. E sempre esteja atento para uma frase celebre de M. Ghandi.
“A natureza pode satisfazer todas as necessidades do homem, mas não a sua ambição”
06 de julho de 2012
Amigo Roberto,
ResponderExcluirEm primeiro lugar,meus parabéns pela beleza de blog e de trabalho,que vc realiza.
Com certeza seu blog é um dos mais completos que já visitei.
Veja bem...Eu sou um "matuto",que nasceu e criou-se no semiárido paraibano(na região mais árida do país:Cabaceiras,PB)e desde sempre tentei mudar a realidade local,com idéias simples e de fácil entendimento;mas infelizmente é muito difícil,mudar a maneira de viver e de ver as coisas de uma população;principalmente,sendo um "Zé ninguém'.
Após muitos anos de luta,resolvi enfrentar um curso superior e hoje sou aluno do curso de Ciências Agrárias(UFPB).
Nunca vou deixar de ser "matuto",pois essa condição está em meu DNA.
Realmente pretendo usar meus conhecimentos(que vou adquirindo ao longo do curso e de uma pós-graduação,que farei)para melhorar a realidade de minha região...sei que continuarei enfrentando muitos desafios,mas espero vencer todos,e ver meu torrão,convivendo com as constantes estiagens,de forma sustentável...
Quanto ao meu blog...Ele talvez seja o mais simples desse mundo virtual,pois apenas coloco ali alguns sonhos ,desejos e anseios,que pretendo tornar reais.
Ao acessar meu blog, percebe-se logo de cara,a forma simples como trato as questões.
Abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.